Série: Quer seja oportuno, quer não
Dezembro
Tema: Na estrebaria do mundo a criança é esperança
Explicação do tema:
Em meio a uma situação de total abandono e morte — Estado autoritário não há lugar, estrebaria, pastores, matança de inocentes, fuga – é proclamado o nascimento do Salvador. Natal reflete pois a esperança que -nasce da miséria. Apesar da ameaça que a cerca, a criança sobrevive. Não há como espiritualizar essa situação. A estrebaria fede, o direito à hospedagem é negado, os marginais recebem o anuncio, crianças são mortas, o Estado obriga uma mulher grávida a dar à luz em terra estranha. Natal coloca o Evangelho numa criança fraca e pobre, em meio a fracos e pobres, e faz nascer ali a esperança por um novo mundo. Ignorando a marginalização de Cristo e dos homens, Natal perde o seu sentido.
Texto para a prédica: 1 Coríntios 1.26-31
Autor: Valdemar Lückemeyer
I — O texto e os coríntios
A nossa perícope faz parte de um bloco maior, com limites bem claros, 1.10 – 4.21 , que nos mostra como o apóstolo Paulo combate a formação de grupos dentro da comunidade e como ele também não admite infiltração de outras pregações na comunidade. A comunidade cristã de Corinto era o espelho da cidade como um todo: crescia e florescia; e gente de toda parte, com toda sorte de sistemas de vida, vinha a Corinto. A comunidade não ficava intacta a tudo isso. O gnosticismo, por exemplo, achou terreno favorável para se alastrar, e infiltrou-se na comunidade cristã. Bultmann afirma que o movimento gnóstico significou a concorrência mais séria e perigosa para a missão cristã; e isto, devido a um parentesco muito próximo com o cristianismo: ele também apontava para a necessidade de uma nova compreensão do mundo e da pessoa. O gnóstico, ciente de sua origem celestial e possuidor de uma centelha divina, esperava a sua volta ao céu após ter-se libertado do corpo e do mundo. Já agora ele se sentia livre de tudo e para tudo, e, por isso, superior aos demais que não aceitavam esta pregação ou ainda não a conheciam e também não a entendiam. Além de distorcer o Evangelho, essa pregação começou a dividir a comunidade em grupos.
Mas não foi apenas o movimento gnóstico que causou separações e divisões na comunidade de Corinto. Alguns pregadores, ou por sua eloquência ou por suas ideias pessoais, também criaram pequenos partidos e linhas dentro da comunidade, e isto levou-a a um enfraquecimento e afastamento do centro do Evangelho. Por isso, Paulo contra-põe o Evangelho à sabedoria humana e secular. (1.18-3.23)
Especialmente a nossa perícope deixa claro como Deus não valoriza a sabedoria secular. Ao invés dos sábios, dos fortes, dos nobres ele chama os humildes, os fracos, os que nada são e nada têm, para formar sua comunidade. Assim Deus iniciou a comunidade em Corinto; assim ele sempre agiu; assim ele é! Na composição da comunidade de Corinto (reparai na vossa vocação) vê-se como Deus age, a quem ele chama e o que ele valoriza. No inicio do cap. 2 (2.1-5) Paulo mostra mais uma vez, agora apontando para si mesmo e para a sua forma de trabalho, que não é por meio de sabedoria e força humanas que Deus vem a nós ou que Deus teria mais facilidade de vir a nós, fazendo uso da sabedoria humana. É justamente o contrário!
O nosso texto é o desdobramento de 1.17ss, é a definição clara da Teologia da Cruz. Deus age de forma incompreensível, inaceitável até, aos olhos da sabedoria humana. Como pode ele fazer uso de fracos, de humildes, de pessoas insignificantes, deixando os entendidos, os fortes e os influentes de lado? Esta é a loucura de Deus.
