Prédica: 1 Samuel 2.1-10
Autor: Milton Schwantes
Data Litúrgica: Domingo de Páscoa
Data da Pregação:11/04/1982
Proclamar Libertação – Volume: VII
I
1 Sm 2.1 -10 tradicionalmente era um texto para o 14° Domingo após Trindade (cf. Proclamar Libertação. Vol. 2.- São Leopoldo. 1S77, pp. 176ss): o destaque dado à santidade e à unicidade de Jave no v. 2 há de ter facilitado esta localização no Ano Eclesiástico. Agora este texto — ou melhor: somente seus vv. 1-2,6-8a — está sendo proposto para o Domingo de Páscoa; a formulação do v. 6 (Javé tira vida e a dá) possivelmente induziu a esta ligação com a Páscoa. (A partir do v. 10 — cf. Lc 1.46ss — não se poderia pensar também no Advento?) Tais atualizações podem ressaltar certas partes: o v. 2 no 14° Domingo após Trindade, o v. 6 na Páscoa, o v. 10 no Advento. Mas estes acentos ainda permanecem por demais nas exterioridades; lidam com pedaços do texto. A este fraccionamento sucumbe, também e especialmente, a atual proposta da ordem de perícopes que só requisita os vv. 1-2, 6-8a para a prédica pascal. Inferimos dai que, de modo algum, faríamos bem se insistíssemos em fragmentar o trecho. Afinal, é evidente que ele é uma unidade inteira. Observe-se, por exemplo, que o fim retoma o início, isto e. de erguer a força falam a segunda (v.1) e a última frase (v. 10)). Observe-se, além disso, que todo o texto é perpassado pela questão da força e da imponência:força (v.1), rocha (v.2), trono (v.8), violência (v.9), etc. Estas duas evidências, às quais poderiam ser acrescentadas outras mais, coíbem a fragmentação. Portanto, com vistas à pregação na Páscoa, estudemos o todo de 1 Sm 2!
II
Diante de nós está um salmo de agradecimento de um indivíduo, é a reação a uma experiência salvífica. Tentemos esquematizar:
Inicia com a alegria (v.1) fundamentada em afirmações de peso sobre Deus (final do v.1 e v.2).
Segue-se uma alocução composta de proibições que igualmente estão embasadas em Deus (v.3); tais alocuções são raras em sal¬mo* de agradecimento.
Nos vv.4-5 são enfocadas cenas, nas quais as posições de poderosos e fracos aparece invertida.
Tais inversões são características para o agir divino (vv. 6-8). destronar o forte e elevar o fraco são ações típicas de Deus(vv.6-8), em especial do Criador (final do v.8).
O salmo conclui com visões sobre o agir futuro de Deus (vv. 9-10) proteção do fiel (v. 9), em especial do rei (v. 10), e vitória sobre o infiel,isto é, o violento (v. 10).
Sintetizando: o salmo é encabeçado pela expressão de alegria (v 1), está embasado no ser e agir de Deus (veja as fundamentações, os pois, que perpassam o texto!) e comemora a luta e vitória do fraco.
A tradução (bastante literal) que segue, procura chamar a atenção para o esquema de nosso salmo de agradecimento:
1E Ana orou e disse:
Está contente meu coração em Javé! Está erguida minha força em Javé! Está aberta minha boca contra meus inimigos!
Pois me alegro em teu salvamento.
2Não há santo como Javé.
Pois não há outro além de ti.
Não há rocha como nosso Deus
3Não inflacioneis palavras. multiplicando orgulho! Não saia arrogância de vossa boca!
Pois Deus de muito conhecimento è Javé e maldades não permanecem:
4Arcos de comandantes estão quebrados,
mas enfraquecidos cingiram de força
5Saciados procuraram emprego a troco de pão,
mas famintos festejaram.
A estéril teve sete filhos,
mas quem tem muitos filhos definhou.
6Javé tira vida e a dá, faz descer à sepultura e faz subir.
7Javé empobrece e enriquece, humilha e também exalta.
8Levanta do pó o fraco, do esterco ergue o empobrecido, para dar-lhes lugar entre nobres e um trono de glória os faz herdar. Pois de Javé são as colunas da terra e colocou sobre elas o mundo.
9A caminhada de seu fiel ele guardará mas os maus emudecerão na escuridão.
Pois pela violência o homem não vencerá.
