Prédica: Mateus 24.15-28
Autor: Ulrich Schoenborn
Data litúrgica: Antepenúltimo Domingo do Ano Eclesiástico
Data da Pregação: 11/11/1979
Proclamar Libertação – Volume: IV
I — Introdução
Os textos no fim do ano eclesiástico geralmente confrontam a comunidade com o pensamento apocalíptico da primeira comuni¬dade cristã.
Pergunta: O ano eclesiástico exerce muita influência além dos costumes no Dia de Finados?
A comunidade cristã confessa em cada culto a confiança na vinda de Cristo e roga, no Pai Nosso, venha o teu reino.
Pergunta: Quem pode falar de sã e séria consciência MARANA THA = Senhor, vem! (1 Co 16,22)?
Ao nosso redor reinam os valores do progresso e da evolução. O que não se submete às regras da produção é eliminado ou colocado sob suspeita de subversão.
Pergunta: Quem paga o preço do progresso?
Além de ser substituível por especulação ou imaginação irreal, a argumentação apocalíptica desafia a razão secular bem como a vivência da fé. Ouve-se na conversa do povo o seguinte: É, acho que você tem razão, Deus é grande. E sendo grande, poderoso, um dia Ele vai acabar dando um jeito nessa bagunça toda. Mas é bom esperar sentado, porque Deus não tem pressa (Pontes, p. 17).
II — Considerações exegéticas
1. A perícope se compõe de três blocos:
vv. 15 – 22 admoestação e consolo
vv. 23 – 25 anúncio dos falsos profetas e cristos
vv. 26 – 28 aviso da vinda do Filho do homem.
Mateus segue, nos vv. 15 – 25, o relato de Mc 13.14-23 e ressalta as admoestações, acrescentando palavras provenientes da fonte Q (cf. Lc 17.23,24,37). Nas divergências Mateus só quer aprofundar ou especificar o relato básico.
2. A nossa perícope pertence a um discurso escatológico ou, como foi também classificado, a um folheto apocalíptico que causou a fuga da comunidade (judeu-) cristã de Jerusalém para Pella (região a leste do Jordão). Naquele tempo de guerra (66-70 d.C.) entre judeus e romanos as ações bélicas assumiram extensão horrível. O escritor do folheto adota a linguagem apocalíptica da fé judaica para interpretar a situação e justificar os seus conselhos. Explicitamente é citado o profeta Daniel (cf. Dn 9.27; 11.31; 12.11).
Para Mateus essa guerra que culminou na destruição do templo já é passado. O seu interesse tende para o futuro, o que é frisado pelas formas gramaticais dos verbos e por certos acentos (cf. v. 20s). O passado trouxe o juízo sobre Israel. Agora é iminente o julgamento do mundo todo, quer dizer, a parusia do Filho do homem vai acontecer logo e sem limitações nacionais.
Na época de Mateus a expectativa da vinda iminente de Cristo ainda está viva e coloca a pergunta quando sucederá isto? (cf. v.3). Para o evangelista o tempo é transparente e os acontecimentos falam uma linguagem óbvia. Por isso ele se serve de argumentos apocalípticos para responder aos anseios, dúvidas ou perguntas céticas. Conforme vv. 10ss a comunidade não aparece em moldes ideais. Mostra bastante desintegração e falta de fé. Baseado nestes fatos, Mateus começa a argumentar e a dar orientação.
O fato de que a redação de Mateus, o relato de Marcos e o folheto básico se encontram no mesmo texto traz consigo uma certa tensão entre as frases e cria dificuldades lógicas. Mas queremos focalizar principalmente a intenção de Mateus.
