Retrospectiva
Sínodo Centro-Sul Catarinense
Edson Saes Ferreira – Pastor Sinodal em duas gestões (1998/2006)
Em aberto protesto contra a transformação do Evangelho em leis e interpretações distorcidas pela Igreja de Roma, Deus capacitou e usou poderosamente o frei Martim Lutero para assumir o que já era latente na Europa: um movimento de Reforma. O século 16 foi o momento apropriado para desencadear abertamente a Reforma na Igreja Cristã. Lutero não quis fundar uma nova Igreja, sonhava apenas com uma Reforma profunda. A Reforma pretendia ser uma volta às origens da fé cristã.
Em sua busca desesperada por salvação e perdão, Lutero mergulhou no estudo da Bíblia. O primeiro e grande resultado foi a convicção de que a Bíblia é a única fonte de conhecimento sobre Deus e seu plano de salvação da humanidade, através do sacrifício, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
SURGINDO A IECLB
Como Igreja herdeira da Reforma, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) é parceira assumida do pensamento de Lutero: a Bíblia é o único texto básico para nortear seu crer e seu agir. Auxílios interpretativos da Bíblia são os textos da Reforma: a Confissão de Augsburgo e os Catecismos Maior e Menor de Lutero.
O profundo estudo e reflexão levou Lutero a descobrir o ponto central da mensagem de salvação contida no Novo Testamento, ou seja, a salvação proposta por Deus está centrada sobre quatro pilares: somente por Cristo, somente pela Fé, somente pela Graça, somente pelas Escrituras. Estes pilares são orientadores e básicos também nos dias de hoje para o crer e o agir da IECLB e, por conseguinte do Sínodo Centro-Sul Catarinense.
A IECLB é uma igreja de imigrantes. No século 19 muitos europeus atravessaram o Atlântico em busca de novas oportunidades e de vida mais digna. Cerca de 300 mil europeus, em sua maioria de origem alemã (60% deles eram protestantes), encontraram uma nova pátria no Brasil a partir de 1822.
O surgimento da IECLB está intimamente ligado ao movimento migratório e isto marcou nossa Igreja de maneira profunda. Desde o início, os migrantes acabaram participando de um processo altamente complicado no que diz respeito à terra. Eles sabiam que as terras que o governo estava liberando tinham dono: os índios. Os recém-chegados não sabiam como comportar-se diante desse novo momento e diante dos seus novos vizinhos. Muitos confrontos e muitas injustiças, de ambas as partes, aconteceram e geram desconforto até os dias atuais.
Os imigrantes alemães trouxeram junto em sua bagagem uma planta idealizada pelo Reformador Martim Lutero: ao lado de cada templo uma escola. Como conseqüência dessa visão aos poucos foram surgindo escolas e mais escolas comunitárias evangélicas no Brasil. Hoje ainda colhemos resultados positivos desse pensamento que veio junto com os evangélicos.
Deixar de viver em completo isolamento foi um constante desafio para os primeiros luteranos brasileiros. Prova disso são os esforços para formar os primeiros Sínodos. Em 1949, foi constituída a Federação Sinodal, 125 anos após a chegada ao Brasil. Em outubro de 1968, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil constituiu-se como Igreja em nível nacional. Foram criadas as Regiões Eclesiásticas e os Distritos Eclesiásticos.
SURGINDO OS SÍNODOS
A nova Constituição da IECLB, aprovada em Concílio Geral Extraordinário, em fevereiro de 1997, em Ivoti (RS), reformula e reorganiza a estrutura, descentralizando-a e dando maior autonomia às bases. Mudança substancial aconteceu com a criação de 18 Sínodos e a conseqüente supressão das Regiões Eclesiásticas e dos Distritos Eclesiásticos.
Cada Sínodo é formado por um conjunto de Comunidades e Paróquias dentro de uma determinada área geográfica. Cada Sínodo tem um Conselho Sinodal. A responsabilidade administrativa é tarefa da liderança leiga. Ao pastor sinodal, juntamente com o Vice-Pastor Sinodal, cabe a responsabilidade de supervisionar o trabalho eclesiástico na área do Sínodo. (Base: Conheça a IECLB – Editora Sinodal).
De acordo com o Artigo 45 do Regimento Interno da IECLB, compete ao Pastor Sinodal:
I – visitar os obreiros e assisti-los em suas dificuldades no ministério e na vida pessoal;
II – instalar os obreiros nos diversos campos de trabalho na área do Sínodo;
III – consagrar templos e centros de pregação, bem como presidir outras solenidades congêneres na área do Sínodo;
IV – zelar pela representação condigna da Igreja em atos públicos e oficiais na área do Sínodo;
V – incentivar as Comunidades do Sínodo na execução de suas tarefas específicas de pregação, diaconia, catequese e missão;
VI – apresentar relatório de suas atividades e programas de atuação para o exercício seguinte, ao Conselho Sinodal e à Assembléia Sinodal;
VII – em conjunto com o Conselho Sinodal:
a) exercer a função de guia espiritual das Comunidades e dos obreiros em atuação na área do Sínodo;
b) zelar pela unidade de orientação doutrinária e pastoral da Igreja no Sínodo;
c) dedicar-se ao aprofundamento teológico dos obreiros e colaboradores nos diversos ministérios, através de conferências, seminários, cursos e fóruns de estudos.
SURGINDO O SÍNODO CENTRO-SUL CATARINENSE
Como os demais Sínodos da IECLB, o Sínodo Centro-Sul Catarinense teve seu início formal em janeiro de 1998. Antes, porém, tivemos alguns momentos marcantes.
