Prédica: Jeremias 31.31-34
Autor: Dario G. Schaeffer
Data Litúrgica: Domingo Exaudi
Data da Pregação: 23/05/1982
Proclamar Libertação – Volume: VII
I — Introdução
Quem nos disse que precisamos encher igrejas, evangelizar as massas e obter sucessos?
Essa pergunta surge quando se analisa um profeta como Jeremias e se vê naquilo que ele fez. e ainda hoje nos é colocado diante dos olhos, exatamente o contrário. Sua pregação é sempre contrária à dos profetas, seus colegas de profissão. Na época em que Israel está economicamente bem de vida e tudo vai de vento em popa, inclusive a religião oficial. Jeremias recebe o encargo de Javé, de pregar que virá um inimigo do norte (6.1 entre outros), o que parece ser uma constante em sua pregação. Por quê?
Por três motivos.
a) O povo está desavergonhadamente seguro de sua escolhe, por parte de Javé (7.1-15). Não parece mais haver problemas nem coisas proibidas para o povo de Israel, e muito menos para seus lideres políticos e religiosos. Sua escolha por Javé é entendida como privilégio e não mais como responsabilidade. A fé se tornou festiva e a lei é seu enfeite. Podem matar e roubar, que sempre encontram guarida na religião oficial do templo. Com essa atitude quebra-se um dos esteios principais da fé. Este é um dos motivos da ira de Javé.
b) O outro fica demonstrado na mania de grandeza do rei Jeoaquim, quando constrói casa ampla e arejada para si, à custa do trabalho sem salário de outrem (22 13ss). São novamente os indícios de exploração classista e capitalista do povo, que já Amós havia denunciado em Israel.
c) E finalmente a luta de Jeremias se dirige contra os escribas, que crêem ter a sabedoria da letra da Torá, mas a transformam em mentira, em lei que deve ser cumprida por ser lei (8.8), e se tornam motivo de alienação para o povo, falando de paz onde não há paz (8.11).
Tão contrárias aos parâmetros normais são essas profecias du Jeremias, tanto na pregação no templo (7.1ss) quanto em outra pregação (caps. 19 e 20), que o profeta é colocado no tronco, como prisioneiro durante um dia, e torturado.
Na procura de critérios para discernir entre profetas legítimos e falsos, parece que era característico dos falsos profetas falarem por domais o que o povo gostava de ouvir, enquanto que o profeta como o conhecemos do AT recebia outros encargos de Javé, ou seja, de ver a realidade como ela se apresentava e quais as suas consequências. O falso profeta negava-se a ver a realidade ao encontro da qual o povo estava caminhando com sua fé mentirosa, suas construções sociais injustas, sua religião corrompida pelo poder. Já o verdadeiro se colocava sob a vontade de Javé, mesmo que isto lhe custasse grande dose de sofrimento, como foi o caso de Jeremias. Mas não só dele. Este aspecto podemos reconhecer em todos os outros também.
E, realmente, Jeremias também não corresponde à expectativa de segurança, ou então de desespero, quando a maioria dos dirigentes e grande parte do povo de Israel está no exílio babilônico (597 e 587 a. C.). Enquanto os profetas oficiais tentam consolar o povo com a expectativa de uma volta rápida à terra da qual foi deportado. Jeremias envia uma carta aos exilados na qual diz que seu castigo vai demorar muito e que devem ir construindo sua vida lá mesmo onde estiverem (29.5-7) Esta colocação contrária ao culto e à pregação oficial entre o povo (15.20-21) trouxe consigo um sofrimento pessoal indizível que muitas vezes levou o profeta a duvidar de sua capacidade de continuar e a amaldiçoar o dia em que nasceu (15.10: 20.14ss), sim, inclusive a amaldiçoar o próprio Javé (15.18 e 20.7). Mas sempre o poder de Javé e o encargo que deu ao seu profeta faziam Jeremias ir para onde era mandado (20.9). Não havia como resistir, e nisso também se mostra o verdadeiro chamado profético de Jeremias.
