RELATÓRIO DO PASTOR SINODAL
SÍNODO NORTE CATARINENSE
9ª ASSEMBLÉIA SINODAL
Barra do Rio Cerro – 19 e 20 maio de 2006
I – INTRODUÇÃO
Estimados irmãos e estimadas irmãs, participantes da 9ª Assembléia Sinodal do Sínodo Norte Catarinense:
É com gratidão que saúdo a todos e a todas. Inicio o presente relatório desejando que tenhamos uma Assembléia abençoada e significativa no mosaico da história do Sínodo. Cito e faço minhas as palavras de oração transcritas nas Senhas Diárias do dia 1º de maio:
“Bondoso Deus, pedimos-te pela tua igreja: faze-a agir e viver em verdade e paz; quando for covarde e preguiçosa, purifica-a; quando se desviar, conduze-a; quando algo não estiver correto, renova-a; quando estiver em dificuldade, cuida dela e quando estiver dividida, une-a pelo amor de Jesus Cristo”.
O relatório que apresento é relativo ao período que se estende de maio do ano de 2005, quando da realização da 8ª Assembléia Sinodal, até o início do mês de maio de 2006, dentro do qual situamos a 9 ª Assembléia Sinodal.
A IECLB, nas reflexões propostas e no desempenho das suas ações, trabalhou no ano de 2005 o tema: “Deus, em tua graça, transforma o mundo”. O lema bíblico orientador para a condução dos seus trabalhos versou sobre o texto do apóstolo Paulo, na carta aos Romanos 12. 2: “Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação de vossa mente”. De várias formas, o tema e o lema foram considerados e aplicados com criatividade nos campos de trabalho do Sínodo Norte Catarinense. Para tanto a Secretaria Geral da IECLB, através dos seus instrumentos de trabalho, organizou materiais e preparou os subsídios necessários visando à implantação da temática nas atividades comunitárias. Sendo Igreja empenhada em favor do espírito de unidade, iniciamos o ano de 2006 sob o mesmo tema: “Deus, em tua graça, transforma o mundo”; o lema bíblico, no entanto, é outro: “Sirvam uns aos outros, cada qual conforme o dom que recebeu”, 1 Pedro 4.10.
O tema da IECLB, somado ao lema do Novo Testamento, motiva a dividir alguns comentários; estes servem para aprofundamento e atualização. A Igreja de Jesus Cristo se define como Instituição sem um fim em si mesma. Na IECLB existe uma canção, cujo título diz: “Igreja que serve, serve”!
Por natureza a Igreja é missionária, empenhada na novidade de vida e é servidora. A IECLB tem a sua relevância na sociedade sendo mediadora, fazendo o papel de ponte, Igreja zelosa que assume postura vigilante; enfim, é comunhão de fé participante da missão de Deus. A IECLB recebeu do Evangelho o chamado para ser comunhão dos santos voltada ao mundo. Somos Igreja de Jesus Cristo não para, mas com o mundo. A comunidade de Jesus Cristo não se coloca acima do mundo; é solidária com o mundo. Ela também não prega a si mesma, porém, anuncia o amor de Deus a serviço da transformação. A Igreja de Jesus Cristo desempenha o seu papel como “sal da terra e luz do mundo”, justamente neste mundo amado por Deus (João 3.16). A IECLB não vive separada do seu contexto social, político ou econômico. É Igreja comprometida com o mundo e por causa da novidade do Evangelho lhe cabe assumir a sua responsabilidade na sociedade.
Não somos nós, pessoas humanas, que garantimos a vida e a sobrevivência da Igreja. Também não foram os nossos antepassados e tampouco serão os nossos descendentes a quem compete fazê-lo. Jesus, o Senhor da Igreja, promete: “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século”. O Reformador da Igreja, Martim Lutero, destacou que o “verdadeiro tesouro da Igreja é o Evangelho da reconciliação e do perdão dos pecados, por causa de Jesus Cristo”.
O mapa da diversificação religiosa no Brasil indica que existe um chão fértil para o avanço das religiões pentecostais, em especial, nas cidades. As estatísticas mais recentes indicam que está aumentando consideravelmente o número de pessoas que se declaram sem religião. As leis do mercado, da produtividade, da concorrência, da forte individualização, também em questões da fé, assim como a mídia televisiva exercem forte influência. Quando trabalhamos, nos dias de hoje também em nossa realidade sinodal, as questões relativas ao ser Igreja é atual que reflitamos, com muita clareza, qual é a nossa incumbência prioritária como Igreja da Reforma. O que nos identifica como Igreja confessional luterana é a marca da graça inconfundível de Deus. O que significa isto?