No dia 2 de agosto de 1997, às 9:15 horas, no templo da Comunidade Evangélica Luterana de Alfredo Wagner.SC., o Pastor Regional Meinrad Piske, presidiu a Assembléia que havia sido convocada ainda pela Região II. O Vice-Pastor Regional Egberto Schwanz dirigiu a meditação baseada no Salmo 130.1-2 e Lucas 17.12-13, palavras da Senhas Diárias previstas para o dia. O Pastor Egberto Schwanz redigiu a ata da Assembléia. Participaram desta Assembléia os representantes dos Distritos Eclesiásticos de Florianópolis, Serra do Mar e Rio do Sul. Por consenso foi escolhido o nome do Sínodo que ficou assim denominado: Sínodo Centro-Sul Catarinense. Foi sugerido data e local para realização da Assembléia Constitutiva do Sínodo Centro-Sul Catarinense. Foi fixada a data de 11 de outubro de 1997 em Rancho Queimado.
O Sínodo Centro-Sul Catarinense foi constituído por 22 Paróquias e 122 Comunidades. Nome das Paróquias: 1. Agrolândia (1 Pastor) (395 cotas); 2. Alfredo Wagner (1 Pastor) (300 cotas); 3. Aririú e Santo Amaro da Imperatriz (1 Pastor) (63 cotas); 4. Aurora (1 Pastor) (220 cotas); 5. Florianópolis (2 Pastores + 1 Diácona) (320 cotas); 6. Ibirama (2 Pastores) (800 cotas); 7. Ituporanga (2 Pastores) (325 cotas); 8. Lages (1 Pastor) (182 cotas); 9. Leoberto Leal (1 Pastor) (300 cotas); 10. Lontras (1 Pastor) (250 cotas); 11. Palhoça (1 Pastor) (190 cotas); 12. Petrolândia (1 Pastor) (200 cotas); 13. Pouso Redondo (1 Pastor) (200 cotas); 14. Presidente Getúlio (2 Pastores) (460 cotas); 15. Rio do Sul (2 Pastores) (670 cotas); 16. Rio São João (1 Pastor) (320 cotas); 17. Santa Isabel (2 Pastores) (385 cotas); São José (1 Pastor) (195 cotas); 19. Sul de Santa Catarina (1 Pastor) (150 cotas); 20. Taió (1 Pastor) (370 cotas); 21. Taquaras (1 Pastor) (350 cotas); 22. Trombudo Central (1 Pastor) (560 cotas).
22 Paróquias + 2 campos especiais de trabalho.
Havia dois campos especiais de trabalho: Asilo Recanto do Sossego (1 Pastor); Povos Indígenas em Santa Catarina (1 Pastora).
Total de Obreiros na época da constituição do Sínodo:
30 Pastores
1 Pastora
1 Diácona
Obs. Na constituição do Sínodo Centro-Sul Catarinense, a estatística ano-base 2001 registrava o seguinte número de membros: 48.062.
Para presidir a Assembléia Sinodal constitutiva foi escolhido por unanimidade o Pastor Regional Meinrad Piske e como vice o Dr. Milton Laske.
A comissão para a elaboração dos Estatutos do Sínodo ficou assim constituída: Dr. Silvio Saul Muller (presidente), Sr. Loriberto Starosky e Pastor Arno Paganelli, e, como assessor, Sr. Hélio Walber.
A comissão para elaboração do orçamento de receitas e despesas para 1998, bem como as normas, regras e medidas para a implantação do Sínodo ficou assim constituída: Pastor Sérgio Gessner (presidente), Sr. Rudolf L. Martins, Sr. Hermann Piske, Frederico Heinz.
Conforme programado, no dia 11 de outubro de 1997, nas dependências da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Rancho Queimado.SC., realizou-se a Assembléia Geral Constitutiva do Sínodo Centro-Sul Catarinense, sob a presidência do Pastor Regional Meinrad Piske e do vice-presidente Sr. Milton Laske.
Após cumprir os passos legais de uma Assembléia, foi apresentado, discutido e votado os Estatutos do Sínodo. A aprovação foi por unanimidade dos presentes. Os destaques aprovados foram inseridos no texto definitivo dos Estatutos do Sínodo.
A Assembléia Constitutiva do Sínodo Centro-Sul Catarinense contou com 157 votantes.
O Pastor Sinodal eleito foi Edson Saes Ferreira. O Vice-Pastor Sinodal eleito foi Nilton Giese.
A comissão jurídico doutrinária ficou assim constituída: Juristas Udo Barg como titular e Lauri von Muehlen, suplente. Ilênia Schäffer Sell como titular e Neri Sell como suplente. Obreiros: Rubens Horst como titular e Osnildo Friedemann como suplente. Sigolf Greuel como titular e Adelmo Oscar Struecker como suplente. Leigo: Vanderlei Boing como titular e Oscar Uessler como suplente.
Como Presidente da Assembléia foi eleito o Sr. Milton Laske, primeiro vice-presidente Pastor Rubens Horst e segundo vice-presidente Sr. Hélio E. Walber.
Como representante Sinodal no Conselho da Igreja foi eleito o Sr. Hélio E. Walber, primeiro suplente o Sr. Luiz Irapuan Campelo Bessa Filho e segundo suplente o Sr. Loriberto Starosky.