Não há nada de igrejas cheias, de conversões em massa, nem de sucessos na existência deste profeta. Muito pelo contrário, há muito sofrimento, muita insegurança e muita revolta contra Deus. Há muita cruz.
II — O texto
É claro, em todas as profecias de todo os profetas do AT, que o fundamento para sua pregação, tanto da condenação quanto também da consolação, era a quebra do contrato entre Javé e o povo. Principalmente por parte de seus lideres. Era a falta de respeito pela lei e de temor a Javé. Mas muito, além disso, essa quebra da aliança se caracteriza pelo fato de que os líderes do povo de Israel se entendiam como iguais a Javé, como parceiros igualitários de Javé em sua aliança. Isso implicava que a lei se transformasse em obra para agradar a Javé, o parceiro, implicava que a lei se tornasse algo ritual, apenas religioso, mas não mais levado a sério no dia a dia da existência do povo; enfim, a lei se transformava em mentira (2.8) e a fé em Javé era dividida com a fé em outros deuses (2.20ss). Isso trazia consigo não um pecado individual desse ou daquele, como nós costumamos entender, mas muito mais, arrastava atrás de si todo um sistema de vida que incluía a religião e também uma aliança com Javé; esta, porém, já desconsiderada, era substituída por uma vida mais moderna, de opressão aos mais fracos e de aceitação de outros deuses (7.1-14).
Essa quebra é agora resolvida no texto que temos à nossa frente. Já que a aliança estava quebrada havia necessidade de fazer uma nova. Quando ele diz Nova. torna antiga a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer. (Hb 8.13) Mas isto não é tão automático. Nosso texto está contido no assim chamado livro da consolação de Jeremias (caps. 30-31) e com isso se encontra no contexto do castigo. Isso significa que é dentro da consequência funesta da desobediência dos lideres do povo que surge o totalmente novo, a nova chance de Deus (v.31).
Jeremias acentua que este novo será uma ação unicamente da parte de Javé. Na realização desta nova aliança o povo não terá participação. Mas será através do povo que Javé agirá. Não à sua revelia. Nesta ação unilateral de Javé não haverá mais necessidade de alguém ensinar ao outro quem é Javé, pois ele mesmo colocará nos corações do povo e em suas mentes a sua lei (v.33). Não será preciso dizer aos outros que reconheçam o Senhor. Pois sua identidade se demonstrará naquilo que fará em seu povo: perdoará suas iniqüidades e não se lembrará de seus pecados (v.34). Se pudermos aceitar a tradução de Almeida como correta, a última frase do v.34 é a causa para a afirmação de que todos me conhecerão. Isto é, Javé será conhecido pelo fato de perdoar.
G. von Rad (pp. 220ss) acentua este novo, afirmando que com isso Jeremias passa além de outros profetas: há nele a profecia fundamental de um novo começo por parte de Javé e não mais a reforma ou o apelo de levar a sério a aliança antiga.
Mas deve-se acentuar e cuidar de dois aspectos:
a) Esta nova aliança não muda nada no conteúdo da aliança original, na lei, na Tora. Não é que Deus tenha se arrependido de sua primeira revelação e agora haverá uma nova. O que foi revelado é válido e continuará válido. A vontade de Javé continua a mesma: eu serei seu Deus e eles serão meu povo (v33). Quem quebrou a aliança não foi Javé. mas o povo ou, então, seus líderes. Isso significa que o que estava fraco não era o conteúdo, mas a forma em que estava senão mantida a aliança. E essa quebrou.
b) Por isso agora Javé colocará, em lugar da obediência do povo, que se demonstrou como fraca e finalmente entrou em bancarrota, a sua ação que não dependerá mais do sinergismo humano da obediência. Haverá uma aliança totalmente unilateral, em que Javé será o único agente e onde não haverá mais a possibilidade de desobediência do homem. Haverá simplesmente um conhecimento tácito das leis e uma identidade clara de Javé em sua ação de perdoar e esquecer o que foi feito de errado.