10Os que contendem com Javé serão quebrados O Poderoso trovejará nos céus. Javé julgará os confins da terra dará poder a seu rei e erguerá a força de seu ungido.
III
Lemos poesia. O caráter poético dificulta a compreensão de um texto. Por isso, se torna oportuno que, de um modo mais extenso, estu¬demos seus detalhes e tratemos de pôr à luz do dia seu fio condutor. Vejamos!
1. Alegria é o tom do salmo (vv. 1-2); em quatro expressões diferentes ela é constatada no v. 1. Digo constatada, porque todos os verbos estão no perfeito hebraico que assinala a ação concluída, pronta. Esta alegria não é objeto de apelo; é um dado. Ela abrange toda a pessoa do salmista que, para falar de si, se vale de diferentes expressões: meu coração, minha força (a tradução iiterai seria: meu chifre;. minha boca. Coração e força ( = chifre) assinalam a emoção e a retumbância do louvor. A boca escancarada expressa o desprezo aos inimigos (cf. SI 35.21). Estes inimigos só são aludidos no inicio do salmo; tornar-se-ão bem mais concretos nos demais versículos.
Essa alegria que envolve todo o salmista (coração, força, boca) tem seu âmbito, sua origem, sua plenitude última em Javé. Quando no v 1 se lê, duas vezes, que a alegria ocorre em Javé, então isso provavelmente revela que o salmista se encontra na área do templo (como refugiado?). No sagrado estava protegido (o v.2 fala em rocha!); tinha direito de asilado! Havia, pois, motivos reais para a alegria! No salmo há inclusive uma alusão estilizada a um acontecimento salvífico especial, no qual o autor experimentou Javé. Fala em teu salvamento, tua ajuda. Qual teria sido seu problema: doença, perseguição, pobreza? Miséria parece ter sido a questão, conforme os vv.4-5. Em todo o caso, a experiência salvífica foi vital, pois a partir dela o salmista compreendeu o mistério da fé: a santidade, a incomparabilidade e, em especial, a exclusividade de Javé (v.2). Estas afirmações teológicas são centrais para a Bíblia (Êx.20.1-6; Mc 12.28ss, por exemplo). Há quem centralize todo o Antigo Testamento na exclusividade de Javé. O v.2 é pois a quinta-essência teológica da fé. Dela provém e para ela retorna a alegria. Agir e ser de Deus também perpassam os demais versículos.
Antes de enfocá-los, quero dar destaque a um detalhe destes versículos iniciais. Neles se tala de Javé na 3a pessoa do singular (em Javé' ), na 2a do singular (teu salvamento) e na 1a do plural (nosso l Deus). Por quê? Porque nosso salmo visivelmente não foi composto a partir de um único episódio. Nele estão condensadas diversas experiências. O eu é aqui (e nos salmos em geral) bem mais comunitário do que individual. Por isso Javé é ele, tu, nosso.
2. Também o apelo do v.3 está fundamentado em Javé. O argumento deste v.3 é um pouco diferente que o dos vv. 1-2. Lá tudo culminava na santidade e na unicidade de Deus, aqui é sublinhado o perscrutar profundo e o conhecimento último; em nossa linguagem diríamos a onisciência de Javé, diante do qual o mal não persiste (cf. SI 94.11; Pv 24.12)
O apelo desse v.3 deve estar dirigido aos inimigos, citados no v. 1. Estes inimigos começam a obter contornos mais claros: é gente de muita fala, da inflação da palavra. Mas tudo não passa de verborreia de “orgulho” e arrogância. Quem são estes inimigos concretamente? Os vv. 4-5 nos trarão novas especificações.
3. Os vv. 4-5 não falam de desejos. Citam fatos. Trata-se de fatos porque neles predomina o perfeito hebraico que é (como acima vimos) o tempo da ação concluída. Estes fatos registram cenas que con-trapõem às vitórias de fracos as derrotas de fortes. Sucumbiram as armas dos militares (v.4), a abundância da mesa dos ricos (v.5), a mãe de muitos filhos (v.5). É a derrocada dos símbolos de poder e força: do poderio militar, do acúmulo econômico e da projeção social. Estes são os inimigos, citados no v.1 e admoestados no v.3. Enquanto isso, os fracos ressurgiram: em força militar (v.4), em alimento (v.5) e em filhos (v.5). O salmista há de se estar referindo a acontecimentos históricos, em que os fracos se reorganizaram e, de modo revolucionário, remodelaram a sociedade. Seria uma perda em concreticidade, se ignorássemos na pregação — como a ordem de perícopes sugere — as cenas revolucio¬nárias dos vv. 4-5. São tão históricas e encarnadas que nem falam em Javé!