Os sábios, os fortes, os de destaque sempre correm o perigo de planejar e realizar por conta própria e baseados em suas capacidades; e, depois de terem alcançado o alvo colocado por eles mesmos, sentem-se realizados e satisfeitos (vanglória). Todo o sábio e todo o forte sonha e quer ir para cima, para os altos, ao passo que Deus se esvazia, vai para baixo, manifesta-se na fraqueza. Só o fraco sabe de sua real situação e, por isso, caso conseguir algo, sabe que não foi por sua causa. Apenas quando se está lá embaixo, quando o homem se despe de toda força, autoconfiança e orgulho, é que se pode ouvir o chamado (KLÈSIS) de Deus. É Deus quem chama, quem vem ao encontro, quem faz tudo; mas é possível dizer que o homem precisa se encontrar no faixa em que Deus quer entrar. A sintonia na qual Deus se comunica com a criatura humana é justamente a da fraqueza, do vazio, do não ter e não ser nada. Se o homem não sintonizar nesta faixa, ouvirá outras mensagens, receberá outras orientações (quem sabe até suas próprias), e jamais entenderá Deus. Barth falava da composição proletária da comunidade; ou seja. a comunidade é composta por pessoas que nada têm e que nada são (i Co 11.22 e 7.2lss). Estas ficam na sintonia correta. Ali Deus vai se comunicar. Os humildes são considerados felizes ou bem-aventurados (Mt 5.3) e os pequeninos são ensinados por Deus mesmo (Mt 11.25).
Uma vez clara a composição da comunidade, uma vez visto quem realmente forma a base e a grande maioria da Igreja, não há motivo de exaltação e orgulho: todos estão de mãos vazias e sabem que só Deus poderá enchê-las. Isto, aliás, também é de sua vontade, pois na comunidade as pessoas estão em Cristo. Uma nova realidade está-se oferecendo a elas e quer determinar todas as suas ações e seus planejamentos. Esta nova realidade, este estar em Cristo, este futuro imediato que se está colocando em suas vidas, é a grandeza do Reino de Deus. Estando em Cristo é que eles conseguirão ver que Deus os aceitou como seus filhos e que os uniu num só rebanho. Através de Cristo entenderam que Deus está ao lado deles, e por isso Cristo é a sua sabedoria, a sua justiça, a sua santificação e a sua redenção. (v.30)
A participação na comunidade (KLÈSIS) – ou também o estar em Cristo – possibilita ao humilde, ignorante e fraco entender que ele mesmo nada precisa fazer para sua aceitação por Deus, pois Deus, através de Cristo, já o aceitou. Por isso Cristo é sua sabedoria, sua redenção sua santificação. Em Jesus Cristo, Deus deu ao homem o que ele, por si só, jamais alcançaria. Dessa forma, toda glória pertence a Deus unicamente.
Assim Deus é e assim ele age.
II — O texto e nossa gente
Estudei a passagem com dois grupos da comunidade. Todos tinham o texto mimeografado em mãos, na versão da Bíblia na Linguagem de Hoje (sugiro o uso desta versão para a leitura do texto à comunidade), e partimos da pergunta: o que este texto nos quer ensinar?.
As respostas e manifestações que mais chamaram a atenção foram: Eu entendo assim: que a gente não deve ser orgulhoso ou querer construir grande só para aparecer — isto Deus não quer. — Deus nos colocou no mundo para ser simples e nós não devemos querer ser mais do que somos. Se Deus quis a gente simples, então a gente deve continuar ser simples. — Que Deus escolhe os simples e os humildes, isto dá para ver que ele escolheu os discípulos bem simples: não foram os que viviam na igreja ou em casas boas; alguns eram pescadores. — Deus escolheu os que não tinham poder, porque estes obedecem. — Deus quis mostrar que um pescador pode tão bem pregar como um sábio. — Se eu vivesse naquela época, eu não teria acreditado na pregação de alguém que era pescador, isso eu não ia conseguir. — Humilde e simples também foi tudo quando Jesus nasceu; loi numa estrebaria que ele nasceu e não foi como príncipe. Mas ele tinha que nascer pobre para que os pobres se sentissem na altura dele.
