Prédica: Gênesis 12.1-4a
Autor: Ulrico Meyer
Data Litúrgica: 5º. Domingo após Trindade
Data da Pregação: 11/07/1982
Proclamar Libertação – Volume: VII
I — Preâmbulo: o texto em confronto com a realidade
A ordem de Deus a Abrão é clara: Sai da tua terra … e vai! E Abrão partiu sem questionar ou pôr em dúvida a vontade de Deus. A Bíblia parece, assim, apoiar o que hoje constitui um problema no Brasil, a migração. A migração no Brasil chegou a um tal ponto critico e desumanizante que podemos até denominá-la de caos ou desastre social. E, de forma alguma, ela pode ser vista como uma benção ou vontade de Deus. Os que saem hoje de sua terra, do convívio de seus amigos e da intimidade de seu torrão, não saem por ordem divina, nem por livre e espontânea vontade. Eles saem, na maioria das vezes, por ordem de um sistema econômico e político que visa apenas o bem-estar de alguns poucos privilegiados. A ordem deste sistema é: Sai da tua terra (porque aqui tu és um estorvo para os grandes produtores) e vai para a cidade e sê tu uma bênção para as grandes indústrias, que precisam de mão-de-obra barata! Ou: Vai de granja em granja, de município em município, de estado em estado e sê tu um bóia-fria! Em cada lugar onde chega¬res, precisa-se de teu suor, de teu braço, de teu sangue… Aperta o cinto e vai. O sistema precisa se manter. Ou ainda: Vai para as zonas da mata, onde as terras ainda são adquiríveis. O sistema as oferece e sê tu uma bênção para a Nação que precisa colonizar, colonizar, colonizar. Vai e derruba as matas, termina com tudo que nelas existe, empurra o índio e o posseiro adiante, porque eles não servem para o sistema. Vai e sê tu um dos nossos. Ainda temos alguns títulos no clube … Segundo o documento da Comissão Pastoral da Terra do Paraná. Sem terra e sem rumo, as causas da migração no Brasil são muitas, porém, o responsável último por este problema é o modelo econômico dominante no Brasil. No sistema econômico que domina o Brasil, o poder econômico está concentrado nas mãos de poucos, (p.4) Isso está claro, mesmo para os cegos, e também para aqueles que não querem enxergar.
Em resumo, o que acontece é o seguinte: Os poucos que possuem o poder econômico tendem a subir sempre mais e, gradativamente. vão arrematando todos os meios de produção. E, hoje, seu alvo principal são as terras que se tornaram uma aplicação inteligente. Os pobres precisam sair para se tornarem seus empregados ou para enriquecerem também. Pois o poder econômico é como uma bola de neve, que aumenta na medida e proporção em que vai rolando.
Neste sistema há só estas duas alternativas: rico ou pobre. Não há coluna do meio. A classe média, considerada como o equilíbrio de uma sociedade humana, tende a desaparecer. De preferência, para baixo. Pois, para o sistema capitalista, quanto mais pobres houver, melhor. O sistema precisa do pobre para se manter, pois não é o sistema que está aí para o bem do homem, mas o homem está ai para o bem do sistema. Neste sentido estão corretíssimas as palavras de um agricultor abastado que disse: O pobre precisa existir. Se não existisse o pobre, quem trabalharia para mim?
Constatamos, assim, que o homem não mais é guiado por Deus. O homem nem mais ouve o seu chamado. O homem atual é guiado e chamado, isto sim, por um modelo sócio-econômico e político que beneficia uma pequena minoria. Um sistema que não quer seu bem, mas unicamente seu sacrifício. Um sistema que manda migrar, porque a migração o beneficia de certa forma. Um sistema que arranca o homem de sua terra, de sua autonomia e o transforma, sutilmente, em escravo. E muitos são escravos sem, ao menos, se dar conta disso. Como esse homem poderá ouvir e responder ao chamado de Deus? Um homem desses pode partir como nosso amigo Abrão? Está ele livre para agir o cumprir a vontade de Deus?