3. O v.15 pressupõe a divulgação do folheto por escrito. Todo o que conhece as predições de Daniel e suas correspondências históricas compreenderá logo. Mas o que é o abominável da desolação? Em todo caso, trata-se de uma profanação do templo no tempo dos Macabeus, que Daniel apontou e que se repetiu mais tarde na guerra judaico-romana. Provavelmente uma imagem de César, uma estátua, foi colocada no lugar santo para ser adorada. Ambos, tanto os judeus como os primeiros cristãos, não aceitavam a exigência de reconhecer o imperador como Deus. Mas eles tinham só a alternativa entre a morte e a traição da própria fé. A única saída deste dilema era a fuga imediata e rápida. Por isso “os na Judeia” , v.16, a saber, os cristãos, devem buscar proteção em lugar seguro, se for possível. Nas cidade ninguém pode garantir a segurança.
Os vv. 17s abordam de maneira casuística dois exemplos. A intenção é descrever a situação horrível e as impossibilidades de preparar, arrumar ou organizar alguma coisa. Quase não existe chance nenhuma de escapar. O leitor certamente se lembrará da narrativa sobre a fuga de Ló e do destino que a sua esposa sofreu (cf. Gn 19.17).
O v. 19 se preocupa seriamente com aquelas mulheres que são especialmente atingidas por estarem grávidas ou serem mães. Finalidade deste versículo é sensibilizar para a extensão do horror e do sofrimento.
O v. 20 mostra que Mateus olha para o futuro. A fuga dos crentes é certa, só que ninguém sabe quando vai acontecer. Pode ser no inverno, pode ser num sábado. Ambas as datas são muito inconvenientes. Por isso, a exortação orai para … não se dê. A menção do sábado tem despertado muita reflexão. Uma interpretação diz que naquele dia os cristãos podem ser identificados facilmente, porque não observam mais a lei judaica. Outra interpretação vê aqui um acréscimo de Mateus que escreve para judeu-cristãos. Este grupo ainda vive no contexto judeu, entende-se como verdadeiro Israel e observa conseqüentemente a lei. Por outro lado, está envolvido em conflitos religiosos com os fariseus e com o rabinado (cf. Mt 23), que questionam profundamente a identidade do grupo.
A tendência patente nestes versículos é a de impor um pensamento realista. Os cristãos não têm condições de suportar por muito tempo a situação cruel. É inútil esperar uma solução milagrosa. Em seguida, v. 21, uma manifestação profética circunscreve a singularidade do momento. O caos não terá similar, quer no passado quer no futuro. O mundo cairá praticamente no estado anterior à criação. Por detrás da linguagem está mais uma vez o livro de Daniel (cf. 12.1).
Com um certo consolo entra o v. 22: Os dias foram abreviados, a saber, Deus (Mateus usa uma construção no passivo) interveio em favor dos seus. Eleitos representa a auto-definição dos primeiros cristãos em contraposição ao mundo.
Com esta palavra poimênica Mateus conclui uma argumentação, com a qual conduziu a comunidade até a beira da imaginação possível. Sem dúvida as experiências da situação, o sofrimento e o ambiente hostil levaram a esta visão das coisas, baseada na Escritura.
Os vv.23-25 estão numa certa tensão em relação aos versículos anteriores. Ser perseguido dificilmente se coaduna com seguir falsos profetas. Este aviso se encontra neste lugar porque o pensamento apocalíptico prevê falsos messias e profetas (cf 24.5.11; 7.22) para os últimos dias. Eles se erguem, prometem a salvação e exigem adesão. Entusiastas de todos os tempos querem fascinar o povo de Deus e identificar a causa de Deus com algum programa revolucionário (cf. Schweizer, p. 296). O historiador Josefo informa sobre movimentos messiânicos daqueles dias e descreve também o fracasso dos mesmos.
O trecho quer alertar contra esses entusiastas da parusia. A comunidade reconhecerá logo a falsa exigência e não acreditará na tentativa de localizar, regionalizar ou identificar o messias. Ela deve ser vigilante a respeito de todos os sinais e maravilhas. Os acontecimentos fantásticos são suspeitos de serem enganadores. As palavras não aludem a nenhum movimento ou figura em especial. Falam de maneira generalizada. Com isso, Mateus deixa aberto o futuro. Na mesma linha permanece o v.25. A tentação vai ser grande por causa da ambiguidade dos eventos. Com material da fonte Q (cf. Lc 17.23s) Mateus enriquece o panfleto apocalíptico. Devemos constatar que em Lc 17 a localização do messias no tempo e no espaço é rejeitada absolutamente. Não existem sinais que anunciam a sua presença. A sua vinda, pelo contrário, caracteriza-se por seu aspecto surpreendente e repentino.