Surgiram também algumas dúvidas e perguntas. E na medida em que avançávamos, começaram a surgir, de forma clara e bem expressa, manifestações de inconformidade com o texto e com algumas colocações. Por exemplo: Eu não iria acreditar naquilo que um simples pescador iria pregar. — Dizer que Deus só aceita os humildes e os pobres, isso eu acho absurdo, porque também tem ricos bons. — Deus não chama só os humildes e pobres, porque a Bíblia também fala de um cristão que era médico (Lucas?).
Avaliando os dois estudos, percebi mais uma vez o quanto nossos membros e, muitas vezes, nós todos temos dificuldade em falar sobre humildade e pobreza em nossos círculos. Para a grande maioria dos nossos membros, cristianismo nada tem a ver com pobreza e fraqueza, e quando esse assunto entra em pauta, logo se levantam barreiras e muitos começam a se defender. Defendem-se mesmo que não sejam atingidos — assim ao menos me parece (quem sabe, aprenderam a defender automaticamente o sistema capitalista). Percebi, por outro lado, que a simples leitura do nosso texto trazia logo a lembrança do nascimento de Jesus na maior simplicidade e pobreza. O texto realmente fala de como Deus age. E Natal é uma ação concreta de Deus.
III — O texto e Lutero
Não tenho às mãos nenhuma prédica de Martim Lutero sobre a nossa perícope. O devocionário Castelo Forte 1983 traz algumas palavras de Lutero sobre o texto e também sobre o Natal. Vejo que estas palavras podem enriquecer a nossa reflexão:
Assim Cristo inicia seu reino através de leigos que não tinham instrução alguma e simples pescadores que não tinham estudado as Escrituras Sagradas. Parece absurdo que a igreja cristã começou com aqueles pobres coitados e com a escandalosa pregação de Jesus de Nazaré, crucificado, ridicularizado, cuspido, caluniado, maltratado de modo mais vergonhoso e afinal pregado na cruz e morto como agitador e blasfemo, como indica o letreiro no alto da cruz.
Que o bondoso Deus me livre da igreja cristã onde só existem santos. Eu quero ficar naquela igreja e estar entre aquele pequeno grupo de gente desanimada, fraca e doente, que reconhece e sente seu pecado, miséria e desgraça, e que também de coração e sem cessar anseia e clama a Deus por consolo e ajuda, crê no perdão dos pecados e é perseguida por causa da palavra. O diabo é um velhaco muito esperto. Ele usa os entusiastas para levar os ingénuos a acreditar que o importante não é pregar o evangelho, e sim voltar-se para outras coisas, como levar uma vida santificada, carregar a cruz e sofrer bastante perseguição. E através da falsa aparência desta santidade inventada por eles mesmos, e que é contrária à palavra de Deus, muita gente é enganada. Mas nossa santidade e justiça é Cristo, em quem, e não em nós mesmos, somos perfeitos.
Cristo somente pode dar-nos seu poder se formos fracos. Se pudéssemos fazer frente a nossos adversários por meio de nossa própria força e poder, a glória seria nossa e não de Cristo. Agora a experiência nos ensina que não podemos ajudar a nós mesmos, mas que Deus tem de fazer isso. Assim ele é glorificado em nossa fraqueza. Cristo, o Senhor, nos consola com esse conhecimento de que por vezes temos que ser fracos enquanto nossos inimigos se fortalecem e se gabam, mas, apesar de tudo, Cristo sai vitorioso.
As palavras não temais indicam que esse Rei nasceu para aqueles que vivem em temor e tremor, e que somente esses fazem parte de seu reino. A esses deve-se anunciar uma mensagem semelhante àquela que o anjo anunciou aos pobres e atemorizados pastores: Eis aqui lhes trago boa nova de grande alegria.' Essa alegria, na verdade, é oferecida a todo o povo; mas apenas aqueles que têm consciências atribuladas e corações atemorizados podem sentir essa alegria. O mundo está contente e se sente bem quando tem bens, dinheiro, glória e poder. Agora, um coração atribulado e miserável não deseja outra coisa senão paz e consolo, certeza de que Deus lhe é gracioso.
