Prédica: Apocalipse 1.4-8
Autor: Rolf Droste
Data Litúrgica: Ascensão
Data da Pregação: 20/05/1982
Proclamar Libertação – Volume: VII
JESUS CRISTO É O SENHOR DE TODOS
(Atos 10.36b)
I — Tradução
V.4: João, às sete igrejas que estão na Ásia:
Graça e paz da parte daquele que é, que era e que há de vir, e da parte dos sete espíritos que estão diante do seu trono.
V.5: e da parte de Jesus Cristo, a fiel testemunha, o primogênito aos mortos, o soberano aos reis da terra.
Àquele que nos ama, e que nos libertou dos nossos pecados pelo seu sangue,
V.6: que nos constitui reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai — a ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém.
V.7: Eis que vem com as nuvens, e todo olho verá, também aqueles que o transpassaram; e hão de lamentar-se, por sua causa, todas as tribos da terra. Certamente. Amém.
V.8: Eu sou o Alta e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que he de vir, o Todo Poderoso.
II — Introdução
A comemoração do Dia da Ascensão de Cristo está decaindo em muitas comunidades. Cristãos há, que não saberiam dizer o que querem expressar as palavras subiu ao céu, e está sentado à direita de Deus. O nosso texto nos auxilia na compreensão correta da ascensão de Cristo. E isto, exatamente, porque não afirma que Cristo se ausentou da terra, mas porque afirma que Cristo é e vem!
Não agrada falar do Cristo que deixa os seus seguidores. E ascensão, de fato, não quer — de maneira alguma — reforçar a impres¬são de um vazio e fracasso. Pelo contrário, quer assegurar que o Cristo está no governo, diga-se o que se disser, invente-se o que se inventar. Assim como a ressurreição é o desmentido da morte, assim a ascensão é o desmentido da impotência.
O texto em estudo (Ap 1. 4-8) é uma introdução epistolar à mensagem para sete igrejas na Ásia Menor (1.9 – 3.22). Aquelas igrejas ainda floresciam. Mas levavam no corpo a marca dos tempos difíceis e das consequências para a vida espiritual e o testemunho da fé. A partir do momento em que o Cristianismo deixou de ser visto como seita dos nazarenos (At 24.5), as perseguições aumentaram. Sabemos que em Roma a instigação partiu do próprio Imperador Nero. — Tão famigerado tornou-se o seu nome, mais tarde, por isto, que ainda hoje Nero é nome de cachorro. — Os cristãos adoravam somente a Cristo. Isto os colocava em oposição às autoridades que exigiam reverência e adoração A perseguição era inevitável. No período do Imperador Domiciano (81-92 d.C.), a situação era dramática para os cristãos.
E Deus, sustentaria ele os seus filhos? Não bastasse o sofrimento experimentado no próprio corpo, a lembrança da ausência física de Cristo gerava incerteza e insegurança. Será que ele não se manifestaria? Omitir-se-ia? Quanto tempo perduraria esta situação?
A estas dúvidas e perguntas, antes que o desespero corroesse o deposito da fé, era preciso responder que o Cristo ressurreto está com o Pai e detém o poder. É isto que as palavras da perícope querem afirmar. Todos haverão de ver que é assim.
Quem escreve isto é João. E ele não redige as cartas na escrivaninha, mas como irmão e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, … na ilha de Patmos (1.9).
Devemos, pois, entender o texto, como de resto todo o Livro do Apocalipse, como uma palavra de consolo e conforto para uma igreja em luta e apuros. Estes apuros, na época, tinham nome e contorno. Hoje os perigos que pressionam ou esvaziam a Igreja poderão ser outros. Os sistemas e os governos mudam Não muda, para sorte nossa, o Cristo que é Rei e Senhor. Deus triunfará! A vinda do Cristo será juízo e salvação. Os fiéis que não temam. Igreja significa eternidade presente no tempo. (Echternach, p. 13).
III — Considerações exegéticas
Vv. 4 – 5a: O autor, de nome João, expõe a sua missão: assegurar aos participantes do reino de Cristo a graça e a paz do Senhor em meio à tribulação. Ele se autodescreve como irmão nos sofrimentos (v.9). Tudo leva a crer que se trata do discípulo e evangelista João.
Dirige-se às igrejas de sete localidades. Lutero traduziu igreja com comunidade. O termo igreja, nos seus dias, era por demais entendido como estrutura estática e hierarquia dominadora. O número sete. muitas vezes significativo de perfeição e plenitude, aqui pode referir-se à totalidade. O que é dito no Apocalipse tem valor para toda a igreja. As sete nominalmente citadas se encontram na Ásia Menor (Turquia). A elas o autor incute firmeza permanente, lembrando-lhes o senhorio e o domínio inconteste de Cristo. A rigor, a perícope retrata uma confissão de fé no Todo-Poderoso (v.8), para cuja descrição os pensamentos voam tão alto que parecem escapar ao alcance das palavras (descrição das visões).