Como proclamar libertação com base neste texto, se Deus nele ordena migrar? Não seria uma boa oportunidade para ficar ao lado do sistema atual, que também ordena migrar? Não seria uma boa oportunidade para fazer uma prédica bonita para o comerciante, o industrialista, o médico, o advogado, o engenheiro, enfim, para os ricos que, aos poucos, vão comprando todas as terras e mandam o pobre migra? Não seria uma boa oportunidade para dizer que tudo está certo e que a migração é da vontade de Deus, pois a Bíblia diz isso em nosso texto?
II — Crítica literária
Em Gn 11.28 — após uma pequena interrupção que acontece nos vv. 10-27, com a genealogia de Sem, que é do Escrito Sacerdotal — continua a narração do Javista, 11.28-32 serve de introdução aos acontecimentos narrados a seguir. Servem também estes versículos para ligar a genealogia de Sem à narração do Javista.
O nosso texto, 12.1 -4a, é, portanto, de procedência javística como o próprio nome de Deus, Javé, o prova. Outrossim, a estória de Abrão é contada essencialmente pelo Javista. Esta estória tem um valor especial na sua obra. O horizonte narrativo, que na proto-história (caps. 1-11) engloba as populações em geral, é estreitado para um povo específico: Israel. Iniciam aqui as tradições especificas do povo de Israel, o povo escolhido por Deus para a sua revelação salvífica. Inicia aqui a história de Israel, propriamente dita. Aqui um povo é escolhido para a revelação de Javé.
Com a mudança do horizonte histórico, também muda a representação de Deus. Na proto-história. Deus é visto, antes de tudo, como aquele que põe ordem no mundo. Após a criação, Deus fez uma proibição (2.16-17), A partir daí, ele aparece como o vigia das ações humanas e só intervém como reação a tais ações (Deus castigador). Em 1 2.1 -4a, ao contrário, a atitude de Javé não mais é de reação às ações humanas, mas de ação. Javé é apresentado aqui como o guia e o protetor de Abrão. Dá a Abrão a ordem de deixar sua terra, seu lar, e de ir para uma terra que ele lhe mostraria. Javé não diz onde fica esta terra. Apenas diz que vai mostrá-la. E isso deve bastar a Abrão. Tal atitude promete ação em favor de Abrão e não é reação a uma atitude de Abrão. Ê o ponto inicial da ação salvadora de Deus. Deus se revela como salvador. Javé não é um Deus que se retrai e fica sentado em seu trono, apontando, apenas, para o pecado humano. Ele caminha ao lado do homem e é auxilio na vida concreta. Acredito que o Javista quer mostrar não um Javé que só castiga o mundo, mas, mais, um Javé amor. Um Javé que se preocupa com o homem e o acompanha na sua história. Ele, em última análise, faz a história. Javé é sujeito; o homem, instrumento e objeto de sua ação.
Nosso trecho é de autoria do próprio Javista e serve de introdução às histórias de Abrão. Acontece que não encontramos, neste texto, Indicações para tradições mais antigas. O acento do texto não está na promissão de terra, nem na promissão de uma numerosa descendência, mas em Israel ter sido escolhido para ser uma bênção. Por isso, tudo indica que o Javista viveu no tempo de Salomão, quando o povo já se encontrava em Canaã, a terra prometida. O Javista escreveu sua obra na época em que a promissão da terra já havia sido cumprida. Essa promissão não tinha mais importância atual e aparece, no texto, apenas como uma reminiscência histórica. O Javista, portanto, coloca o acento na bênção que o povo de Israel deverá ser. Em Abrão Deus escolheu o povo de Israel como instrumento de sua bênção. O objeto dessa bênção são todos os povos. A história salvífica de Javé será mostrada na história do povo de Israel.
III — Análise de detalhes
V.1: Provavelmente Abrão vivia tranquilo na terra de Harã, para onde viera, com seu pai, de Ur dos Caldeus. Sua vontade, talvez, era de permanecer ali, entre amigos, na sua tribo. Certamente não pretendia deixar sua tribo e sua propriedade. A vontade de Javé, porém, era outra. Sua vontade era de que saísse e partisse para uma terra distante que ele, Javé, lhe mostraria. Agora, com a ordem de Deus, sai da tua terra e vai, Abrão teria que cortar todas as ligações antigas que o prendiam à sua terra e à sua tribo. Teria que abandonar o que ele certamente amava, porque esta era a ordem de Javé. Trata-se de um ato de escolha que Javé faz. Ele escolhe um dentre suas criaturas para uma determinada tarefa. O porquê da escolha de Abrão não aparece no texto Javé simplesmente quer Abrão. Javé se reserva o direito de interferir na vida de Abrão e muda o seu destino.