A busca por transformação e pela novidade de vida, assim como a vivência da prática do amor-serviço nos remete à força do amor de Deus. O Deus da misericórdia é a mola mestra que nos compromete ao serviço.
Quem se coloca à disposição do Evangelho, como força que promove a transformação de pessoas e estruturas, tem consciência da missão que se trona concreta através do serviço. A Igreja, comunhão de justos e pecadores, testemunha em palavra e ação dentro do mundo tão vidrado em obras e sacrifícios, o transbordamento da graça de Deus.
Um jornalista ocidental, atuando no Afeganistão, ouviu recentemente de uma pessoa influente ali residente o seguinte comentário: “interessante, vocês dizem que amam prioritariamente a vida! Os nossos jovens não só estão prontos a eliminar os inimigos, mas também amam a própria morte, por isto se submetem a ela e não fogem do auto-sacrifício”.
Por causa da vitória de Cristo sobre os poderes da morte, face à dignidade da vida humana, as pessoas cristãs amam a vida e não a morte! A fé em Jesus Cristo, o Senhor ressuscitado, nos compromete com a plenitude da vida. Este é o pano de fundo, o indicativo para determinar o planejamento e as ações no Sínodo Norte Catarinense.
II – O EXERCÍCIO DOS MINISTÉRIOS
Para o exercício de cooperação na missão de Deus, através das comunidades, dos departamentos e dos diferentes setores de trabalho, no espaço sinodal, foram instalados os vários ministérios. Na realidade, todos os ministérios estão a serviço de um único ministério, ou seja, a Pregação da Palavra, o Evangelho. A IECLB valoriza o ministério compartilhado. As Comunidades do Sínodo Norte Catarinense somam aproximadamente 65 mil pessoas luteranas. Nos campos de trabalho do Sínodo atuam no ministério pastoral: 35 obreiros e 09 obreiras. Constato que, em atividades supra-paroquiais, encontram-se 03 obreiros e 02 obreiras. O quadro de obreiros/as no ministério catequético apresenta 09 obreiras; somam ainda 05 obreiras diaconais; há 1 obreiro missionário instalado em área missionária, além de 1 candidato ao mesmo ministério. Completando as informações sobre o quadro de obreiros/as: residem, em âmbito sinodal, 04 obreiros pastores, em situação especial; são em número de 12 os obreiros eméritos, além de 02 obreiras diaconais aposentadas. Há 04 viúvas de obreiros do ministério pastoral residentes no Sínodo.
Encontram-se, temporariamente, em campos de trabalho do Sínodo Norte Catarinense: uma candidata e um candidato ao ministério pastoral que realizam no Sínodo o Período Prático de Habilitação ao Ministério. Face à proximidade da Casa de Formação Teológica em São Bento do Sul, a Faculdade Luterana de Teologia, um número indefinido de estudantes realiza durante os finais de semana, estágios em comunidades; outros participam de estágios regulares (até cinco meses) exigidos pela grade curricular da Instituição.