E o que o irmão-autor almeja antes de tudo aos fiéis? Graça e paz. Com graça ele quer desejar que o poder salvador de Cristo esteja com eles. Ele quer — e tem certeza que assim será — que o amor de Cristo os mantenha de pé e lhes sustente a vida. E com paz ele lhes deseja, mesmo em situação dificílima, um sentimento e estado de bem e comunhão com Deus. — Ruja a tempestade, /cresça a iniquidade /Cristo há de vencer' /Reinem ódio e guerra, /estremeça a terra, /nada hei de temer. (Hinário da IECLB. N° 176. 2)
Esta paz e confiança eles podem ter tranquilamente, porque Deus permanece o Senhor revelado em Jesus Cristo. Importante parece ser a constatação de que Deus é! É hoje, como já era ontem. Quanto ao futuro, no entanto, não é dito que ele será (pois è hoje), mas que ele virá Tudo ficará plenamente revelado e à vista, quando ele virá. Aqui é dito, note-se, que Deus virá. Dizemos sempre que Cristo virá. Esta particularidade mostra o quanto Deus e Cristo são um (veja exegese do v.8).
A graça e a paz ele lhes deseja também em nome dos sete espíritos. Provavelmente esta è a maneira de descrever a onipresença do Espírito Santo, que com Deus e Cristo forma uma unidade. Com esta estranha formulação superlativa o autor quer asseverar a presença de Deus em toda a parte. Em outras palavras: Deus vê a desgraça do seu povo e lhe dá a graça da sua presença; vê a aflição e garante seu braço forte para a vida.
E da parte de Jesus Cristo. Somente agora ele se refere a Cristo, completando a Trindade. Só agora, porque nele lhes foi concedido ver Deus de perto. Lutero: Mesmo que eu possa dizer de todas as criaturas: ali está Deus, ou Deus está nelas, eu não posso dizer: isto é o próprio Deus. Mas acerca de Cristo a fé não só diz que Deus está nele, mas sim: Cristo é o próprio Deus. (WA 39/11, pp. 93ss, apud Kraus, p.71) Mais: ele passou por tribulação e, portanto, conhece a situação das igrejas. E foi fiel. Mártir por excelência, tanto no que testemunhou por palavras, quanto no que suportou e pagou com a vida.
Num crescendo, Cristo toma corpo à vista do escritor e dos leitores, não só como testemunha fiel (19.11), mas como o primogênito dos mortos e o soberano dos reis da terra. Cristo ressuscitou! Com isto o reino das trevas e da morte perdeu para o reino da luz e da vida O novo céu e a nova terra (21.1) tiveram início. — A fé fala uma linguagem corajosa, ao contrário da razão; esta mede, pesa e ainda assim fica em dúvidas.
Dizer que Cristo era o soberano dos reis da terra tinha que ser entendido pelo outro lado como ofensa e desafio. Mas a fé aceita p se alicerça sobre esta soberania, e afirma sem pestanejar que todos os joelhos se dobrarão perante o Senhor Jesus (Fp. 2.9-11).
Vv. 5b e 6: Mas o que segue, como se a ressurreição ainda não tosse vida rompente para todos, lembra o Emanuel, o Deus conosco (Mt 1.23). Ele nos ama. A forma verbal revela a atualidade do amor. Este amor é tão irretocável, como o Cristo ressuscitado e elevado ao Pai agora é intocável. Ao seu amor, somente, se deve a libertação do peca¬do Jesus pagou e apagou o pecado que nos exilava da face de Deus. Resgatou vida com vida. O Novo Testamento documenta de maneira central a redenção pelo sangue do Filho de Deus (Rm 3.24; Ef 1.1; Hb 9 12; Ap 5.9-10).