Significativo também é o fato de que Javé não diz onde fica esta terra para a qual Abrão teria que se dirigir. Somente Javé sabe a localização desta terra e ele mesmo se encarrega de mostrá-la a Abrão. Isso deve significar que doravante Javé é o guia e que o rumo da vida de Abrão dependerá unicamente dele. A partir deste momento, Javé vai agir na vida e história de Abrão e, consequentemente, do povo que dele se constituirá.
Vv. 2-3: O plano de Deus para com Abrão é praticamente inconcebível, pelo menos no que diz respeito à promessa: de ti farei uma grande nação. Abrão não tinha filhos, pois sua mulher Sarai era estéril (11.30). Em vista disso, como Javé fará de Abrão uma grande nação? Aos nossos olhos, a escolha de Javé não é muito feliz. Ele escolhe um homem que aparentemente é o menos indicado para o cumprimento de seus planos Mas o que muda toda a visão é a promessa seguinte: e te abençoarei. A bênção de Javé é a palavra chave. Só a bênção de Javé fará de Abrão uma grande nação. Só por causa dela o seu nome será engrandecido e ele poderá ser uma bênção. Javé o abençoa para que ele seja uma bênção.
Sê tu uma bênção é a continuação da ordem de Javé sai da tua terra e vai, do v.1 . A ordem pode ser traduzida da seguinte forma: sai da tua terra… para ser uma bênção a todos os povos. A bênção de Javé significa que Abrão não ficará sozinho em sua missão. Javé o acompanhará. O cumprimento da missão dependerá de Javé e da disposição de Abrão para ser seu instrumento. Javé é quem age. Abrão é instrumento da ação de Javé. Através de Abrão, um homem qualquer, Javé vai abençoar todas as famílias da terra. Para isso Abrão terá que sair de sua terra, e livrar-se de tudo o que o prende à sua tribo e à sua gente. Talvez terá que abandonar também o bem-estar pessoal, o calor humano de amigos, para ir ao desconhecido, a uma terra que Javé lhe mostraria.
Para o Antigo Testamento, Javé é o portador e doador de toda bênção. E este bênção poderá ser transmitida através de pessoas, em forma de petição a Javé (49.25). Javé abençoa pessoas através de pessoas que carregam consigo a sua bênção. Por isso, Javé abençoa Abrão para que ele possa ser uma bênção aos outros. Esta bênção, para o Antigo Testamento, é irreversível. Uma pessoa abençoada recebe todo o bem e toda a graça de Javé durante toda a sua vida e tem dentro de si a força da bênção. No caso de Abrão, ele só poderá cumprir a ordem de Deus porque foi abençoado para isso e porque Javé o acompanhará em todas as situações. Não fosse assim, como ele acharia o caminho para a terra prometida, cuja localização ignora? Como dele poderia se constituir uma grande nação e como seu nome poderia ser engrandecido, se não tinha filhos e sua mulher era estéril? Sem filhos, sua história terminaria com sua morte e seu nome seria esquecido. Tudo, pois. dependerá da bênção de Javé e da disposição de Abrão para ser instrumento e objeto desta bênção.
V. 4: A resposta de Abrão à ordem de Javé não acontece em palavras. Abrão fica calado, não diz nada. A sua resposta acontece em ação: Partiu, pois, Abrão, como lhe ordenara o Senhor. Esta é sua resposta. É o seu sim à ordem de seu Senhor. Não duvida, não questiona (motivo ele teria para tanto). Simplesmente vai. Vai, porque esta é a ordem de seu Senhor. Apesar de sua fraqueza, ele não duvida. Esta ati¬tude de Abrão expressa sua fé e sua confiança em Javé. Ele é capaz de abandonar tudo para cumprir a vontade de seu Senhor.
IV — Meditação
Desde Abrão, muito tempo se passou e uma longa e emaranhada história se desenrolou até os nossos dias. Após Abrão, vieram outros homens que também serviram de instrumentos de Deus, e assim se fez sentir a sua mão através da história. Vieram os juízes, os profetas. É a história da salvação, que inicia com Abrão, culmina em Jesus Cristo, em quem Deus mostrou sua graça, sua bênção, de maneira extraordinária.