Veja, que imensa honra Deus não concede àqueles que são desprezados pêlos homens e se alegram nisso! Aqui percebemos para onde se dirige seu olhar! Apenas para baixo e para as profundezas, como está escrito: Ele está entronizado acima dos querubins, contudo olha para as profundezas e para os abismos. Os anjos também não foram ao encontro de príncipes ou poderosos, e sim de leigos incultos e das pessoas mais humildes da face da terra. Não poderiam ter-se dirigido ao sumo sacerdote, aos escribas de Jerusalém, pessoas que tinham muito a falar sobre Deus e os anjos? Não. Os pobres pastores, que nada eram nesta terra, foram dignos dessa grande graça e honra no céu. Veja como Deus despreza o que é altaneiro.
IV — O texto e Natal
1. Ambiente festivo, de harmonia, de alegria, de fraternidade universal, de ternura, de enlevo, de perdão, de paz. Os jingles, as músicas, a propaganda, os meios de comunicação em geral veiculam uma imagem de Natal pretensamente celestial ou angelical. Desde a infância nós todos somos influenciados e orientados para almejarmos esse Natal de aconchego e conforto material e afetivo na assim chamada maior festa da Cristandade
Em contrapartida, o nascimento de Jesus Cristo ocorreu de fato, conforme os relatos evangélicos, numa estrebaria que fede a esterco de animais. Esta criança que ali jaz, está cercada de ameaças que atentam contra a sua sobrevivência. Ela nasce em terra estranha, porque um estado autoritário obriga seus pais a se deslocarem de uma cidade a outra. Um dos direitos básicos entre os israelitas é quebrado, quando Maria e José não encontram hospedagem.
A criança nasce e é deitada num cocho próprio para a alimentação de animais. Um rei ciumento e prepotente ordena a matança de inocentes, por sentir-se ameaçado por um menino.
Mesmo assim, apesar da morte que a cerca, a criança sobrevive. É da miséria da estrebaria que nasce a esperança para o mundo. Um menino indefeso é preservado por Deus em meio a todas as condições adversas.
Neste contexto, não é de admirar que o anúncio do nascimento do Salvador tenha nos pastores os seus primeiros destinatários. Marginais abandonados e esquecidos recebem o Evangelho. Estão na mesma situação que o menino. Talvez justamente por isso eles tenham olhos para ver o anjo, ao passo que pessoas ditas de bem não o enxergam até hoje.
Natal coloca, pois, o Evangelho numa criança fraca e pobre, cercada de ameaças, em meio a fracos e pobres, e faz nascer ali a esperança por um novo mundo. Em vista disso, a pregação não pode deixar de ter vistas para os fracos, pobres e marginalizados de nossa sociedade. Em outras palavras: Natal não pode ser espiritualizado. É na estrebaria do mundo que a criança é esperança. Ignorando-se a marginalização de Cristo e dos homens, Natal perde o seu sentido.
2. Eles queriam um grande rei, que fosse forte e dominador, e por Isso não creram nele e mataram o Salvador, diz o estribilho de urna canção boa de se cantar. Esse estribilho mostra o que é sabedoria humana, revela claramente como pensam e agem os poderosos. Deus, em Jesus Cristo, não coube no esquema do mundo e consequentemente foi necessário eliminá-lo e afastá-lo. Desde que Deus iniciou a implantação do seu Reino, os fortes e sábios deste mundo se sentem ameaçados e jamais vão concordar com alterações e mudanças que não visam o seu bem-estar. Quando Deus se tornou um de nós, na indefesa e paupérrima criança da estrebaria de Belém, o mais forte do pais, a saber, o rei, logo se sentiu ameaçado e reagiu com perseguição e com morte. Os humildes, no entanto, alegravam-se sem cessar.