A primeira diretoria do Conselho Sinodal ficou assim constituída: Presidente, Sr. Milton Laske (Florianópolis); vice-presidente Sr. Frederico Heinz (Anitápolis). Tesoureiro Sr. Loriberto Starosky (Ituporanga); vice-tesoureiro Sr. Idilário Pottratz (Ituporanga). Secretário Sr. Vilásio Jairo Moretti (Vítor Meireles); vice-secretário José Carlos Arruda (Lages).
PARÓQUIAS QUE INTEGRAM O SÍNODO EM 2006
1. Agrolândia (1 Pastor); 2. Alfredo Wagner (1 Pastor); 3. Anitápolis (1 Pastor) falta parecer favorável da Assembléia Sinodal; 4. Aririú e Santo Amaro da Imperatriz (1 Pastor); 5. Atalanta (1 Pastor); 6. Aurora (1 Pastor); 7. Bela Vista (1 Pastor); 8. Braço do Trombudo (1 Pastor); 9. Florianópolis (3 Pastores); 10. Ibirama (2 Pastores); 11. Ituporanga (2 Pastores); 12. Lages (1 Pastor); 13. Leoberto Leal (1 Pastor); 14. Lontras (1 Pastor); 15. Palhoça (3 Pastores); 16. Petrolândia (1 Pastor); 17. Pouso Redondo (1 Pastor); 18. Presidente Getúlio (2 Pastores); 19. Rio Antinhas (1 Pastor); 20. Rancho Queimado (1 Pastor) falta parecer favorável da Assembléia Sinodal; 21. Rio do Sul (3 Pastores); 22. Rio São João (2 Pastores); 23. Santa Isabel (1 Pastor); 24. São José (2 Pastores); 25. Sobriedade (1 Pastor); 26. Sul de Santa Catarina (1 Pastor + 1 vaga publicada); 27. Taió (1 Pastor + 1 Pastora); 28. Taquaras (2 Pastores); 29. Trombudo Central (1 Pastor).
29 Paróquias + dois campos especiais de trabalho.
Dois campos de trabalhos especiais: Asilo Recanto do Sossego (1 Pastor + 1 Diácono); Povos Indígenas em Santa Catarina (1 Pastora).
Atualmente temos 2 pastores voluntários no nosso Sínodo: Pastor Bruno Jansen (Rio do Sul); Pastor Arno Paganelli (Palhoça).
Atualmente o Sínodo conta com os seguintes Obreiros:
45 Pastores
2 Pastoras
5 Diáconas
1 Diácono
53 Obreiros – Que residem na área do Sínodo e exercem alguma função ligada ao seu ministério.
Assim sendo, constatamos que desde a criação do Sínodo Centro-Sul Catarinense foram criadas, ou estão em processo de criação, mais 7 Paróquias.
ATUAL DIRETORIA DO CONSELHO SINODAL
A composição da atual diretoria do Conselho Sinodal é a seguinte: Sr. Silvio Saul Muller, presidente (São José); Sr. Otto Hermann Grimmm, vice-presidente (Rio do Sul); Loriberto Starosky, tesoureiro (Ituporanga); Leocir Luchtenberg, vice-tesoureiro (Ituporanga); Nelson Artur Schütz, secretário (Palhoça); Udo Barg, vice-secretário (Lages). Representante do Conselho Sinodal junto ao Conselho da Igreja: Hélio Erni Walber.
QUEBRANDO PARADIGMAS
O que é paradigma? É modelo, é padrão. É maneira de ser ou fazer que gera “modelo” que, por período mais longo ou mais curto orienta um determinado tipo de trabalho.
Quando iniciei no sínodo (janeiro/1998) tanto eu como Pastor Sinodal e a própria Diretoria do Conselho Sinodal tínhamos uma herança atrás de nós. A Igreja funcionava há muitos e muitos anos. Havia, por assim dizer, um modelo conhecido e praticado. Havia um determinado “calendário” instituído e havia as “situações de emergência” que deveriam ser atendidas. Eu sabia que calendário não é planejamento estratégico e que situações de emergência não dá para prever. No entanto, sabia que “algumas situações de emergências” poderiam ser abortadas com um intenso trabalho de visitação e freqüentes contatos com os pastores e presbíteros.
Por onde começar? Essa era a pergunta que gritava num Sínodo recém-nascido, sem a mínima estrutura possível. Sem sede, sem escritório, sem moradia, sem o mínimo de material necessário. Registro mais uma vez, com gratidão, a iniciativa da Comunidade de Florianópolis, colocando uma boa sala à disposição do Sínodo, sem ônus financeiro. Móveis ganhamos. Computador usei o meu. A Erica, minha esposa, por dois anos ajudou como uma “espécie de secretária” de maneira voluntária, sem nenhum ônus financeiro para o Sínodo. O dinheiro que herdamos da Região II foi todo aplicado na compra de um carro. Assim o Sínodo deu os primeiros passos. Havia por parte de alguns colegas pastores e de alguns presbíteros uma enorme resistência para que a Sede Sinodal fosse instalada em Florianópolis. Felizmente são coisas do passado!
Como Pastor Sinodal tinha a consciência do novo momento que passava a Igreja como um todo. Também no ano de 1998 fui eleito como Pastor Segundo Vice-Presidente da IECLB. Era mais trabalho, mais viagens, mais responsabilidade, mais oportunidade para servir ao Senhor Jesus Cristo em âmbito maior.