Após Jesus Cristo, mais um longo tempo se passou. Mais uma longa história se desenrolou. Hoje estamos no Brasil. Estamos em nos¬sas comunidades, tentando pregar sobre um texto tão antigo e tão distante de nossa realidade, mas cuja mensagem é atual e libertadora.
Abrão estava preso à sua terra e á sua tribo. Deus, porém, o chama e o manda sair, para ser uma bênção a todas as famílias da terra. Deus tinha uma missão para Abrão, não ali onde ele se encontrava, mas em outros pagos. Deus mesmo vai lhe mostrar para onde ir. Deus vai ser o seu guia e protetor.
A nós, cristãos, cabem duas perguntas: 1. O que nos prende hoje e nos impede agirmos como cristãos?, e 2. para onde Deus nos quer enviar? '
Quanto à primeira pergunta, não é difícil encontrar respostas no dia a dia da vida. Muitas coisas nos prendem e nos impedem de cumprir a vontade de Deus, que ele claramente revelou em Jesus Cristo e que em resumo, é o mandamento do amor. Enumeremos alguns exem¬plos:
a) Individualismo ou egoísmo – Preferimos calar para não nos incomodarmos e para não nos prejudicarmos em nossa vidinha particular e acomodada. O nosso mundo é tão pequeno que, muitas vezes, a nossa família é a única preocupação da vida. Se nós e a nossa família estamos bem, o resto que se dane. Estamos presos ao nosso pequeno mundo particular, como se fôssemos o centro do universo. Dificilmente temos uma visão para fora, para o mundo que nos cerca. E são muitos os que afirmam: Se eu leio a Bíblia em casa, se faço minhas orações, se tenho minha fé, se não faço mal a ninguém, estou cumprindo com meu dever de cristão e não preciso ir ao culto.”
b) Trabalho ou emprego — Quantas vezes se ouve de pessoas que dizem eu não tenho tempo. O trabalho, apesar de necessário e bom, prende muita gente hoje em dia.
c) Televisão — A televisão, além de nos prender em casa, dá-nos uma visão errada das coisas e nos educa para o individualismo. Ela nos bitola e adapta ao sistema do qual falamos no preâmbulo.
d) Dinheiro — Sair de casa implica gastar dinheiro e, ainda, perder bons negócios. Além disso, ser cristão implica viver uma vida mais humilde e pobre, além de não usar os bens só para si, mas para o bem do próximo. Outrossim, o dinheiro tornou-se um deus par nós. Nele esta caseada a nossa segurança e garantido o nosso futuro. E precisamos ganhar mais.
e) Bem-estar — Este nos prende muito. Se nós saímos, o nosso bem-estar e conforto ficam ameaçados.
f) Sistema social — Veja o preâmbulo. Quem manda É o sistema e só É possível um deus moldado para dentro deste sistema, um deus que se adapta a ele. Se alguém tem um deus diferente, o Deus de Jesus Cristo. É taxado de comunista ou perturbador da ordem e é crucificado. Daí o medo nos impede de sermos realmente cristãos. A pergunta é: Até que ponto, nós, pastores, estamos presos a este sistema e nem sentimos mais o chamado de Deus? Estamos nós pregando o Deus de Abrão (de Jesus Cristo), o Deus libertador, ou pregamos um deus distorcido e moldado conforme o sistema o exige?
g) Comunidades — Muitas de nossas comunidades são tradicionais e poucas têm uma visão para fora, para o mundo. A comunidade tem muita preocupação consigo mesma. O presbitério se reúne ordinariamente, mas só se discute problemas próprios. São questões de dinheiro e administração. Os problemas do mundo não interessam. E, em certos casos, o pastor até é expulso da comunidade quando decide engajar-se social e politicamente para o bem do oprimido. Exemplos destes existem em nossa Igreja. Temos nós coragem para sair?