III – TRANSFERÊNCIAS, INSTALAÇÕES, JUBILEU, ORDENAÇÕES, DESPEDIDAS E APOSENTADORIA:
1) Transferências:
– P. Jandir Sossmeier e Pa. Adriane D. Sossmeier (Curitiba);
– P. Ari Kaefer (após o período de disponibilidade, está em serviço ativo)
– P.Mauro Schwalm (Igreja Ev. Na Baviera, Alemanha)
– P. Rogério Vieira (Camaquã/RS)
2) Instalações:
– P. Roni Balz – 03/07/05 (Par. Rio das Antas – Videira)
– P. P. Dr. Leandro Hofstaetter – 10/07/05(Par. Apóstolos – Jle)
– P. Norival Müller – 16/12/05 (Par. Schroeder)
– P. Pa. Maria Helena Ost – 18/12/05 (Par. Cristo Libertador – Jle)
– P. P. Dr. Everton Ricardo Bootz – 05/02/06 (Par. Ap. Paulo – JGS)
– P. P. Renato Creutzberg – 16/02/06 (Par. Cristo Bom Pastor – Jle)
– P. Alexandre Francisco – 21/02/06 (Par. Pirabeiraba – Estr. Ilha)
– P. Daniel Schneider – 04/03/06 (Par. Rio Bonito – Garuva)
– Pa. Hulda Hertel – 05/03/06 (Clínica Pastoral no Hospital Jaraguá)
– P. Adair L. Dockhorn – 12/03/06 (Par. C. Libertador – Jle)
– P. Roberto Schulz – 19/03/06 (Par. B.Jesus, Vila Nova – Jle)
– P. Antônio Carlos Oliveira – 26/03/06 (Par. Vale do Iguaçu – P. União)
3) Jubileu: 35 anos na Instituição Bethesda
– P. Hans Burger – 01/03/06 (na Instituição Bethesda-Pirabeiraba)
4) Ordenações:
– P. Erico Baukat – 06/01/06 (na Par. de Canoinhas)
– P. Adair L. Dockhorn – 12/03/06
– P. Antônio Carlos Oliveira – 26/03/06 (Par. Vale do Iguaçu – P.União)
5) Despedidas em Culto
– P. Jandir e Pa. Adriane Sossmeier – 09/07/05
– P. Mauro Schwalm – 26/11/05
– P. Rogério Vieira – 11/12/05
– P. João R. Strauss – 11/02/06
6) Aposentadoria
– P. João R.Strauss – em fevereiro de 2006
IV – IGREJA A SERVIÇO DO PROJETO ESPERANÇA
O Sínodo Norte Catarinense conta em suas Comunidades, Paróquias e demais setores de trabalho com um potencial muito especial de recursos humanos. Registramos, com gratidão, além da atuação de obreiros e obreiras com ordenação, um grupo expressivo de pessoas voluntárias chamadas, por causa do seu batismo, edificando a comunhão comunitária, servindo e cooperando na missão que é de Deus.
São inúmeras as frentes de trabalho em mais de uma centena de Comunidades espalhadas no território sinodal. Muitas são as iniciativas e muitos são os sinais da prática da fé. Presente está o desejo da comunidade ativa na fé, animada pela esperança e motivada pelo amor que é o dom maior de Deus. É a força do Espírito Santo que, por intermédio da Palavra, impulsiona obreiros e obreiras e faz de todo um corpo de pessoas voluntárias, agentes de transformação e testemunhas a serviço do Reino de Deus. O Evangelho fortalece, consola, anima; é Palavra viva que penetra como se fosse fermento na massa. Vem à memória o que o Reformador afirma na explicação do 3º artigo do Credo Apostólico: “Creio que por minha própria razão ou força não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor, nem vir a Ele, mas o Espírito Santo me chamou pelo Evangelho, me iluminou com os seus dons, me santificou e conservou na verdadeira e única fé”. O abraço de Deus, em Jesus Cristo, é força motivadora para inúmeras ações e iniciativas que brotam em todas as partes do Sínodo. “O bom perfume do Evangelho” espalha o seu cheiro nas comunidades e nos setores onde se vive a fé. Neste particular, o empenho missionário se faz presente e os frutos da árvore do serviço e da esperança brotam e se multiplicam no jardim sinodal, para dentro e para fora dos muros das comunidades.
Olhando a paisagem desse jardim, observamos que também há sombras. Elas se mesclam com os raios da luz que brilha e reflete vida. As comunidades quando se reúnem em culto são convidadas, logo no início da estrutura litúrgica, a fazer a confissão dos pecados. Fazemos parte de um Corpo que reúne pessoas justas e pecadoras ao mesmo tempo. Deus nos justifica porque ele é especialmente bondoso para com os seus filhos e suas filhas.
O poder do pecado, sinal da nossa humanidade, também se manifesta na realidade sinodal. É poder que se apresenta para confundir, minar, para medir forças; gerar desacertos, e destruir relacionamentos. Os desacertos, a quebra de relacionamentos, a ausência do diálogo, o individualismo e os preconceitos jamais cooperam para o fortalecimento da comunhão maior. Graças a Jesus Cristo, além da liberdade maravilhosa que nos é conferida na confissão dos pecados, o anúncio da Boa Notícia permite enxergar o tamanho do amor de Deus. O transbordamento da graça de Deus anima ao arrependimento e traz a perspectiva da reconciliação, indicando o caminho da unidade e da paz.