Certas correntes judaicas esperaram a aparição do messias no deserto, v.26, em analogia ao tempo de Moisés. Esse novo Davi libertaria o povo da opressão dos romanos e restauraria a nação. Uma segunda corrente acreditava no messias abscôndito (cf. Jo 7.27) e aspirava descobri-lo e tirar todos os obstáculos que impedissem a atuação do tão esperado.
Contra essas correntes, Mateus diz não saiais e não acrediteis.
A comunidade não deve ouvir acriticamente aquelas vozes Não vai encontrar nada no deserto ou nos lugares retirados, a não ser ruína. Ela tem que permanecer na expectativa do Filho do homem, v.27. Esta é a consequência positiva da exortação. Mateus pressupõe a identidade evidente do Jesus de Nazaré com a figura apocalíptica chamada Filho do homem. Se ele vem, isso não ocorrerá num recanto determinado, mas num acontecimento universal e cósmico, A imagem do relâmpago acentua isso enfaticamente.
O v.28 foi originalmente um dito independente. No contexto atual, o trecho traz um fato que é muito comum na natureza para frisar a lógica inerente à parusia do Filho do homem. Em aberto fica se o dito alude a eventos contemporâneos ou ao juízo.
Resumindo, podemos dizer: Mateus não leva a especulações quanto à vinda do Filho do homem, mas chama a comunidade a ser vigilante. Tenta revigorar a expectativa da vinda iminente de Cristo e um comportamento adequado, porque conta com o juízo final. A observação de que ele trata deste mesmo assunto até 25.46, em ditos e parábolas, demonstra qual era o ponto nevrálgico na comunidade. Ao mesmo tempo, frisa o interesse histórico e a responsabilidade de Mateus para com a vivência da fé.
III — Reflexão sistemática
1. Ouvimos muitas vezes a constatação de que o pensamento apocalíptico só tem lugar vivencial em grupos marginalizados ou sectários. Mas este fenômeno é mais atual do que se pensa. Na sociedade encontramos hoje em dia duas maneiras diferentes de pensar ou argumentar apocalipticamente, sem se basear nos textos bíblicos.
A primeira maneira aparece na classe burguesa em moldes de lamentação e manifestação pessimista. Perante uma cultura, filosofia e teologia que tentam a renovação da sociedade e buscam novos valores ou pelo menos a reivindicação dos antigos, esta camada defende só o status quo e seus privilégios. E para justificar isso chama o outro lado de apocalíptico e criador de caos. Para este pensamento, apocalipsismo é uma categoria do não-lícito, da subversão, da desordem. Uma ameaça à chamada paz e segurança, que deve ser liquidada custe o que custar.
Uma segunda maneira anuncia-se na mencionada citação de M. Pontes (cf. acima parte l). Pessoas simples expressam com aquelas palavras a miséria do dia a dia, o peso das frustrações e do sofrimento. Elas esperam do dia de juízo uma mudança fundamental, recompensa pelo-perdido ou extorquido. Protestam contra as condições de vida e produzem ao mesmo tempo um ópio para suportar essas condições. O perigo desta atitude é que seres humanos se tornam vingativos e passivos e adotam as mesmas visões como seus opressores.
Como relacionar a mensagem do texto a tais maneiras de pensar? Como focalizar a força transcendente do apocalipsismo bíblico para enfrentar ideologizações?
2. Mateus desdobra explicitamente a relação entre a eclesiologia e a expectativa da vinda iminente de Cristo. A comunidade só tem condições de se definir, em vista do Cristo vindouro, do juiz e salvador. O fato de ser perseguida dirige os pensamentos numa direção escatológica. Num ambiente hostil a ansiedade pelo alivio é coisa natural.