Como Pastor Sinodal sabia da necessidade do Sínodo ter um planejamento estratégico, envolver as Paróquias, envolver os colegas obreiros, envolver os presbíteros. Tudo era novo! Todos estavam esperando para ver no que ia dar esse tal de Sínodo. Seria melhor? Seria pior? Seria mais caro? Mais barato? Haveria mais controle sobre as Paróquias? Sobre os obreiros? Existiam muitas perguntas a serem respondidas. Essas perguntas começaram a ser respondidas com trabalho, dedicação, muitas viagens, muitas visitas, muitos programas. Aos poucos as resistências foram sendo vencidas. Paróquias se animaram, obreiros começaram a entender que o apoio era maior na nova estrutura, presbíteros foram envolvidos em várias atividades, o Conselho Sinodal era de todas as Paróquias. A Diretoria do Conselho Sinodal, liderada pelo Sr. Milton Laske foi incansável nas suas atribuições. A parte financeira foi totalmente descentralizada. Parece que somos um Sínodo que entendeu muito bem essa questão do dinheiro. A Sede Sinodal nem sequer mexe com a questão financeira. Tudo está sob os cuidados do tesoureiro, Sr. Loriberto Starosky que também é o contador encarregado dos registros financeiros do Sínodo. O Pastor Sinodal passou a ter tempo e priorizou o ser “pastor e pastorear o rebanho”. Enfim, instalou-se um Sínodo onde se procurou seguir a proposta de uma nova Igreja. Deu certo, com acertos e erros, somos um Sínodo onde as funções são respeitadas.
Na área do planejamento estratégico para um bom trabalho no Sínodo eu sabia que o primeiro passo para um planejamento bem-sucedido na Igreja é buscar ao Senhor. Busquei o Senhor, pedi a sábia orientação do Senhor. Busquei orientação com outras pessoas. Aos poucos foi surgindo um roteiro e um cronograma de trabalho em âmbito sinodal.
Um quebra de paradigma aconteceu com as freqüentes visitas aos colegas, presbíteros, comunidades. Todos queriam saber qual era o problema para o Pastor Sinodal estar ali. Inúmeras vezes expliquei: não tem problema, apenas estou visitando vocês, passando tempo com vocês, conhecendo vocês, anunciando o Evangelho entre vocês. Demorou para o pessoal “confiar” que, de fato, as visitas faziam parte de um roteiro de trabalho. Avaliando e pensando nesses oito anos e meio de atividade sinodal, arrisco dizer que muitas crises, muitos problemas foram abortados, por causa da sistemática implantada.
Como Pastor Sinodal eu queria conhecer todo o Sínodo, queria conhecer mais de perto os colegas, os presbíteros. Sabia que todo planejamento estratégico significa ter a visão do todo e criar oportunidades rápidas para alcançar as metas. Sabia que, como Igreja, deveríamos avançar e cumprir o mandato de Mateus 28.19-20. No entanto, precisava responder com sabedoria, em conjunto com o Conselho Sinodal, Diretoria Sinodal, a certas perguntas inquietantes tais como: Avançar em que? Avançar para onde? Quanto avançar? De que forma avançar? Com que custo? Em que áreas? Em que locais?
Quando não se entende de tudo, procura-se um assessor especializado na área. O Sínodo ofereceu a todos os obreiros uma Atualização Teológica, com gente especializada, sobre Planejamento Estratégico. Para muitos foi um enorme auxílio. Penso que houve um enorme acerto por parte do nosso Sínodo em oferecer duas Atualizações Teológicas por ano. Muitos colegas aproveitaram bem e seus trabalhos foram abençoados!
No ano de 2002 o Conselho Sinodal estudou a viabilidade de se realizar em âmbito sinodal uma pesquisa para entender melhor nossa realidade como Sínodo e buscar entender por que nossa Igreja (IECLB) tem dificuldades em crescer numericamente. Houve uma boa participação das Comunidades e o resultado foi trabalhado em cada Paróquia. O livreto: Missão – Um Desafio Sinodal foi entregue para todas as Comunidades. Registro aqui algumas questões levantadas e que continuam a ser desafio.
Fatores que contribuem para que não sejamos uma Igreja que cresce em números:
== Jovens não são suficientemente motivados a se engajarem na Igreja após a confirmação.
== Tradicionalismo. Grande apego a tradições que pouco tem a ver com o Evangelho.
== Trabalho centrado no Pastor.
== Falta de pregação bíblica e evangelística.
== Falta de conhecimento bíblico e da doutrina luterana (IECLB) em confronto com outras Igrejas.
== Mentalidade de atendimento e manutenção.
== Obreiros e Igreja não estão preparados para o mercado religioso.
== Falta de compromisso e amor com Deus e nossa IECLB. Falta coragem para convidar para conhecer nossa Igreja.
== Direção da IECLB pouco conhece da realidade das nossas Comunidades.
== Direção da IECLB muito ocupada com reuniões e viagens internacionais.
== Divisão interna na IECLB.
== Igreja pouco acolhedora.
== Preocupações com festas tiram a energia para a missão.
== Preocupação excessiva com cemitérios e questões estruturais.
== Em poucos lugares vemos uma estratégia missionária e um esforço missionário planejado e consciente.
== Há lacunas na formação “missionária” dos nossos obreiros.
== Falta convicção de que o assunto “dízimo” realmente é coisa bíblica.
== Nossa prática de batismo é conflitiva. Mantemos um modelo que pressupõe o compromisso de pais e padrinhos que, no entanto, nem sempre está presente.
== Nossa Igreja é pobre na área da comunicação.