A credibilidade e a aceitação do nosso testemunho são determinadas pela qualidade do exercício dos mandatos, sejamos lideranças ou obreiros e obreiras com ordenação. O apóstolo Paulo desafia as pessoas, sob o senhorio de Jesus Cristo, à vivência da paz e do amor, além de destacar a importância da prática da bondade, da mansidão e do domínio próprio, Gálatas 5. 22-23.
V – NOSSO JEITO DE SER SÍNODO
1) Projeto Formação
Somos um Sínodo, que leva como característica, um jeito muito normal de ser e conviver. A Igreja na dimensão sinodal define a sua ação a partir de projetos comuns. São vários os projetos coordenados pelo Pastor Sinodal, em cooperação com a diretoria administrativa do Sínodo. Acontecem de acordo com o planejamento e conforme as necessidades definidas pelos departamentos e pelas comunidades. Desde a 6ª Assembléia Sinodal, realizada na cidade de Joinville até a presente Assembléia, as lideranças do Sínodo Norte Catarinense deram apoio ao projeto de formação e à capacitação de lideranças. Ele integra e sinaliza o nosso projeto missionário prioritário do Sínodo. Em virtude dessa ênfase, o Curso de Capacitação em Bíblia está sendo levado a efeito, em sua segunda edição, e as inscrições somam em torno de 60 pessoas. No decorrer deste ano, ocorre a implantação de um novo Curso, cuja temática focaliza o seguinte assunto: “A caminho no mundo religioso brasileiro”. O objetivo é conhecer algo da realidade religiosa em nosso país e, diante dessa realidade, estimular o testemunho e fortalecimento da confessionalidade luterana. Qual é o papel que está reservado à IECLB no contexto religioso brasileiro? O Curso está sendo oferecido simultaneamente para todos os Núcleos do Sínodo.
Destaco também que visando à prática da Ceia com as Crianças, de acordo com o tema trabalhado na 8ª Assembléia Sinodal, foi elaborado um primeiro material sobre “Crianças na Ceia do Senhor”. Há uma equipe constituída para que o assunto seja abordado num caderno com estudos de textos bíblicos.
Permanece a oferta do Projeto de Formação por extensão sob a coordenação do P. em. Günter Boebel. No decorrer do 2º semestre de 2005, através de correspondência, detalhei os assuntos que o projeto disponibiliza, em várias áreas, para estudos, dinâmicas de trabalho e para reflexões grupais e comunitárias. As ofertas temáticas podem ser acessadas por via eletrônica.
O colega Boebel, inclusive, tem atendido a vários convites e se dispõe a atender os campos de trabalhos para auxiliar no desenvolvimento de temas e assuntos. A coordenação do Departamento da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas, além do Departamento do Culto Infantil e da Diaconia desenvolvem projetos específicos de formação continuada. Muitas pessoas foram e são integradas nessas ofertas de formação e cooperam com a qualificação obtida em seus e através dos grupos nas comunidades.
Menciono ainda que o Sínodo atua de forma expressiva, através dos seus representantes, na implantação do projeto coordenado pela Secretaria de Formação da IECLB, na área da Educação Cristã Continuada. A Agenda Sinodal reflete detalhadamente o que foi planejado e o que está sendo exercitado em termos de formação continuada. Como Pastor Sinodal tenho sido um parceiro de diálogo no tocante às ofertas colocadas pelos vários setores de trabalho.
2) Visitação:
O trabalho de visitação, quando da reestruturação da IECLB em 1997, foi previsto como ação prioritária. A agenda sinodal e também as atividades fora do âmbito do planejamento determinado, na esfera sinodal, nem sempre permitem atender a demanda de todas as expectativas. Apesar dos limites impostos procurei acompanhar, no decorrer do ano, muitas situações pessoais e comunitárias, tanto nos momentos de alegria como nas dificuldades e nas situações problemáticas.
No decorrer do 1º semestre de 2006, pude concluir o 1º rodízio de visitações fraternas, em toda área sinodal. O processo de visitações iniciou em 2003 e alcançou todas as 34 Paróquias do Sínodo Norte Catarinense. Este programa de visitas permitiu que, durante um dia inteiro, acompanhasse o obreiro e/ou a obreira, conhecendo, ouvindo; participando de uma atividade comunitária regular. No final da visitação acontecia a conversação com os Presbitérios e com o Conselho Paroquial. Agradeço aos obreiros e às obreiras, assim como aos membros dos Conselhos paroquiais pela oportunidade de estar presente, nos campos de trabalho, e dessa maneira, exercer o papel de pastor dos pastores e dos demais obreiros.