4. Javé é o assunto dos vv. 6-8. O que os vv. 4-5 formulam historicamente, os vv. 6-8 articulam teologicamente; estes são a teologia da realidade revolucionária daqueles. Não se tendo em mente este contexto, pode-se facilmente desvirtuar os vv. 6-8, que querem apresentar a ação contínua de Deus (no hebraico predominam particípios).
Nos vv.6-7 é enumerada uma série de realidades opostas: morrer e viver, empobrecer e enriquecer, humilhar e exaltar. Javé está relacionado a estes conceitos opostos; isto expressa que ele abarca o todo da realidade: pobreza e riqueza, vida e morte. (Há quem pense que o v.6 até faça referência à ressurreição mas isso é pouco''provável, já que o AT só raramente a ela se refere, cf, Dn. 12.1-4. Para o v.6 a sepultura, o SEOL, é um âmbito dentro da própria vida; é doença, angústia, sofrimento extremo.) Esta afirmação de que Javé envolve o todo dos acontecimentos e o todo da realidade não deveria ser isolada do contexto dos vv.6-7. Se a isolarmos, corremos o risco de dela deduzirmos algum automatismo no agir divino e um fatalismo da vida, no qual são sancionadas como divinas todas as coisas existentes, tanto a pobreza quanto a riqueza. O contexto evidencia que aqui não se quer promover a aceitação de supostas fatalidades. Pois nos vv.4-5 estávamos percebendo a alegria do salmista por poder citar vitórias dos fracos. O mesmo acento vamos reencontrar no v.8: no concreto, Javé tira a vida e a dá ao estar com o fraco e o pobre. Nosso salmo não fala, pois, de um fatalismo conservador mas do um senhorio revolucionário de Deus. Este senhorio não se restringe a marcar presença junto aos fracos. Inclui a promoção de um governo a partir dos empobrecidos (veja a segunda frase do v.8). É interessante que, no final do v.8, esta nova sociedade oriunda dos fracos é sedimentada através de uma referência à criação. Ai podemos redescobrir que, na Escritura, a teologia da criação (cf. o 1 ° Artigo do Credo) não tem a função de sacralizar o existente, a opressão. Também a criação tem que ser lida a partir do êxodo (como G. von Rad mostrou em diversos estudos); isto é. o mundo criado é o mundo para o escravo liberto. Sim, neste salmo podemos redescobrir o quanto nosso jeito de falar de Deus (fé) está relacionado ao nosso |oito de enfrentar os exploradores.
5. Também os dois versículos finais, vv. 9-10, estão centrados na ação de Javé. Nestes versículos o todo do salmo é retomado, amarrado e projetado para frente. (Neles predomina o imperfeito hebraico que é o tempo da ação não concluída.) O salmo todo é retomado, quando e expressa a confiança em Javé que preserva o fiel (v. 9, cf. v.1), quando é acentuado que os maus (v. 9) e os que estão cheios de justiça própria (v. 10) serão arrasados, quebrados, julgados (cf. v. 3, 4-5), quando, até mesmo sem uma referência explicita a Javé (cf. vv. 4-5), é afiançado que pela violência não há vitória (v. 9). Esta gente de violência são 08 inimigos mencionados no início, e descritos de vários modos no decorrer do salmo. E o fiel (observe o singular!) certamente é todo aquele que entoa o salmo, que está na comunhão dos desarmados, famintos, humilhados (vv. 4-5), fracos e empobrecidos (v. 8). Assim percebemos o quanto o salmo é amarrado em seu final. Contudo, nele também se vislumbra algo do novo projeto: o rei e o ungido de Javé. Não deveríamos apressar-nos em identificá-lo com algum rei israelita (Davi?), apesar de que a promessa do v. 10 deve ter alguma relação com os reis históricos de Judá/lsrael. E nem deveríamos querer reencontrá-lo apressadamente em Jesus, apesar de que o nazareno se encontre na tradição messiânica ai assinalada. Importa antes perceber que para nosso salmo, este rei e ungido se encontra na linha dos pobres! Os vv.4.8 já falavam do governo dos fracos! O novo rei é seu símbolo!