Está delineada aqui a figura de um novo homem, de um homem que Javé capacita, através de um milagre, à obediência total. (Von Rad. p.222).
Esta contida nesta profecia, em primeiro lugar, uma promessa divina que, ao mesmo tempo, é uma esperança totalmente nova. Javé não desespera, não marginaliza o homem. Castiga, mas salva. È o Deus que reconhece as fraquezas humanas, mas não concorda com elas. Não concorda em deixar o homem abandonado nas mãos de sua fraqueza, de sua bancarrota. Envia seu profeta anunciando uma nova aliança. Deus demonstra sua incrível insistência em sempre de novo contar com o homem. Sua imensa paciência com a coroa de sua criação Sua indefinível capacidade de não entregar os pontos em definitivo mas de incansavelmente preocupar-se por fazer de Israel finalmente um povo que corresponda ao seu desígnio de imagem de Deus no mundo, um povo que deixe de lado suas falsas seguranças, sua cegueira religiosa, social, econômica e política, e se volte para aquilo para que foi criado: a fidelidade a Deus e ao homem, a fidelidade à vontade de Deus, de ver o mundo andar dentro de seus ditames.
Mas, então, como é que fica a questão da liberdade do homem? Não se cai num deísmo que faz do homem um simples boneco, sem vontade e sem iniciativas, nas mãos de uma divindade que age sem consultá-lo? Não prega Jeremias a anulação da vontade individual do homem e a ação metafísica de um Deus que não conseguiu seu intento e agora mostra as cartas do jogo?
Este seria o caso, se Javé dissesse que mudou o jogo, desde sua raiz. Mas ele diz, através de Jeremias, o seguinte: a consequência lógica do jogo que vocês, os homens, estão fazendo é a sua destruição: eu quero colocar no seu coração a fé de que eu sou seu Deus e vocês formam o meu povo. Nada mais, mas também nada menos do que isso. De dentro para fora ele quer criar um povo que aceite sem mentir, sem enganar, o fato de que somente Deus pode dar liberdade, de que somente sua vontade é o caminho que leva o mundo à sobrevivência. Mas a ação e a realização das coisas deste mundo ficam com o homem. E esse o privilégio do povo escolhido por Javé: agir e viver em seu nome. Javé não quer transformar este mundo à revelia do homem O homem é o agente, através do qual ele agiu, age e agirá.
E em Jesus Cristo isso se tornou definitivamente claro. A renovação do homem é coisa de Deus, a transformação de nosso tipo de vida, de nosso mundo, de nosso sistema é nossa responsabilidade.
III — Nós e a aliança com Deus
Talvez seja um tanto arriscado dizer que em Jesus Cristo Deus colocou um ponto final na velha aliança e iniciou a nova. Para nós, hoje, isto está claro. Mas será que fazemos jus ao que Jeremias disse, quando simplesmente transportamos esta aliança para Jesus Cristo e com isso nos colocamos em chão firme e conhecido? De fato, temos que analisar também o que acontece conosco, apesar da vinda de Cristo e apesar dos quase dois mil anos de Igreja cristã no mundo.
Precisamos dizer com toda a clareza: não vemos muito de aliança com Deus inscrita em nossos corações e em nossas mentes. Olhemos para o mundo em que vivemos, para a sociedade que cons-truímos, para o modo como vivemos uns com os outros. (Ob.: Na época que escrevo esta meditação – março de 1981 – leio a manchete de jornal, dizendo que o Partido Democrata Cristão de El Salvador – pais em grave conflito interno – se uniu aos anseios da junta militar que governa o país 'com a promessa de pautar os atos políticos do regime militar centro dos exemplos cristãos. Até quando Deus permitirá que se o use neste- sentido impunemente?)