SETORES DE TRABALHO
Durante o período em que tenho sido Pastor Sinodal procurei valorizar as diferentes maneiras de pensar existentes no Sínodo. Procurei não discriminar, procurei não deixar o preconceito fazer morada nas gestões que me foram confiadas. Procurei não me ater demasiadamente nas cores que pintam um trabalho paroquial e procurei abrir a porta da oportunidade para todos os colegas e todas as paróquias. Alguns colegas e algumas paróquias aproveitaram mais as ofertas.
No decorrer do tempo das duas gestões os diferentes setores de trabalho foram se criando e ganhando corpo. Serviram e servem ao Senhor Jesus Cristo dentro das capacidades e possibilidades possíveis. Nomeio os Setores de Trabalho que estão oficializados no Sínodo Centro-Sul Catarinense:
1) Setor de Missão e Evangelização. (Sermos uma Igreja obediente ao mandato de Jesus Cristo o qual deseja que todas as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. I Timóteo 2.4).
2) Setor MUNIL – Missão Universitária Luterana. (Anunciar Jesus Cristo como Senhor e Salvador entre os universitários, em qualquer Campus Universitário dentro da área de abrangência do nosso Sínodo).
3) Setor de Mulheres. (O trabalho com mulheres, no Sínodo Centro-Sul Catarinense, pressupõe duas realidades: 1. Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas –OASE-, com seus grupos organizados, sua liderança e sua estrutura. 2. Grupos de mulheres que se reúnem para o estudo da Palavra, fora da estrutura da OASE).
4) Setor da Juventude Evangélica. (Trabalhar para que o jovem do nosso Sínodo venha a conhecer Jesus Cristo e o aceite como seu Senhor e Salvador. Oportunizar para que cada jovem do nosso Sínodo esteja participando de algum grupo de JE).
5) Setor de Comunicação. (Incentivar a comunicação comunitária/paroquial e sinodal de forma acessível e eficiente. O Setor Sinodal de Comunicação quer servir a Deus e ao Sínodo Centro-Sul Catarinense em sua missão. O Setor de Comunicação organiza o Jornal Sinodal com uma tiragem de 6.700 exemplares que são distribuídos de maneira gratuita).
6) Setor de Música. (Promover genuíno louvor e adoração a Deus. Edificar a Igreja, pois o louvor agradável prepara os corações para que a mensagem do Evangelho encontre ninho no coração das pessoas).
7) Setor de Missão entre Povos Indígenas em Santa Catarina. (Pregar o Evangelho do Senhor e Salvador Jesus Cristo entre povos indígenas. Dar testemunho evangélico como discípulos de Jesus Cristo para que os Povos Indígenas tenham vida plena (João 10.10), bem como contribuir para sua autodeterminação, melhoria das condições de vida, organização e respeito à sua cultura).
8) Setor Obra Gustavo Adolfo. (Movida pela espírito cristão, a Obra Gustavo Adolfo (OGA) tem por missão a prática da solidariedade, a promoção da vida e da dignidade humana, especialmente junto a comunidades e minorias que enfrentam dificuldades, isolamento e marginalização, seja por razões geográficas, econômicas ou sociais).
9) Setor Liturgia. (No resgate da integralidade do ser humano, a Liturgia da Comunidade é elemento importante para a pregação do Evangelho da salvação e da edificação de sinais do Reino de Deus no mundo).
10) Setor Crianças. (Prega o Evangelho de uma maneira clara, pura e objetiva de forma que também as crianças entendam o plano de salvação. Capacitar e orientar professores nas áreas pedagógica, didática e bíblica. Alcançar, de uma maneira indireta, também os pais, através do ensino bíblico aos filhos).
11) Setor Casais. (Deus tem um projeto para o casamento. Gênesis 2.18; 2.24-25. Queremos trabalhar para que casais em nosso Sínodo abram mão de edificar sua vida familiar segundo o que parece certo aos seus próprios olhos, o que resulta pecado e rebeldia contra o Senhor, e que seguindo a vontade de Deus aceitem o projeto de Deus para seus matrimônios, para que estes se tornem vibrantes e edificantes).
12) Setor Prevenção e Recuperação. (O consumo de álcool e de drogas é um problema que atinge cada vez mais nossa sociedade e, em conseqüência, nossas Comunidades. Cremos que a ação do Espírito Santo a partir do Evangelho transforma e liberta dando nova vida e esperança para pessoas e famílias que sofrem com o drama da dependência química).
13) Setor Diaconia. (Fomentar e apoiar, a partir do Evangelho, ações comunitárias e institucionais que visem ao desenvolvimento humano integral, à promoção de sujeitos autônomos e à formação de comunidades inclusivas.
A todos que se envolveram de maneira concreta em algum Setor de Trabalho, a todos que deram do seu tempo, dos seus talentos e dos seus tesouros, fica aqui registrado o reconhecimento, a gratidão e o desejo de que continuem se empenhando pela causa do Evangelho de Jesus Cristo.
TERRENO E SEDE SINODAL
Um registro especial para a primeira diretoria do Conselho Sinodal que não mediu esforços na aquisição de um terreno para a construção de uma Sede Sinodal. Foram horas e horas de pesquisa, visita, consulta, reuniões, até que a decisão foi tomada e foi adquirido o terreno situado à Rua Ivo Reis Montenegro, 126, bairro Itaguaçú, Florianópolis.
Para a segunda diretoria do Conselho Sinodal ficou a responsabilidade de viabilizar a construção da Sede Sinodal. Registro de maneira especial o auxílio da IECLB e o auxílio de todas as Paróquias que compõem o Sínodo. Foi um verdadeiro trabalho de mutirão onde houve a bênção de Deus.