Libertos do domínio do diabo e seus asseclas, os redimidos per¬tencem ao Reino. Agora são povo de sua propriedade (1 Pé 2.9). — Al¬guns exegetas traduzem ele nos submeteu ao seu senhorio. Mas o quanto isto significa em termos de participação, mais do que submis¬são, transparece na tradução de Lutero: Ele nos fez reis. Cristo, portanto, liberta de companhias nefastas, para compartilhar a sua graça e u seu poder. Assim a morte e a ressureição de Cristo não aconteceram para que Cristo ficasse sozinho com estes acontecimentos, mas, pelo contrário, para que todos que lhe pertencem, deles participem, congregando-se em torno dele, o primogênito dentre muitos irmãos (Rm 8.29; CM. 18). (Wingren, p. 196)
Muito significativa é a ligação de reino com sacerdotes. Não há separação entre o político e o religioso. Tudo que é feito, é feito com intenções políticas e sacerdotais. Tudo é teocêntrico. Sacerdotes são pessoas com trânsito entre o povo e perante a face do Senhor Cristo transfere, sem desfazer-se, sua função sacerdotal aos seus discípulos (2 Tm 2.12a). Com isto, assumem eles tarefas que movimentam céu e terra. Neste sacerdotes para o seu Deus e Pai transparece o caráter do servo. Como se reinar fosse servir. E é!
O autor do Apocalipse diz aos fiéis em dificuldades que não devem esquecer de converter-se num Cristo para os outros, como Lutero disse certa vez.
Em Cristo, Deus se revelou de maneira tão total, que o autor não hesita, enfim, em tributar-lhe a mesma glória e o mesmo poder reservados ao Pai. Apondo o amém, o autor quer dizer: disto tenham certeza. Cristo vive, Cristo reina, Cristo liberta, Cristo compartilha. Quem vive, verá. E quem não vive, será ressuscitado para ver.
V. 7: Todos haverão de ver. O tempo do crer terá passado. A sua vinda será juízo para aqueles que o julgam e condenam; será salvação para os que nele perseveram (Mt 25.31 s). Assim como as nuvens que vêm e que vão sem que se possa interferir, assim o Cristo virá. As nuvens, entretanto também encobrem. Escondem ameaças e surpresas. Não permitem que se conheça, de antemão, o plano do Senhor. Mas ninguém tenha dúvidas quanto à sua soberania, poder e vinda. É isto que o certamente e o amém enfatizam duplamente.
V.8: E no fim o veredito do próprio Senhor Deus, que fecha com as palavras do v. 4, para dirimir quaisquer dúvidas ainda existentes. Deus é abrangente. É alfa e ómega (primeira e última letra do alfabeto grego). Nada na que fuja ao seu controle. Ele esteve com a palavra no começo (criação), ele estará com a palavra na consumação. Nisto a te confia, nisto ela espera (Rm 5.2: 1 Pe 1.3). Deus é o ponto firme, o eixo em torno do qual tudo e todos giram. Desde Nero até João. Só ele é Todo-Poderoso.
IV — Em busca de escopo e esquematização
O texto é extremamente carregado. Contém todo o Evangelho. Quem não optar apenas por um ou outro aspecto do texto, deve cuidar para não se perder em generalidades.
Como é texto previsto para o Dia da Ascensão de Cristo — e lembrando que subiu ao céu e está sentado à direita de Deus significa estar no governo e poder (v.6b) — oferece-se a seguinte esquematização, que também leva em conta a afirmação de que Jesus Cristo é o Senhor de todos (At 10.36D):
a) O poder de Cristo está manifesto
no seu testemunho fiel (martírio),
na sua ressurreição vitoriosa,
na sua soberania sobre todos os governos (vv. 4 e 5a).
b) O senhorio de Cristo se manifesta entre nós
no amor que ele nos tem,
na libertação do nosso pecado,
na participação que ele nos dá em seu reino e sacrifício (vv. 5b e 6).
c) Poder e senhorio levam o selo deste veredito:
Eu sou o Alfa e o Ômega, … o Todo-Poderoso.
Minha é a primeira e a última palavra,
diz o Senhor Deus
V — Meditação
Diz a Bíblia que há muito tempo o Filho de Deus,
de manhã cedinho, voou para o trono do Pai nos céus.
Aguarda-se a sua volta desde então,
mas até hoje sem sucesso, em vão.
Muitos procuram um paraíso nos céus, porque esquecem
que é na terra que os homens o paraíso merecem.
A Agência Tass noticia:
Hoje, pela primeira vez, um filho de homem se pôde ver subir da União Soviética aos céus. ao alvorecer. Horas depois Tass comunica: Gagarin voltou da sua ascensão e a todos felicitou. Pois ele não procura um paraíso nos céus, porque não esquece que é na terra que o homem o paraíso merece.
(Irradiado em 14.08.1962, na Rep. Dem. da Alemanha — apud Pöhlmann, p. 63)
Quem pensa em ascensão, pensa em elevação e altura. Afinal também se diz subir ao céu. O texto reproduzido acima, não obstante ser jocoso, nos ajuda a refletir se é válido projetar o Reino(paraíso) do Senhor para dentro do futuro, no alto, ou se não está mais correto conscientizar-se de que o Reino já se realiza, mesmo que em forma de pequenos sinais, também aqui em baixo.