Alguns evidentemente podem bater no peito e dizer que em certos círculos se vive a aliança com Deus, em certas igrejas ou seitas se leva a sério a coisa. Mas eu pergunto: depois de quanto tempo de massagem espiritual, de convencionamentos, de estudos aprofundados, a que custo intelectual ou poder de oração (para não dizer poder de fogo!) e com o emprego de que artificialismos se conseguiu isso? Onde está o fato de que a aliança com Deus está inscrita naturalmente no coração e na mente dos homens? Onde está o milagre do qual fala von Rad? Onde está o amor ao próximo inscrito em nós? Vamos ser francos, isso não existe. A aliança não está inscrita em nós. E o perdão dos pecados não é uma coisa automática e natural. Precisamos pedir por ele. Precisamos confessar, na Santa Ceia, que estamos arrependidos. O perdão é dado, mas precisamos reconhecê-lo em nossa fé. A fé natural não existe. A fé precisa ser dada, precisa ser alimentada.
Precisamos reconhecer que Deus ainda não cumpriu o que falou através de Jeremias. No entanto, também não podemos deixar de ver a história de Cristo. Não podemos deixar de ouvi-lo dizer que seu sangue é a nova aliança. Não podemos deixar de saber que a cruz de disto nos colocou numa outra luz, numa outra perspectiva do que os que viviam sob a velha aliança. Vivemos na história da profecia de Jeremias Vivemos no tempo do já aconteceu – ainda não aconteceu, somos a geração do simul iustus et peccator, consumimos a esperança do que o milagre ainda não aconteceu em sua totalidade, mas temos a certeza de que acontecerá. Não somente porque Jeremias o anunciou, mas porque em Cristo o milagre se antecipou a si mesmo e só tornou realidade. Portanto, a profecia de Jeremias ainda não chegou no seu fim. A palavra de Deus, que há dois mil e quinhentos anos iluminou e consolou um povo derrotado, também ilumina, agora ampliada e concretizada pela história de Cristo, nossa história, a miséria do mundo em que vivemos hoje.
E este fato, em nossa pequena fé, deve despertar dois aspectos importantes:
a) É colocada sobre nossas cabeças uma verdadeira fogueira, quando sabemos e reconhecemos que a fidelidade de Deus para conosco, isto é, sua preocupação em nos libertar de um ativismo capitalista e consumista descontrolado por ser egoísta, não se extinguiu. E com isso assumimos responsabilidade e não, o privilégio do comodismo dos que não crêem. Assim como esta fidelidade não se extinguiu com um povo tão desobediente como o de Israel, podemos levar a certeza de que em Cristo esta realidade se tornou ainda mais válida para nós todos. Mas a fogueira em cima de nossas cabeças deveria nos fazer correr para procurarmos corresponder, pelo menos na medida do possível, a esta fidelidade infinita de Deus. Deveríamos tentar analisar com honestidade onde costumamos quebrar a aliança com Deus hoje.
E aí chegamos ao modo de como medimos nossas ações. Quais são as medidas com as quais construímos nosso mundo, qual o prumo que usamos para saber se a parede de nosso desenvolvimento está reta ou se não está? Por que existem injustiças, porque nossa sociedade é uma pirâmide em que os poucos de cima esmagam a base? Sabemos. Porque há o imediatismo louco na exploração da terra, da economia e em última análise do homem. Há uma pressa moderna inscrita em nossos corações, há necessidade de crescer. Mas crescer para onde? Crescer para quê? Para realizar de modo pleno os homens todos em sua total existência? Ou para conseguir salvar a pele de alguns poucos diante da explosão populacional e da fome que está iminente? Sabemos também, que isso acontece porque nós, com nosso tipo de igreja, não apenas estamos muito pouco preocupados com isso, mas, muito mais, ainda fomentamos uma mentalidade que nada tem a ver com a nova aliança, em nome da qual construímos belos templos, casas paroquiais, e abrimos tão ingenuamente a boca domingo após domingo. Não podemos desconhecer que este aspecto ainda continua grave, apesar de reconhecimentos existentes por ai. Nem devemos nos enganar: a fogueira está acesa em cima de nossas cabeças.