Além das visitações fraternas mantive, no decorrer deste último ano, inúmeros contatos e diálogos para ouvir, mediar, orientar, possibilitando o intercâmbio de propostas e idéias com lideranças de comunidade e com obreiros/as. Os contatos aconteceram, tanto na sede sinodal, como nas Comunidades. Aconteceram seguidos deslocamentos que exigiram muitas rodadas de conversação. Graças a Deus e ao empenho sábio e paciente de muitas lideranças, abriram-se caminhos e portas permitindo volta à normalidade ou à superação de dificuldades em situações polêmicas. No entanto, há situações onde se precisa investir ainda mais na prática dialogal.
Entendo que uma das tarefas mais importantes, não só do Pastor Sinodal, é a habilidade de “administrar a pluralidade existente nas comunidades e mantê-las unidas em Cristo”. Pastorear o “rebanho”, fato que envolve em especial obreiros /as pastores/as, implica em saber administrar a comunidade toda, não somente os grupos afins, considerando as possíveis diferenças quanto à vivência da piedade. Neste aspecto, o Ex-Presidente da IECLB, P. Dr. G. Brakemeier apresenta teses relevantes, em Estudos Teológicos, nº 2, 1995, pg. 117 – 122.
3) Presença do Pastor Sinodal:
Participei, neste último período, de uma série de eventos programados pelos Departamentos e dos seus Conselhos administrativos. De modo parcial, apresento exemplos da minha presença participativa. Foi muito gratificante acompanhar, por exemplo, as programações do Departamento de Música, em especial, participando dos Encontros de Corais ocorridos nos três Núcleos do Sínodo. Fui convidado a fazer a pregação, quando do encerramento do Seminário de Música e Canto, uma promoção conjunta do Sínodo Norte Catarinense e Vale do Itajaí. Sempre que possível, participei das reuniões do Conselho de Redação do Jornal “O Caminho”. Dividi atenção em relação aos trabalhos na área da Juventude Evangélica e no departamento do Culto Infantil. Em várias ocasiões acompanhei o trabalho desenvolvido pela Pastoral do Idoso e pelo Departamento de Diaconia, assim como participei de atividades promovidas pela OASE sinodal e por Grupos de OASE em Paróquias. Testemunho com muita convicção que os departamentos e setores de trabalho do Sínodo estão desenvolvendo trabalhos marcantes.
Registro com gratidão as oportunidades de presidir uma série de cultos em comunidades do Sínodo; em outras tantas ocasiões, fui convidado a fazer a pregação. Tive a grata satisfação de participar de inaugurações/consagrações de templos e de Centros Comunitários ou de atos de colocação da Pedra Fundamental de templo(s). Assessorei, mediante palestras e estudos, diversos Encontros de Lideranças. Mensalmente participo das reuniões do Conselho Curador do BOM JESUS/IELUSC, em Joinville.
A cada duas semanas, escrevo na Secção Opinião, no Jornal “A Notícia”, além de redigir alternadamente a coluna do Pastor Sinodal, em “O Caminho”, o Jornal Sinodal. Coopero mensalmente com o Jornal “Diocese Informa”, vinculado à Diocese de Joinville. O raio de alcance desses veículos de Imprensa é grande e tenho recebido, com freqüência, reações interessantes, também de lugares distantes de Joinville.
Quando possível, participo dos encontros de obreiros/as, nos Núcleos ou nas Uniões Paroquiais. De forma semelhante, participo dos encontros de caráter ecumênico, onde se encontram obreiros/as da IECLB e ministros religiosos de outra(s) confissão(ões) religiosa(s).
Representei o nosso Sínodo na Assembléia Sinodal do Centro-Sul Catarinense, na cidade de Criciúma. Seguidas foram as mensagens encaminhadas, marcando presença, quando de situações comunitárias especiais no Sínodo Norte Catarinense e em outros Sínodos da IECLB. Quando informado, procurei acompanhar situações pessoais e familiares, relativas a obreiros/as e cooperadores/as do Sínodo Norte Catarinense.
Na qualidade de Pastor Sinodal, marquei presença, em várias ocasiões de caráter público. Destaco também os encontros fraternos periódicos, quando não semanais, com o Bispo da Diocese Católica de Joinville, D. Orlando Brandes, para momentos conjuntos de espiritualidade.