Para onde Deus quer enviar-nos? Hoje, a ordem de Deus não mais é, literalmente, sair de sua terra e ir a uma outra terra. Mas é sair de casa, do individualismo, do egoísmo, do trabalho escravizante. da televisão, do dinheiro, do sistema capitalista desumano, do tradicionalismo das comunidades, etc., e ir às pessoas que sofrem para, ali, ser-lhes uma bênção. A ordem de Deus é o amor que ele revelou em Jesus Cristo. Deus nos chama para um engajamento social e político para o bem do homem oprimido. Deus quer-nos como seus instrumentos para a libertação do homem, das garras de um sistema que não está mais a seu serviço, mas que o usa como escravo. O cristão, mesmo em sua fraqueza, tem dentro de si a força libertadora de Deus. A ação salvífica de Deus, iniciada em Abrão e completada em Jesus Cristo, está em nossas mãos. Deus nos abençoa para sermos uma bênção a todos os povos oprimidos.
V — Subsídios litúrgicos
1. Confissão de pecados: Senhor, Deus do amor e da justiça, diante de ti: estamos nus e envergonhados. Tu sabes muito bem o que se passa conosco. Se pudéssemos, nós nos esconderíamos de ti, como Adão e Eva o fizeram quando reconheceram o erro que cometeram, ao desobedecerem a tua ordem e comerem ao fruto proibido. Senhor, hoje reconhecemos que muitas vezes desobedecemos a tua vontade e pensamos seguir o nosso próprio caminho ou ir na carona com o sistema. Geralmente nos justificamos com desculpas infundadas como estas não tenho tempo, tenho minha família para sustentar, tenho meus negócios que não podem esperar, tenho que, em primeiro lugar, garantir o meu futuro, o sistema não me deixa livre e o patrão exige muito de mim, não posso faltar ao emprego. Perdoa-nos, Senhor, se nos omitimos frente às injustiças que acontecem ao nosso redor e não ouvimos o teu chamado para o serviço em favor do necessitado e oprimido. Dá-nos tu forças para nos libertarmos de mesquinharias do mundo, para darmos mais atenção ao teu grito de socorro na boca do mais fraco. Tem piedade de nos. Senhor!
2. Oração de coleta: Graças te damos, Senhor, porque agora queres novamente falar a nós e encontrar-te conosco por meio de tua palavra. Livra-nos de todos os pensamentos e tentações que pretendem perturbar a pregação do teu Evangelho. Dá-nos a compreensão certa a fim de que cheguemos a conhecer a tua vontade, e ajuda-nos a viver em conformidade com ela. Liberta-nos de tudo o que nos prende e nos amarra, impedindo-nos de ouvir e seguir o teu chamado. Ajuda-nos a compreender que não existe desculpa terrena para justificar a desobediência à tua vontade. Amém.
3. Assuntos para intercessão na oração final: pelos injustiçados do sistema de produção e consumo que está aí só para alguns; pelos pobres e famintos, bóias-frias que migram por aí sem rumo, à procura de trabalho; pelas milhares de pessoas que são obrigadas a abandonar as suas terras por causa de hidrelétricas que são construídas e por causa dos grandes produtores que as empurram para longe; pelas pessoas que lutam desesperadamente para sobreviver neste sistema injusto; pelos marginais, favelados e crianças abandonadas, que nada mais são do que vitimas de uma sociedade injusta; por todos nós que estamos cada vez em pior situação: pelo governo de nosso país para que seus responsáveis se transformem em pessoas conscientes, honestas e incorruptas, para o bem de todos; pelas multinacionais para que estejam aí, de fato, para o bem do novo brasileiro; pela nossa igreja para que seus membros saiam da acomodação e do tradicionalismo barato e procurem preocupar-se também com a realidade que os cerca: pelos pregadores, a fim de que se tornem confiantes e corajosos para denunciarem situações de injustiças, e a fim de que vivam realmente o Evangelho de Jesus Cristo e não sejam tragados pelo sistema; pelos perseguidos, injuriados, torturados e exilados per terem tentado viver como Cristo viveu.
VI — Bibliografia
– BEYER. H. W. EULOGEÕ. In: KITTEL.G. ed. Theologisches Wörterbuch zum neuen Testament. Vol. 2. Stuttgart, 1935.
– COMISSÃO PASTORAL DA TERRA. Sem terra e sem rumo. Mal. Cândido Rondon, 1979.
– MICHEL.D. Israels Glauben im Wandel. Beríin. 1968.
– VON RAD, G. Das erste Buch Mose. m: Das Alte Testament Deutsch. Vol 2/4, 8a ed. Göttingen. 1967.