6. Uma poesia como a nossa não é fácil de entender. Por este motivo demoramo-nos em perscrutar alguns detalhes. Resta-nos delinear seu fio condutor. Três são as questões básicas deste nosso salmo:
Primeiro: Constata e promove ALEGRIA. Festeja. Se bem que este assunto somente seja explicitado no inicio, ele dá o tom ao todo da poesia.
Segundo: Celebra a vitória do FRACO. De um lado, o salmo conta com fortes: inimigos (v.1), gente de orgulho e arrogância(v.3), pessoas bem armadas (v. 4, 9), alimentadas (v. 5), ricas (v. 7), governantes (v. 8). De outro lado, apresenta pobres: enfraquecidos (v. 4), “famintos” (v. 5), fracos e pobres (v. 8), fiéis (v. 9). A situação é caracterizada pelo conflito entre poderosos e pobres. Nela o salmo festeja vitórias dos humilhados, a inversão revolucionária da situação. Sim, destaca cenas do avanço de sua luta (cf. vv. 4-5).
Terceiro: Alegria e vitória do fraco estão embasadas em JAVÉ. De Deus a poesia fala com maravilhosa insistência, em especial nas fundamentações, nos pois (vv. 1, 2, 3, 8). Traz à tona um verdadeiro compêndio de tradições teológicas: a alegria está embasada num ato salvífico concreto (v.1), na santidade e unicidade de Deus (v.2), na onisciência divina (v.3): as chances do fraco se originam no senhorio (vv. 6-7). no ato criador de Javé (v.8) e no que ele ainda há de fazer (v.9s). O salrno insiste em fundamentar e argumentar, certamente para persuadir.
Alegria, clareza no engajamento social e profundidade teológica são o tripé desse salmo de agradecimento.
IV
Nosso texto é oração de Ana, mãe de Samuel. Até aqui desconsiderei este dado. E era necessário assim proceder. Pois na pesquisa tornou-se patente que 1 Sm 2, no sentido histórico, não é da autoria de Ana. Para o autor literário de nossa passagem ( a escola deuteronomística), Ana se vale de um salmo já existente para expressar sua experiência. Vale-se do hinário.
Contudo, teologicamente é muito relevante que este salmo esteja na boca dessa mulher. Ai ele ganha um sabor todo especial. Afinal, Ana é gente fraca, duplamente sofrida. É mulher e como tal pertencente aos oprimidos do antigo Israel. E é mulher estéril, o que a torna especialmente humilhada (cf. 1Sm 1). Ao assumir este salmo, esta mulher tão rebaixada enfatiza seu conteúdo: Javé tira o fraco do pó! Os humilhados têm futuro!
Também não devemos esquecer que, como 1o Livro de Samuel, é introduzida uma nova fase na história de Israel: a época dos reis. Nos livros de Samuel e dos Reis nos é narrado como os reis e os da corte se tornaram sempre mais ricos, poderosos e descrentes, enquanto que os agricultores e trabalhadores mais e mais foram sendo explorados e escravizados (cf. 1Sm 12; 17; etc). Pois o cântico de Ana busca iluminar esta história desastrosa do reinado, afirmando: nosso Javé não sacramenta a glória da corte mas dá força ao enfraquecido! Neste sentido, 1 Sm 2 contém uma contestação programática ao reinado, Encontramo-la na boca de urna mulher, de uma humilhada!
A história do cântico de Ana não se restringe ao AT. Mesmo sem poder especificar esta jornada de nosso salmo em meio à história dos enfraquecidos, tenho que apontar ao menos para o cântico de Maria; nele 1 Sm 2 é literalmente retomado (Proclamar Libertação. Vol. 5. São Leopoldo, 1980. p. 288ss). Mas também temos que retomar nossa própria história (Palmares e Canudos, por exemplo) e a atual organização dos marginalizados ( no Oeste do Paraná e em Ronda Alta, por exemplo) Aí temos cenas históricas (cf. vv.4-5) que, apesar de estarem permeadas das parcialidades típicas de tudo que é histórico, são focos de esperança. Poderíamos ignorar tais focos na Páscoa?