Com a ascensão de Cristo a ressureição é corroborada. Cristo triunfou sobre a morte e agora participa com Deus do domínio sobre tudo e todos, ainda que isto esteja encoberto aos nossos olhos. — Vale lembrar que a festa da Ascensão é a fase terminal do ciclo da Páscoa, no qual a ressurreição é a parte central.
O poder de Cristo provém da coerência de Deus consigo memo. Ele que ama o mundo (Jo 3.16), revelando-se em Cristo permaneceu fiel a si mesmo (2 Tm 2,13). Na sua missão de libertação (Is 61.1-3) ele pagou o preço da vida (Is 53), sendo obediente até a morte (Fp 2.5-11) e tornando-se assim fiel testemunha.
Com a ressurreição se confirma a eficiência de tudo que Cristo disse e fez. Ela é o fim da morte e a estrela da manhã já brilha(22.16b). Sem esta ressurreição tudo é morte e escuridão e ironia (1Co 15.17). Mas com a ressurreição o Senhor não toma conhecimento das tramas e vaidades das trevas (SI 2.1-4).
Mas a autoridade não está, como parece ser, na superioridade de Cristo. Está na sua inferioridade. No mundo toda a autoridade é tentada a mandar e desmandar, oprimir e aniquilar. A autoridade de Cristo não faz exigências, mas presta serviços. Por isso é inferior (Lc 22.24-27). Não o que Cristo mandou fazer lhe conferiu poder, mas o que ele fez. E pelo que fez, e não pelo que disse, é adorado e glorificado (v.6b).
Foi dado a Lutero formular magistralmente, com as palavras da explicação ao 2° Artigo do Credo Apostólico, a dimensão e implicação da obra de Cristo (Is. 53.11-12) para a nossa vida. Ali a obra libertadora de Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem (o que já mostra que não se pode separar Deus dos homens!), tem consequências concretas na vida do cristão. Participar da ressurreição e vida de Cristo, que ele nos concede — em amor — pela justificação por graça (libertação dos nossos pecados, v.5b), significa servir-lhe em eterna justiça e bem-aventurança.
Recomenda-se a leitura cuidadosa e o estudo daquelas palavras de Lutero, que tão bem se aplicam ao texto da nossa perícope. Elas deixam claro que ter parte no Cristo de Deus é ser rei e sacerdote com Cristo.
Aqui o autor do Apocalipse foi feliz em não projetar Cristo às alturas, como muitos fazem. Antes, lembrou às igrejas que elas foram promovidas para serem reino e sacerdócio do Senhor neste mundo, na situação em que vivem. Este não é um traço muito forte no texto, mas não deixa de ser sensível e claramente perceptível. Assim, a ascensão não manifesta fuga da terra, mas significa presença e domínio sobre a terra. Ascensão não é alienação, mas autoridade e poder. Por isto, glória ao Senhor!
Mas como esta autoridade se materializa? Através do sacerdócio geral de todos os crentes, para dizê-lo em uma só palavra. Ou seja, em testemunho e serviço, por palavras e ações. Por palavras, por exemplo, como o sintetizam as palavras de um cânone: Eis, sejamos voz de Deus, /anunciando os feitos seus. /Cristo vive, o Vencedor, /é de todos o Senhor. Por ações, por exemplo, como foi dito por Tereza de Ávila (séc.16):
Cristo não tem mãos sobre a terra,
mas tem as vossas;
Cristo não tem pés sobre a terra.
mas tem os vossos;
vossos são os olhos,
através dos quais a misericórdia de Deus
deve olhar para o mundo;
vossos são os pés,
com os quais ele se põe a caminho
para fazer o bem,
vossas são as mãos,
com as quais ele abençoa.
Ainda neste primeiro capitulo do Apocalipse (v.20) as igrejas são consideradas candeeiros no mundo. Como elas podem ser luz dos povos, é algo que deve ser analisado de acordo com o contexto em que vivem. Mas é certo que leva vida eucarística aquele que vive da eucaristia do Senhor. Para este caminho inferior o Cristo convida, anima e dá força. O acerto desta jornada não pode ser deduzido de eventuais sucessos ou fracassos, mas deve ser confiado tranquilamente aquele que detém a primeira e a última palavra, o Todo-Poderoso. Enquanto reis e governos passam, e como Nero, caem no esquecimento — o Senhor será Senhor. A história dirá o que a fé já sabe, hoje, a esse respeito. Assim os cristãos, que estão por baixo, vivem soberanamente.