3. Como nós nos sentimos quando festejamos Natal e como os poderosos e sábios deste mundo se sentem festejando Natal? Os nossos cartões de Natal, impressos para serem comprados por muitos, via de regra desejam um feliz Natal e um próspero Ano Novo. Preferimos pensar na prosperidade do nosso próximo do que na humildade e fraqueza de Deus e da grande maioria de seus filhos. Em nosso meio tudo deve caminhar para a prosperidade das pessoas, mas lamentavelmente não de todas. Em todos os casos, a prosperidade é o alvo e, para alcançá-lo, todos os meios são válidos.
4. Natal é acontecimento de grande alegria e esperança. Vale, no entanto, a pergunta: alegria e esperança para quem? O nosso texto bíblico nos ajuda na procura da resposta: Natal é mensagem de alegria e esperança para os que não sabem mais como prosseguir, para os que não têm onde e em que se apoiar para não afundar; é mensagem de ânimo para os desanimados; Natal é o convite vem, para quem só ouviu sai!. E tudo isto aconteceu da forma mais simples, mais fraca, mais humilde possível.
Reparando na atuação de Deus através de toda a História, precisa ser dito que os humildes e os fracos continuam esperando por este Evangelho que lhes transforma a vida. Que a Igreja possa anunciá-lo clara e corajosamente também neste Natal!
V — O texto e a pregação
Nunca cheguei a pregar no Natal, partindo de 1 Co 1.26-31, mas pretendo fazê-lo neste ano. As dificuldades serão muitas, especialmente pelo fato de que o nosso texto não é nenhum bálsamo para os nossos ouvintes tradicionais — e que no Natal são muitos. Em sua grande maioria, eles — e também nós, pregadores, que também somos membros! — têm dificuldade em aceitar um Deus tão fraco e tão humilde como ele se nos apresenta.
Baseado nisso, sugiro uma prédica temática: 1 Co 1.26-31 nos fala deste Deus que escolhe as coisas e as pessoas humildes, desprezadas e as que nada são para chamar a criatura humana para uma nova realidade, a saber o Reino de Deus.
Quem sabe, isto pode ser desenvolvido em três partes:
1. Resumidamente mostrar com quem e de que maneira Deus agiu no AT (um punhado de escravos, este povo eleito, o preferido por Deus; o clamor de alguns profetas, quando o povo se esquecia dos seus fracos e marginalizados).
2. Mostrar detalhadamente os acontecimentos que envolveram o nascimento de Jesus (veja acima IV/1), observar o grupo dos discípulos (ninguém letrado ou de destaque) e eventualmente ainda observar a atuação de Jesus (veja Mt 5.3; 11.25; 1.28 e outros).
3. Descobrir onde estão e apontar para os humildes dentro da comunidade, e dizer a todos eles que uma nova época iniciou: Deus quer que iniciemos uma nova jornada. Todos são convidados para caminhar juntos e mesmo que alguns rejeitem o convite, a caminhada se realiza, e Deus vai na frente!
Deve-se mostrar que a caminhada em direção ao Reino de Deus tem regras bem concretas, estabelecidas por aquele, cujo nascimento hoje celebramos. Carlos Mesters as coloca assim:
Os fortes
— caminham sem Deus,
— promovem o ódio e matam,
— defendem-se peta vingança,
— abusam de Deus pela superstição,
— querem ser donos, oprimindo os outros.
Os convidados
— caminham com Deus,
— destroem as divisões que impedem o amor,
— sabem perdoar 70 vezes 7,
— têm a coragem de confiar no amor de Deus,
— lutam contra a opressão e procuram servir.
E vale o alerta final: o absurdo de tal mensagem é que este Deus humilde e fraco, nasce marginalizado e depois é levado à cruz por causa de sua ação em favor de nós — este também é o caminho da sua Igreja, um grupo pequeno e fraco, que nada tem para se gloriar.