V
Na prédica será necessário ter em mente a particularidade da comunidade reunida para o culto da Páscoa, o que já foi devidamente enfocado nos auxílios homiléticos de volumes anteriores de PROCLAMAR LIBERTAÇÃO. Em todo caso, os três assuntos básicos de nosso salmo dão valiosa contribuição para a situação e o Domingo de Páscoa. Proponho, pois, o seguinte esquema:
O inicio é constituído por uma retomada do texto. Por ser poesia é de difícil compreensão numa primeira leitura.
Enfoca-se a seguir o concreto da luta e da vitória dos fracos, como pistas de ressurreição. As cenas dos vv. 4-5 servem de estímulo. Na prédica que elaborei senti como valioso haver partido de uma ocorrência da vida comunitária, aprofundada depois por um episódio da vida pussoal e ampliada para a luta dos oprimidos de nosso povo. Tais cenas são estímulos, não são a verdade destilada em pureza absoluta.
E, mesmo assim, elas dão motivo de alegria. Esta alegria tão humana é radicalizada à luz da ressurreição de Jesus. Será importante sublinhar esta alegria pascal.
No seu auge, a prédica confessa a Deus. O salmo é rico em módulos de confissão teológica: ressalta, por exemplo, a unicidade e o senhorio do Criador. A Páscoa celebra o milagre divino da fidelidade ao Filho crucificado.
VI
1 Confissão de pecados: Senhor, bondoso Pai. Sentimos a morte de teu Filho: fomos atingidos pela Sexta-feira Santa. Mas não estamos vendo as luzes da ressurreição. Não enxergamos como poderia vir coisa boa da cruz, da fraqueza. Para nós o mundo é dos fortes. O fraco, o humilhado, o pobre, que poderia vir dele? A noticia da ressurreição de Jesus destrói nossa desconfiança diante da fraqueza. E assim, bondoso Deus, estamos descobrindo a enormidade nosso pecado. Tem piedade de nós, Senhor!
2 Oração de coleta: Bondoso Deus, te agradecemos peia ressurreição de Jesus. Enche nossa vida de esperança. Enxergamos. Vemos novos horizontes. Enfim está vencida a morte e o pessimismo que nos prendiam. Vemos luzes de mudança em nossa vida, para nossa Igreja, para nosso mundo. Reunimos estas esperanças na alegria da ressurreição de Jesus Cristo, nosso Senhor, que contigo e com o Espírito Santo vive e governa de eternidade a eternidade. Amém.
3. Oração final: Deus, nosso Pai. Louvamos-te pela ressurreição de Jesus, pela salvação de nossas vidas. Louvamos-te por nos haveres aberto novos horizontes. Até já andávamos meio conformados com a situação de injustiça ao nosso redor. Até já andávamos meio acomodados neste mundo marcado pela morte. Louvamos-te pelos pequenos sinais da nova vida e pelo grande sinal da ressurreição de Jesus.
Nesta esperança renovada te pedimos pelas pessoas fracas. Pedimos pelos operários que trabalham demais e ganham mal. Pelos colonos que alimentam a todos, mas andam sem terra. Pelos que estão descobrindo que o mundo feito por ti é destinado a todos. Senhor, reforça este sinal em nosso povo e em nossos corações.
Pedimos para que dentro da Igreja não esmaguemos os fracos, os fracos na fé e no alimento. Faze com que hoje ressuscitem nossos olhos. Renova tua Igreja. Dá fé viva a todos batizados, concede sabedoria aos presbíteros, humildade aos pastores. Renova-nos na fé e na comunhão para o serviço ao mundo.
Imploramos pela dor a que tantos povos estão submetidos através de guerras e crueldades. De modo especial…
Mas. sobretudo. Senhor te somos gratos que na ressurreição de teu Filho nos foi apresentada nova e vigorosa esperança. Amém.
VII
— BOECKER, H.J. Meditação sobre 1 Samuel 2.1-10. In: Hören und Fragen. Vol. 5. Neukirchen, 1967.
— MAZZAROLO, J. A taipa da injustiça. Oeste do Paraná, 1980.
— SHAULL, R. Revolution in theologischer Perspektive. In: Edition Suhrkamp. Vol. 258. Frankfurt, 1968.
— STOEBE, H.J. Das erste Buch Samuelis. In: Kommentar zum Alten Testament. Vol. 8/1. Gütersloh, 1973.
— WEINGAERTNER, M. Meditação sobre 1 Samuel 2.1-10. In: Proclamar Libertação. Vol. 2. São Leo¬poldo. 1977.