VI – Indicações para a prédica
A meditação se ateve à esquematização do item IV. A prédica poderia desenvolver-se no mesmo sentido. Tanto na esquematização, quanto na meditação, ficou prejudicada a dimensão da adoração (v.6b). Deve-se isto à intenção de dizer à comunidade que a ascensão de Cristo não quer fixar o céu como residência para Jesus, mas estabelecer a sua autoridade e o seu senhorio sobre a terra. Para isto a proposta da esquematização e da meditação querem oferecer auxilio.
Uma alternativa, não levada em conta, porém, neste auxílio homilético, seria analisar o que o autor do Apocalipse diz a respeito da vida e fé, comportamento e testemunho, das sete igrejas. Em seguida poderia, neste sentido, ser feita uma avaliação da vida e do testemunho da comunidade local. Verificar-se-ia, então, se as pedras do templo estão assentadas de fato sobre o fundamento que é Cristo (1 Pe 2.5), manifestando o seu senhorio absoluto e total. Seguindo por este caminho também se chega à já abordada questão do reino e do sacerdócio geral (v.6).
VII – Subsídios litúrgicos
1. Confissão dos pecados: Senhor Deus, Criador do universo e por Jesus Cristo, nosso Pai, não sabemos se tu ris ou choras, quando olhas para tudo aquilo que nós dizemos e fazemos. Mas certamente não permaneces indiferente, quando vês a nossa insegurança e inconstância no testemunho cristão, como se fôssemos casa sem fundamento, ou quando, por motivos de vaidade e arrogância, passamos por cima dos outros, machucando e marginalizando-os Reconhecemos que ofendemos o teu santo nome com este comportamento. Confessamos que desprezamos os critérios do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo em nossa vida social e profissional. Senhor, lembrados do teu amor, nós suplicamos: Socorre-nos com a tua graça, perdoando e regenerando-nos! Concede-nos a tua paz, assegurando-nos a comunhão do teu Espirito. Tem piedade de nós. Senhor!
2. Oração de coleta: Senhor Jesus, bem sabemos que tu estás à porta e bates. Por isso, mesmo elevando os nossos olhos para o alto, temos consciência de que queres estar conosco e conosco compartilhar as alegrias e as dificuldades do dia a dia. Nós te rogamos: Vem com a tua Palavra e o teu Espírito, com o teu domínio e a tua glória, para que produzamos mais frutos de justiça e paz, convertendo-nos em motivo de maior glória do teu santo nome. Prepara e capacita-nos também neste culto para o teu reino e sacerdócio. Amem.
3. Assuntos para a oração final: adoração — daquele que é, era e há de vir. o Todo-Poderoso, agradecimento — pela libertação do pecado e mal. por meio do martírio de Cristo; prece — por fortalecimento da nossa vocação cristã para uma vida de fé e testemunho; intercessão — por todos que são testemunhas (mártires) no exercício do sacerdócio geral e especial; pelos que se preparam para o exercício do pastorado, catequese e diaconia; pelas famílias, para que possam viver em paz e harmonia; e pelos que querem constituir família, para que o façam motivados pelo amor que se deixa orientar pelo Espirito de Cristo: pela educação cristã dos nossos filhos nas famílias e escolas; pelos educadores; pelos que trabalham e lutam pelo seu pão de cada dia, para que ganhem o necessário para a vida; pelos que têm poder e autoridade, para que se entendam como servos e não como senhores dominadores; pelos que são oprimidos material, social e espiritualmente — no mundo e na comunidade local; pelos membros doentes, tristes e enlutados para que encontrem auxílio e amigos fiéis.
Que Deus, nosso Pai, nos conserve a sua graça e paz e guarde a sua Igreja e os seus fiéis no caminho da verdade e do amor, traçado em Jesus Cristo. Amém.
VIII — Bibliografia
– ALT.H – P./ROEPKE, C.-J. Glaube im Gespräch. München, 1969.
– BEHM, J. Die Offenbarung des Johannes. In: Das Neue Testament Deutsch. Vol 11. Göttingen. 1949.
– ECHTERNACH.H. Der Kommende. Gütersloh, 1950.
– HELBICH.H.-M. Katechismus '74. München, 1973
– HERNTRICH.V. Und das Meer ist nicht mehr. Hamburg, 1963
– KÖHLER.L. Die Offenbarung des Johannes una ihre heutige Deutung. Zürich, 1924.
– KRAUS.H. -J. Reich Gottes: Reich der Freiheit. Neukirchen/Vluyn, 1975.
– PÖHLMANN.H.G. Wer war Jesus von Nazareth? Gütersloh, 1976.
– WÏNGREN.G. Die Predigt. Göttingen,