RETROSPECTIVA CRÍTICA – ÁREA GEOGRÁFICA
QUANDO, ONDE, COMO, COM QUEM VAMOS FAZER MISSÃO?
Somos um Sínodo heterogêneo. Somos Igreja numa vasta região de Santa Catarina. Segundo os dados da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura – do Estado de Santa Catarina, ano 2003, o Sínodo Centro-Sul Catarinense está inserido nas seguintes Regiões Político-Administrativa.
Cito essa estatística para chamar a nossa atenção para o potencial missionário que temos pela frente.
As cidades que aparecem com grifo indicam os lugares onde a IECLB está presente.
São José, que compreende os seguintes municípios: Florianópolis; Governador Celso Ramos; Biguaçu; Antonio Carlos; Palhoça; Águas Mornas; Santo Amaro da Imperatriz; São Pedro de Alcântara; Angelina; Rancho Queimado; Anitápolis; São Bonifácio.
São 13 municípios contando com a seguinte população: rural 47.173; urbano 677.099; total de habitantes 724.272.
Laguna, que compreende os seguintes municípios: Paulo Lopes, Garopaba, Imbituba, Imarui, Jaguaruna.
São 6 municípios contando com a seguinte população: rural 30.139; urbano 100.234; total de habitantes 130.373.
Tubarão, que compreende os seguintes municípios: Sangão, Treze de Maio, Capivari de Baixo, Pedras Grandes, Orleans, São Ludgero, Gravatal, Braço do Norte, Armazém, Grão Pará, São Martinho, Rio Fortuna, Santa Rosa de Lima.
São 14 municípios contando com a seguinte população: rural 71.318; urbano 141.988; total de habitantes 213.306.
Criciúma, que compreende os seguintes municípios: Forquilhinha, Içara, Morro da Fumaça, Cocal do Sul, Nova Veneza, Siderópolis, Treviso, Urussanga, Lauro Muller.
São 10 municípios contando com a seguinte população: rural 56.575; urbano 268.172; total de habitantes 324.747.
Araranguá, que compreende os seguintes municípios: Passo de Torres, São João do Sul, Praia Grande, Santa Rosa do Sul, Balneário Gaivota, Sombrio, Jacinto Machado, Ermo, Balneário Arroio do Silva, Turvo, Timbé do Sul, Meleiro, Maracajá, Morro Grande.
São 15 municípios contando com a seguinte população: rural 58.779; urbano 101.390; total de habitantes 160.169.
Lages, que compreende os seguintes municípios: Painel, Capão Alto, Campo Belo do Sul, Bocaina do Sul, Cerro Negro, Anita Garibaldi, São José do Cerrito, Correia Pinto, Palmeira, Otacílio Costa.
São 11 municípios contando com a seguinte população: rural 39.506; urbano 192.527; total de habitantes 232.033.
São Joaquim, que compreende os seguintes municípios: Bom Jardim da Serra, Urubici, Urupema, Rio Rufino, Bom Retiro.
São 6 municípios contando com a seguinte população: rural 18.088; urbano 31.987; total de habitantes 50.075.
Rio do Sul, que compreende os seguintes municípios: Braço do Trombudo, Trombudo Central, Agronômica, Laurentino, Pouso Redondo, Mirim Doce, Rio do Oeste, Taió, Salete, Rio do Campo, Santa Terezinha.
São 12 municípios contando com a seguinte população: rural 47.063; urbano 83.356; total de habitantes 130.419.
Ituporanga, que compreende os seguintes municípios: Alfredo Wagner, Chapadão do Lageado, Petrolândia, Leoberto Leal, Imbuia, Atalanta, Agrolândia, Vidal Ramos, Aurora.
São 10 municípios contando com a seguinte população: rural 41.898; urbano 27.395; total de habitantes 69.293.
Ibirama, que compreende os seguintes municípios: Presidente Nereu, Lontras, Apiúna, Ascurra, Presidente Getúlio, Dona Emma, José Boiteux, Witmarsum, Vitor Meireles.
São 10 municípios contando com a seguinte população: rural 29.612; urbano 41.336; total de habitantes 70.948.
Total de habitantes em área rural: 440.151
Total de habitantes em área urbana: 1.665.484
Total de habitantes: 2.105.635
Interessante observar: 20.9% dos habitantes da área geográfica do Sínodo Centro-Sul Catarinense residem na área rural.
Os habitantes na área urbana perfazem 79.1% da população.
Nessa mesma área temos 107 municípios. Como IECLB estamos presentes em 51 municípios, ou seja, 48% dos municípios.
Na área com 2.105.635 habitantes o nosso número de membros gira em torno de 50.000 membros; equivalente a 2.4 % da população.
Essa estatística diz alguma coisa? Ela mexe com nossa responsabilidade missionária?
O que podemos, devemos, e queremos fazer como Sínodo?
Quando e como vamos fazer?
RETROSPECTIVA CRÍTICA – OBREIROS
Em João 10.11 Jesus Cristo diz: “Eu sou o bom pastor”. Quando Jesus disse essas palavras, seus ouvintes se lembraram das promissões do AT. Para eles, o “bom pastor” era Deus, como na época dos profetas (Is 40.11; Salmo 23; Salmo 95.6-7). O título “pastor” era igualmente dado aos reis de Israel (Jr 23.1-4; Ez 34.23; Ez 37.24).