É compromisso do Pastor Sinodal que participe dos dois encontros anuais programados entre os Pastores Sinodais e a Presidência da IECLB. Nesta oportunidade, mantenho contato com estudantes do Sínodo matriculados na Escola Superior de Teologia. Há vários anos estou escalado para atuar na Banca do Exame de Admissão de candidatos/as ao Período Prático de Habilitação ao Ministério na IECLB. Integrei, até o final de 2005, a Comissão de Designação e Envio de candidatos/as e de obreiros/as da IECLB.
Ao encargo do Pastor Sinodal estão os encontros, para congraçamento, planejamento e estudo dos obreiros e das obreiras do Sínodo. Assumi, a cada ano, a coordenação das três Conferências de Obreiros/as do Sínodo e também a coordenação dos dois encontros de Atualização Teológica programados anualmente para os/as obreiros/as do Sínodo Norte Catarinense. Presidi as reuniões do Grupo Assessor que se reúne, duas vezes ao ano, além dos encontros de planejamento da equipe que trabalha o projeto de formação sinodal.
Acompanhei de perto algumas realidades de conflitos instalados entre campos de trabalho, grupos e obreiros. Para tanto houve um investimento considerável de tempo, promovendo negociações, a mediação, diálogos entre as partes e a disciplina fraterna. Constato que o bom termo se mescla com a existência de muros que impedem avanços satisfatórios e a superação de mágoas, frustrações e ânimos acirrados.
Participei, igualmente, de todas as reuniões administrativas programadas para o período, tanto da diretoria do Conselho Sinodal, bem como das plenárias deste Conselho.
4) 1º Dia Sinodal da Igreja:
Realizamos no Sínodo Norte Catarinense, em 30 de outubro de 2005, pela primeira vez um grande encontro de integração e de celebração. “Unidos sob a graça de Deus fazendo história”: este foi o tema do Dia da Igreja realizado nas dependências do Centro de Eventos Sítio Novo, na cidade de Joinville. Nos apoiamos numa data especial na história da IECLB, o centenário de fundação do antigo Sínodo Luterano SC, PR, e outros Estados. A aprovação do 1º Estatuto do Sínodo Luterano ocorreu, em 09 de outubro de 1905, tendo como local a Comunidade da Estrada da Ilha/Pirabeiraba.
Coordenei a equipe de trabalho que organizou e executou, com muito carinho e competência, este evento reunindo em torno de 3.500 pessoas, procedentes de todos os Núcleos e de muitas comunidades do nosso Sínodo. Foi, sem sombra de dúvida, um evento que marca a história do nosso Sínodo, em razão da sua força integradora. Faz-se necessário que tenhamos regularmente presente a realidade de que somos, no norte catarinense, muitas pessoas luteranas. Juntos e juntas queremos ser testemunhas e marcar a nossa presença como grande família confessional. O Dia da Igreja destacou alguns objetivos muito claros: aproximar, integrar, facilitar o intercâmbio de trabalhos, compartilhar serviços, oportunizar a celebração conjunta, aprofundar a espiritualidade que nos é comum, possibilitar o congraçamento de pessoas e de comunidades, fortalecer a unidade. Contamos, agradecidos, com a presença do nosso Pastor Presidente, P. Dr. Walter Altmann, assim como a presença de autoridades do Estado e do Município. O montante das ofertas recolhidas, aproximadamente R$ 5.000,00, foi destinado à edificação da comunidade da IECLB, em São Luis do Maranhão. Um gesto que deverá servir de marco futuro, de estímulo e de apoio a outros projetos missionários, em nosso contexto sinodal e da IECLB.
VI – DESAFIOS, PERSPECTIVAS e METAS
Relatórios não só informam sobre ações planejadas, por isto não apresentam somente um panorama retrospectivo. O relatório de atividades motiva a olhar para frente, para caminhos futuros. Apesar do grande número de realizações, participações e dos muitos compromissos assumidos, dentro e fora da geografia sinodal, será preciso atentar para outras possíveis metas de relevância comunitária e sinodal.
Por exemplo, no decorrer deste ano, somos desafiados pelo próprio Estatuto do Ministério com Ordenação a recomeçar a prática das visitações aos obreiros e às obreiras, que se enquadram no período das avaliações. Importa que além das avaliações, sejam atualizados e adequados os Termos de Atividade Ministerial, também retroativamente, de todos os obreiros e todas as obreiras. A orientação procede da Secretaria Geral da IECLB. O encaminhamento dos Certificados de Habilitação dos obreiros e das obreiras, em parte já confeccionados e disponíveis, pressupõe que o processo avaliativo e que o Termo de Atividade ministerial estejam em dia.