Com Jesus de Nazaré a situação do mundo mudou-se totalmente. Esta convicção, baseada na experiência, fundamenta a vivência da comunidade. Ela se orienta peia palavra e pela atitude deste Jesus; ela permanece no amor e na justiça. Com isso faz com que o ódio e o mal se sintam desafiados e reajam com toda força.
A nossa comunidade não é perseguida mas vive num mundo que é hostil apesar de se chamar cristão. Ela compra briga, no caso de dizer a verdade a este mundo, de seguir o chamado deste Jesus. O verdadeiro discipulado logo recebe um cunho escatológico e não pode prescindir desta força transcendente. Considerando isso, percebemos que a questão não é mais a alternativa entre o pensamento mitológico e o moderno-iluminístico, mas o reconhecimento da limitação do tempo e da existência. Também surge a necessidade de definir um argumento que enfrente o fato de existir o mal no mundo, apesar da bondade de Deus (teodiceia). A esperança da vinda da Cristo afirma que o algoz não triunfa sobre a vítima (M. Horkheimer). A esperança de que todas as lágrimas serão enxugadas contrabalança todo sofrimento (cf. Ap 21.4), por mais paradoxal que isso seja. Levando a sério a intenção poimênica de Mateus, a prédica pode ir também nessa direção de encorajar a comunidade a permanecer no seguimento deste Jesus de Nazaré.
3. Textos apocalípticos implicam riscos e perigos que devem ser mencionados: assumir o texto sem tomar conhecimento da intenção do evangelista; historizar e aplicar ingenuamente os elementos e as ideias figurativas; levar a especulações e não a uma revisão do comportamento; pensar a atuação de Deus a-histórica mente; privatizar o futuro; esquecer que o pano de fundo são experiências sofridas na realidade política.
Além disso, Lutero alerta contra uma tradição de predicas que quer converter pessoas através de visões de horror.
Charles H. Spurgeon (1834-1892; grande pregador batista) confirma; A maioria das pessoas das quais eu posso me lembrar experimentou a salvação não através do medo do inferno mas através dos sons lindos da boa nova.
IV — Subsídios para a prédica
A partir das considerações exegéticas e da reflexão sistemática gostaria de apresentar subsídios que podem ser utilizados na prédica.
1. Discipulado e expectativa
Uma comunidade que testemunha e vive confiança em Deus (cf. hino 188 do Hinário da IECLB), conforme o primeiro mandamento, atrairá contestação. Conformidade com Cristo significa desconformidade com qualquer poder do mundo.
O ódio do mal contra a fé pode ser comparado com o seguinte fenômeno: Pouco antes da reconvalescença, uma doença costuma entrar numa fase difícil. Manifestam-se febre e outros sinais; o caso parece perdido e sem esperança. Contudo, trata-se apenas de uma última revolta da doença. Na verdade, ela está superada. É só uma questão de tempo, de esperança e de perseverança. A vitória já está conquistada, apesar da aparência.
2. Incapacidade de esperar
A farsa Passeio no domingo, do francês Georges Michel, ilustra da seguinte maneira atitudes existenciais vigentes nos dias de hoje:
Uma família burguesa faz um passeio pela cidadezinha onde mora. De repente o lugarejo se transforma num verdadeiro inferno: tiros de fuzil, explosões, guerra civil, terror etc. A avó é assassinada por um transeunte, sem motivo algum. No caminho a família encontra um casal conhecido. Na conversa, em vez de lamentar a morte da avó, a mulher diz: Pois é, o que você quer, são coisas da vida. Todos nós temos que morrer… Não adianta se revoltar contra o inevitável… Um dia todos nós temos que bater as botas mesmo… ninguém escapa disso… cada um vai chegar na vez… mais dia, menos dia, todas as coisas têm o seu fim… atingidos são principalmente os familiares… o jeito é aproveitar cada momento… somos como a poeira levada pelo vento… assim é a vida….