VI — Subsídios litúrgicos
1. Intróito: Vocês todos que procuram a justiça e buscam a Deus! Olhem para a rocha de onde foram talhados e para a pedreira de onde foram extraídos! Olhem para Abraão, seu Pai, e para Sara que os deu à luz! Quando o chamei ele era um só, mas se multiplicou por causa da minha bênção. (Is 51.1-2)
2. Confissão de pecados: Misericordioso Deus, nosso Pai. Tu te tornaste um de nós para nos mostrar claramente qual o caminho que devemos seguir. Nestes últimos dias, e de forma especial hoje estamos sentindo e vendo como seria bom, se todos pensassem e agissem de modo diferente. Mas nos próximos dias vamos nos esquecer de tudo. Voltaremos a agir como nesta última semana. E tudo porque a nossa vaidade e nosso orgulho não nos deixam buscar-te na humildade e na simplicidade onde tu te revelas e estás. Continuamos não te vendo. Continuamos esperando que tu mudes os outros, mas nós não queremos mudar. Esta é a nossa culpa. Perdoa-nos quando clamamos a ti: Tem piedade de nós, Senhor!
3. Oração de coleta: Senhor, nosso Deus e Pai. Muito obrigado por tudo que tu fizeste para nós até o dia de hoje, por teu esforço de querer o nosso bem, de querer nos ajudar. Muito obrigado também por este culto no qual tu tens coisas muito importantes a nos dizer -— elas são tão importantes que delas depende a nossa vida. Esteja conosco nesta hora e dá-nos a força do teu Espírito Santo para que possamos ouvir e depois praticar a tua palavra. Por Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Amém.
4. Leitura bíblica: Mt 2.13-18.
5. Oração final: Onipotente Deus, nosso Pai. Nós queremos te agradecer por este Natal — queremos te agradecer que tu fizeste acontecer o primeiro Natal e que estás em todos, querendo sempre a mesma coisa: que nós aceitemos esta vida oferecida na manjedoura. Queremos te agradecer que tu vieste simples e humilde e que não excluis ninguém daqueles que querem chegar a ti. Ajuda-nos para que nós não nos afastemos de ti nem da simplicidade que a manjedoura e a estrebaria querem refletir em nossas vidas. Ajuda-nos para que levemos esta tua palavra, criadora de nova vida, para todos os que vivem á margem da nossa comunidade, da nossa cidade. Para isso usa a tua Igreja aqui e em todas as partes do mundo; fortalece-a e equipa-a com pregadores corajosos e convictos da boa nova. Fortalece todos que não têm esperança por uma nova vida: pensamos especialmente em todos os desempregados, nos viciados em drogas e no álcool, nos que carregam uma doença difícil consigo, nos órfãos, nos velhos abandonados; pensamos também em todos que estão sendo explorados. Pedimos-te também por nossa comunidade, por todos os setores de trabalho que nela existem e por nossas famílias: abençoa a todos, Senhor. Sê também com a direção da nossa Igreja e com todos os seus setores e órgãos de trabalho para que procurem cumprir com a tua vontade. Guia-nos e guarda-nos hoje e nestes últimos dias deste ano. Abençoa todos nossos familiares aqui e longe daqui. Por Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Amém.
VII — Bibliografia
— BULTMANN, R. Theologie des Neuen Testaments. 6a ed. Tübingen, 1968.
— DREHER, C.F.R. Meditação sobre 1 Coríntios 1.26-31. In: Proclamar Libertação. Vol. 5. São Leopoldo, 1979.
— MESTERS, C. Abraão e Sara. 3a ed. Petrópolis, 1980.
— VOIGT, G. Meditação sobre 1 Corintios 1.26-31. In: —Die himmlische Berufung. Göttingen, 1981.
— WENDLAND, H.D. Die Briefe an die Korinther. In: Das Neue Testament Deutsch. Vol. 7. Göttingen, 1968.