Ao dizer “Eu sou o bom pastor”, Jesus se apresenta como aquele que começou a nova época de Deus. No mundo em que reina a desconfiança entre as pessoas, existe um em quem se pode confiar inteiramente. Num mundo em que as pessoas se tornaram números, sem nome e sem identidade, há um com quem se pode ter um relacionamento íntimo, que conhece a gente e se dá a conhecer. Isso traz novo ânimo, nova esperança!
Hoje na nossa Igreja quando se fala em “pastor” em quem se pensa? Não se pensa em Deus! Também não se pensa em políticos! Entre nós a palavra “pastor” quer dizer “pastor da IECLB”. Isso é bom! Isso é complicado!
Do “pastor da IECLB” se espera que ele alimente as “ovelhas” (membros) com alimento nutritivo e apetitoso. As “ovelhas” precisam ser conduzidas a pastos férteis. Um rebanho pode definhar por falta de uma alimentação equilibrada. Em resumo “o pastor” precisa conduzir as “ovelhas” para que aprendam a comer do “todo da palavra de Deus”. Não apenas partes que são de sua própria preferência (pastor) ou que são mais agradáveis ao seu próprio paladar. O “pastor” precisa alimentar “as ovelhas” com toda palavra de Deus!
Apascentar o rebanho é guiar a alimento fresco, fértil, nutritivo. O rebanho precisa estar bem alimentado e nutrido para que ele possa se reproduzir. Ovelha doente não cria. A Igreja precisa estar alimentada de “toda” a Escritura.
O “pastor” precisa conduzir o “rebanho” de tal maneira que haja desenvolvimento harmonioso. O rebanho não deve ter “barriga gigante” com pés diminutos e mãos diminutas. O rebanho não pode se apresentar como “esqueletos embelezados com o cosmético das emoções” e pensar que a vida com Cristo é uma constante sensação de arrepios pelo corpo. O rebanho não pode ser apenas orelhas ou somente olhos que não cansam de estudar a realidade e deixam de lado a Palavra do Senhor. Como “rebanho” do Senhor, como “Igreja de Cristo”, não devemos ser como um corpo esbelto, bem cuidado, sarado, pronto para um concurso de beleza, mas, com coração insensível, que não pensa e nem reage diante da tragédia da humanidade.
Como “rebanho” precisamos ser Corpo de Cristo que pensa, tem emoções, não tem preguiça nem nas mãos e nem nos pés, ouve os gritos de clamor, enxerga as necessidades e, como resposta ao amor de Cristo vai e serve. Dentro dessa dimensão o “rebanho” também fica fortalecido para reconhecer e resistir às tendências e tentações que vêm de fora para dentro.
Tudo isso se espera do “pastor da IECLB”. E isso é pesado! Mas também é nossa tarefa! Ser “pastor da IECLB” traz consigo privilégios, mas, também muita responsabilidade para com as coisas do Reino de Deus. Além de tudo isso não podemos esquecer o que o profeta Ezequiel 3.18-21 diz: “Quando eu disser ao perverso: Certamente, morrerás, e tu não o avisares e nada disseres para o advertir do seu mau caminho, para lhe salvar a vida, esse perverso morrerá na sua iniqüidade, mas o seu sangue da tua mão o requererei. Mas, se avisares o perverso, e ele não se converter da sua maldade e do seu caminho perverso, ele morrerá na sua iniqüidade, mas tu salvaste a tua alma. Também quando o justo se desviar da sua justiça e fizer maldade, e eu puser diante dele um tropeço, ele morrerá; visto que não o avisaste, no seu pecado morrerá, e suas justiças que praticara não serão lembradas, mas o seu sangue da tua mão o requererei. No entanto, se tu avisares o justo, para que não peque, e ele não pecar, certamente, viverá, porque foi avisado; e tu salvaste a tua alma”. Que palavras! E quem é “pastor” precisa conviver também com esse tipo de palavra!
Pastor na IECLB precisa ter estrutura para conviver com situações conflitantes, tais como: para membros mais bem situados financeiramente o pastor ganha pouco; para outras pessoas pobres ou mesquinhas o pastor ganha muito. Como conviver e suportar essa tensão?
Para alguns membros o pastor trabalha pouco, pois, um culto por semana ou um culto a cada duas semanas é pouco trabalho. Outros membros que conhecem o dia-a-dia de um pastor sabem quão estressante é realizar as diferentes atividades e sempre ter uma “palavra de Deus” para cada caso.
Um pastor precisa ter a capacidade e sabedoria para trazer “palavra de Deus” que acomode (conforte) os incomodados. Ao mesmo tempo precisa trazer “palavra de Deus” que incomode os acomodados.
Pastor, normalmente, tem família. Em determinadas circunstâncias é exigido da família do pastor, esposa, filhos, mais do que se deveria ou poderia pedir. Isso tem causado sérios problemas. Isso tem produzido doenças!
Pastor também erra. Pastor também entra em crise. Pastor também experimenta “stress”. Pastor é gente como qualquer um de nós. Pastor também precisa de compreensão, de gestos de carinho, de amizades sinceras, de críticas construtivas. Também na vida de um pastor e de uma família pastoral existe tempo bom, assim como existe vento, chuva, quem sabe raios e tempestades, de novo tempo bom, de novo sol.
Em resumo, todos nós somos ovelhas. Que o Espírito Santo abençoe a cada pastor para apascentarmos o rebanho com a totalidade da nossa capacidade e com a totalidade da Palavra de Deus distribuída com amor entre o rebanho. Que o Senhor nos abençoe para que sempre tenhamos consciência de que também somos ovelhas e precisamos ser pastoreados.