Uma tal atitude é incapaz de esperar, de ser solidária, de sentir alguma coisa. Essas frases são determinadas pela resignação e apatia. Quase não demonstram vontade de viver; permanecem fixadas na mortalidade. A morte parece ser a única força relevante. Não existem valores que mereçam ser vividos ou objetivos pelos quais valha a pena lutar.
3. Fidelidade à terra
Só os que amam a terra e Deus ao mesmo tempo podem crer no reino de Deus, já dizia D. Bonhoeffer em 1932. A partir de uma dedicação decidida ao aquém surge uma fé no além. Cristo não conduz os seres humanos a remotas regiões fora do mundo, mas lhes devolve a terra da qual são filhos. Os que realmente esperam pelo reino de Deus perseveram até o fim, apesar dos conflitos da vida e dos defeitos da sociedade. Permanecem fiéis à terra sem abandoná-la (cf. Bonhoeffer, p. 244s).
Ser cristão, conforme esta visão, significa entrar na luta contra a morte, a fome, a injustiça, e ter esperança ou descobrir a força da ressurreição, participando no sofrimento de Cristo (Fp 3,10). O cristão deve se preocupar com a salvação. Mas o Senhor quer mais do que a salvação particular. Ele não quer só a minha ou a tua salvação. Ele quer redimir todo mundo, quer acabar com toda injustiça e com todo mal, afirmou sempre o socialista religioso C. Blumhardt. O cristão ultrapassa as limitações impostas à fé por interesses de classe.
4. Esperança concreta
Sobre a atitude básica da fé, chamada confiança ou esperança, falam muito os hinos do hinário. No entanto, a prédica deve arriscar uma outra linguagem ligando a nossa situação com a promessa da vinda de Cristo. Quando o cristão fala em parusia (em alemão: Wiederkunft = vir outra vez, vir de novo), pensa em mudança, renovação e transformação fundamental. A expressão outra vez, de novo dá grandes impulsos, Transmite a certeza de que Cristo liberta os presos, cansa o ódio, faz os cansados respirar, faz os que tremem dormir, faz os que sonham agir e os que agem sonhar (segundo D. Sölle: W l E D E R ein Wort aus der neuen Sprache/wir werden es brauchen/ wenn unsere goldenen Trompeten/ die Mauern zerblasen).
O poema A esperança da vinda de Cristo, de J. Maraschin (citado por H. Brandt, p. 62), oferece um modelo de como falar hoje sobre um assunto apocalíptico sem se entregar à tristeza ou ao desespero:
esperamos que tu venhas
como o vento
nesta hora de ansiedade,
e que tenhas
no momento
o sinal da novidade
Esperamos que tu digas
com clareza
a esta pobre humanidade
tão antigas
de beleza
as palavras da verdade
Esperamos que tu vejas
nestes dias
a experiência da amizade
e que sejas
alegrias
numa nova sociedade
Esperamos que tu venhas
bem depressa
destruindo a falsidade
e que as senhas
da promessa
sejam mãos de liberdade.
V — Bibliografia
– BRAKEMEIER. G. A esperança na segunda vinda de Cristo. In: Estudos Teológicos. Caderno 1. São Leopoldo, 1968.
– BRANDT. H. Prestar contas da realidade que há em nós — nas esperanças de hoje. In: Estudos Teológicos. Caderno 3. São Leopoldo. 1977.
– BONHOEFFHR. D. Widerstand und Ergebung. 13a ed. München. 1966.
– METZ. J. B. Kampf um die verlorene Zeit — Thesen zur Apokalyptik. In: Evangelische Kommentare. Caderno 11. 1977.
– PONTES. M. Milagre na Salina. Rio de Janeiro. 1977.
– SCHWEIZER, W. Das Evangelium nach Matthäus. In: Das Neue Testament Deutsch. Vol. 2. Göttingen. 1973.