b) Mas, por outro lado, existe o inominável, o maravilhoso lado de um Deus que não confia da qualquer modo em nosso ativismo, seja lá qual for. É um Deus com um pé atrás, felizmente. Que conhece nossa fraqueza, mas que não cansa de confiar em nós, que pelo menos não cansa de nos querer bem. É o Deus que, através de Jeremias, nos mostra a sua ira a ponto de usar povos estranhos para acabar com as bases da existência de Israel, e que mostra hoje a sua ira quando reconhecemos atarantados que nosso sistema social, com armas nucleares para defender nossas misérias e esconder nossas vergonhas americanas, e com uma fome secular, indica apenas para um fim tenebroso. Mas é também o Deus que não quer esse fim para nós. É desse fim que ele nos quer libertar, já agora, colocando-nos já ao alcance de sua aliança definitiva, deixando-nos provar e participar dela. Como essa pregação de Jeremias é diferente das pregações hoje tão em voga, de um fim desastroso e de um juízo final escuro para todos! É, dentro do desespero, a pregação de um Deus que nos liberta de tudo isso, sem nossa participação.
Creio que é dessa fé que podemos tirar nossa tranquilidade para a ação. Ir com todas as forças para onde a aliança com Deus está quebrada ou vai sendo quebrada. Agir em nome de Deus, em nome de Cristo, onde não se pergunta mais pela vontade de Deus, como, por exemplo, nos governos e nas administrações econômicas de hoje no Brasil. Agir ali onde cristãos, em nome de Cristo, pregam uma religião alienada desusas preocupações e, com isso, se fazem de cortesãos, colocando-se a serviço dos grandes, dos poucos que estão em cima da pirâmide Agir ali onde a corrupção, seja ela qual for, está dando poder a homens para explorar e para mentir. Agir ali onde se acha que com poder e com força e com dinheiro se pode obrigar ou comprar a cons-ciência e os corpos das pessoas, e construir uma sociedade que faz questão de que os homens olhem só para si.
Mas, ao mesmo tempo, podemos saber que esta luta não é a definitiva. Quem sabe isso, sabe agir tranquila e profundamente, e não estará preocupado com vitórias ou derrotas, com falta de massas na igreja, com a vitória muito mais estrondosa dos outros. Pois o mundo ainda não está transformado, ainda não está colocada no coração de todos a aliança de Deus. Por isso, aqui a vitória ainda pertence a outras forças. Mas, finalmente, Deus colocará a aliança total nos corações de todos. Isto Cristo nos demonstrou e isso Jeremias já reconheceu.
Estamos indo ao encontro da liberdade total: essa é nossa fé, essa é nossa tarefa.
IV — Subsídios litúrgicos
1. Hinos 94.98,109 e 1 10. do Hinário da IECLB.
2 Intróito: Diz Jesus: Se alguém quer vir após mim. a si mesmo se ne-guo. tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdé-la-á, ti quem perder a vida por causa de mim e do evangelho, salvá-la-á. (Mc 8.34-35)
3 Confissão de pecados: Senhor, nosso Ra i e Criador, tu nos amas descia que nos criaste e nos puseste neste mundo para cuidarmos dele. Mas quebramos sempre a aliança que firmaste com nossos antepassados e conosco em Jesus Cristo. Não correspondemos àquilo que esperas de nós. (Colocar aqui casos acontecidos e conhecidos, recentes, onde se revela a desobediência a Deus e pelos quais nos sentimos arrependidos.) Conhecemos-te como um Deus que perdoa. É por isso que nos atrevemos a chegar a ti e pedir: tem piedade de nós, Senhor!