RETROSPECTIVA CRÍTICA – LEIGOS.
A palavra “leigo” quer dizer que não é clérigo (sacerdote cristão). Como luteranos trabalhamos a partir da perspectiva do “sacerdócio geral de todos os crentes”, ou seja, todos os cristãos são chamados a servirem ao Senhor Jesus Cristo a partir das suas capacidades, habilidades, dom. No entanto, nossa Igreja vive dentro de um sistema onde funciona claramente a questão de “sacerdotes e leigos”. Assim é que temos pastores, diáconos, missionários, catequistas que atuam de tempo integral no ministério e temos os leigos com atuação permanente, mas não de tempo integral. Entre os leigos há uma distinção entre presbíteros e não presbíteros. Nossos presbíteros são eleitos por tempo determinado. Nos últimos anos temos tido uma dedicação especial aos presbíteros através de seminários, encontros, cursos, habilitando-os cada vez mais para desempenharem as funções para as quais foram eleitos.
Somos uma Igreja com um enorme potencial na área dos leigos. Temos um verdadeiro exército de homem e mulheres que colocam à disposição do reino de Deus seu tempo, seus talentos, seus tesouros.
Fico com a impressão e quase convicção que ainda não sabemos usufruir, como Igreja, de todo o potencial “leigo” que há entre nós. Precisamos aprender a trabalhar melhor a parceria entre “leigos e sacerdotes”, “leigos e leigos”. O desafio é grande e a potencialidade maior ainda.
Precisamos aprender a equipar melhor nossos líderes para que exerçam seu ministério com mais eficiência, dinamismo, coragem, alegria, ousadia. Tenho a convicção de que quando Deus chama e capacita um líder, Ele o capacita para fazer com que as coisas aconteçam.
Uma liderança convicta, sadia, capacitada, traz qualidade ao trabalho de uma Comunidade. Tal liderança proporciona uma visão mais equilibrada e que enxerga mais longe. Uma liderança comprometida com o Evangelho de Jesus Cristo proporciona direção ao trabalho de manutenção e ao trabalho missionário dentro de uma Comunidade, dentro de uma cidade, dentro da IECLB como um todo.. Uma liderança comprometida torna a realidade do ser sal e luz muito mais presente e real dentro de uma Comunidade.
Uma liderança convicta, comprometida, responsável para com as coisas do Evangelho também sabe que por mais amadurecida que seja, por mais equilibrada na área emocional, espiritual, sempre tem um preço a pagar. Estar engajado no reino de Deus tem preço. Tem preço e tem bênçãos. Não dá para ficar do lado de fora!
Como Comunidades, Paróquias, Sínodo, precisamos ter a coragem de fazer algumas perguntas, tais como:
1. Como está nossa liderança “Pastoral/Obreiro” e leiga?
2. Existe convicção no trabalho?
3. Existe convicção e comprometimento com o que está escrito em Lucas 9.24?
4. A liderança cresce ou permanece sempre a mesma?
5. Existe um clima de lamentação, reclamação, murmúrio?
6. Existe alegria, doação amorosa, oração, estudo na Palavra?
As respostas a perguntas desse tipo vai mostrar que tipo de liderança temos entre nós e que tipo de liderança formamos como Igreja.
Biblicamente falando, a liderança cristã é motivada pelo amor e dedicação ao serviço do reino de Deus. É liderança que se submete ao senhorio de Cristo, segue seu exemplo e paga o preço do discipulado. Humildade, determinação, responsabilidade, gratidão, serviço, são marcas que não se apagam de uma liderança “marcada” pelo sangue de Jesus Cristo.
CONVERSANDO SOBRE NOSSAS COMUNIDADES, PARÓQUIAS E SÍNODO
1. Como Comunidade, Paróquia, Sínodo: nos sentimos como um grupo “engessado” ou trabalhamos dentro de uma “responsável liberdade”?
2. Com a criação do Sínodo a “estrutura” ficou mais perto da base, da Comunidade?
3. Somos Igreja missionária? Por quê?
4. O que pode e deve ser mudado em nossa Comunidade, Paróquia, Sínodo? O que deve ser mantido a qualquer preço?
PALAVRAS DE GRATIDÃO
Estou, por assim dizer, encerrando a segunda gestão como Pastor Sinodal. Tem sido um grande privilégio servir ao Senhor da Igreja, como Obreiro-Pastor na IECLB. São trinta e um anos e cinco meses como Pastor na IECLB. São oito anos e meio como Pastor Sinodal. Tenho o privilégio de voltar logo mais para o trabalho paroquial.
Encerrando registro palavras de gratidão ao Senhor Deus pela paciência, força e capacitação que tem dispensado a este servo.
Um obrigado muito especial para minha família, especialmente minha esposa Erica que tem sido companheira preciosa em todas as circunstâncias, repito, todas as circunstâncias. É muito bom ter uma mulher que ama Jesus Cristo ao lado da gente! Vocês, como família, são parceiros preciosos de caminhada. Louvado seja Deus pela vida de vocês!
Obrigado ao colega Vice-Pastor Sinodal Sigolf Greuel, Conselho Sinodal, Diretoria do Conselho Sinodal na pessoa do presidente Sr. Silvio Saul Müller, colegas obreiros, presbíteros, secretário Ari Osvaldo Weiss e a todos que de uma ou outra maneira contribuíram orando, trabalhando, criticando, arregaçando as mangas e servindo ao Senhor Jesus Cristo.
Obrigado.