4 Anúncio de graça: Diz o apóstolo Paulo: Se vive em vocês o Espírito do Deus que ressuscitou Jesus, então aquele que ressuscitou Cristo dará também vida aos seus corpos mortais, pela presença de seu Espirito que vive em vocês. Eu penso que o que sofremos neste mundo não pode ser comparado, de |olto nenhum, com a glória que nos será revelada: um dia o próprio universo ficará livre da escravidão e da decadência e tomará parte na gloriosa liberdade dos filhos de Deus. (Rm 8.11.18.21)
5. Oração de coleta: Senhor, estamos cercados pelas leis criadas pelo desamor. Estamos participando da construção de um mundo em que valem outras leis. Não as tuas. Por isso vemos mendigos nas ruas, favelas crescendo, agricultores sempre mais pobres e saindo de suas terra, donas de casa não sabendo mais como matar a fome de seus filhos, maridos à procura de trabalho que não existe ou é mal pago. Inscreve em nossos corações agora já, neste culto, as tuas leis, o teu amor, a tua aliança de perdão e de aceitação, para que possamos ir, com a força do teu Espírito, levar em palavra e em ação tua vontade ao mundo. Amém.
6. Leitura bíblica: João 15.26 – 16.4.
7. Oração final: Senhor, tu nos disseste que podemos vir a ti, que nos ouves. Ouve-nos quando te pedimos por aqueles que são responsáveis pela miséria e pela pobreza em nosso país. Imprime-lhes no coração a tua lei, antes que sejam destruídos pela sua própria ambição e pelas mãos de um povo com fome e desesperado. Faze tua aliança com nossos líderes que não conseguimos alcançar, para que abram os olhos e vejam que caminhos estamos percorrendo. Tua verdade de amor é a única que pode mostrar a eles a realidade das coisas. — Pedimos por todos nós, que rompemos a tua aliança. Faze-nos saber qual é nossa tarefa junto aos que clamam por nossa ajuda, muitas vezes com desespero. — Pedimos também tua clemência e tua interferência junto uns povos da América Latina que vivem em conflitos internos graves. Onde milhares de jovens perdem sua vida por causa de interesses políticos e econômicos de alguns poucos homens sem escrúpulos. Deixa teu Espírito agir através de homens que não têm medo de morrer por tua causa. Aceita os que perdem a vida para que possa haver liberdade neste mundo ainda caído. Mas leva-nos o mais depressa possível para o momento em que não precisará mais haver derramamento de sangue e onde a liberdade será a única realidade. — Pensamos também nos países desenvolvidos, que tem interesses duvidosos em nosso país, em nosso povo, em nossa mão-de-obra. Pedimos-te pelos grandes e ricos países que precisam de armas sempre mais sofisticadas para defenderem para si o que tiraram dos outros. Faze com que finalmente reconheçam que tu fizeste o mundo e suas riquezas para todos por igual e que, se assim é, ninguém precisa defender o que é seu, pois todos têm os mesmos direitos. — Confiamos em ti, Senhor, confiamos que o teu Espírito Santo age em nós e que com ele po¬deremos construir uma Igreja e um mundo que saiba qual o caminho que leva ao teu Reino. Leva-nos finalmente para este caminho, onde não haverá mais cruz, mas apenas ressurreição. Amém.
V – Bibliografia
– KUHL.C. Die Entstehung des Alten Testamento. 2.ed. Bern 1960.
– VON RAD, G. Theologie des Alten Testaments. Vol. 2. 4a ed. München, 1965.
– STECK, K. G. Meditação sobre Jeremias 31.31 .-34. in: Göttinger Predigtmeditationen. Ano 23. Caderno 2. Göttingen, 1969.
– ZIMMERLI. W. Das Gesetz und die Propheten. Göttingen, 1963.