Outra meta a ser perseguida é o trabalho intensivo, integrador e propositivo da Juventude Evangélica em nível sinodal. Há inúmeros grupos nas comunidades, porém, o trabalho de coordenação da JE no Sínodo carece de um novo vigor e de maior consistência. O Congresso Sinodal da JE, realizado em 21 de abril de 2006, faz vislumbrar um novo entusiasmo para esta frente importante de atuação. Transmito os melhores desejos para que a coordenação sinodal, recentemente eleita, possa realizar um trabalho abençoado e integrador. Em razão da necessidade de reestruturação do Departamento de Comunicação, caberá à direção do Sínodo investir nessa área.
O Grupo Assessor, constituído em 2002, e que se reuniu regularmente, duas vezes ao ano, após esses primeiros anos de existência, precisa de uma revisão interna quanto a sua composição e às suas competências. O Grupo definiu a sua atuação como prestador de assessoria prioritária às atividades do Pastor Sinodal.
Visando ao encaminhamento para implantação, em curto prazo, do Projeto de ação missionária no Sínodo Norte Catarinense, proponho que a 9ª Assembléia Sinodal dê “luz verde” para realização dessa meta. Neste particular, o Grupo Assessor já existente, em parceria com a direção administrativa do Sínodo, deverá ser envolvido. Como passo seguinte, sugiro a criação de Grupos de Trabalho, com a incumbência de identificar os eixos, viabilizando a organização e a prática do Projeto. Na atualidade, o enfoque está concentrado no eixo da formação. Este eixo deve continuar e o investimento de recursos materiais e de pessoas, nesta área, exige ampliação e fortalecimento.
Os Grupos de Trabalho poderão ser constituídos de equipes, quem sabe, de até seis pessoas, somando três obreiros/as e três líderes de comunidade. Aos Grupos caberá a tarefa de promover uma base reflexiva e motivadora; de modo simultâneo, esses grupos servirão como instrumentos de orientação e de estímulo para a implantação prática dos eixos pensados. Juntos e juntas queremos atentar e ser sensíveis aos “sinais do tempo”, olhando especialmente para a nossa realidade sinodal e brasileira. A realidade das comunidades, a qualidade de vida na sociedade, assim como os fenômenos religiosos nos desafiam a um plano de missão amplo que motiva à prática da fé.
Diante da necessidade de avançar e de vivenciarmos a qualidade de “sal da terra e luz do mundo”, que interpreto como exercício que qualifica o nosso ser Igreja no norte catarinense, proponho que invistamos criatividade, sabedoria, entusiasmo e recursos que se fizerem necessários. Sugiro que a partir de 2007, possamos visualizar resultados práticos e iniciar o processo de implantação do Projeto proposto. Cito alguns eixos que poderão ser focalizados nesta caminhada:
1) CULTO E LITURGIA
2) MISSÃO URBANA – IGREJA NA CIDADE
3) FÉ, GRATIDÃO E COMPROMISSO
4) IGREJA E RESPONSABILIDADE PÚBLICA
5) DIACONIA
6) ECUMENISMO E MOVIMENTOS RELIGIOSOS
Observação: Diante do proposto, alerto ao fato de que o Sínodo Norte Catarinense apresenta carência de uma estatística atualizada e sente também a falta de um planejamento estratégico que oriente as suas lideranças, enquanto idealizamos e buscamos praticar as idéias. A observância desses desafios traduzidos em prática deverá fazer parte do nosso planejamento futuro imediato.
VII – AGRADECIMENTOS
Cargos também representam cargas. Há muitas tarefas. Em relação à atuação do Conselho Sinodal e do Pastor Sinodal somam muitas expectativas; são os de membros em comunidades, as suas lideranças, assim como se fazem presentes as expectativas dos obreiros e das obreiras. A demanda e o volume acumulados de trabalhos são expressivos. Em razão da nossa estrutura de trabalho na sede sinodal, que é bastante humilde, sou confrontado com limites e, por vezes, o sentimento é de pouco agilidade. Não tem faltado a expressão de compreensão e de cooperação; e isto é humanamente gratificante. Sentimo-nos todos e todas no mesmo barco. Damos graças a Deus que Ele cuida de nós; este sentimento procede da promessa do Evangelho. É certeza na esperança, ela faz muito bem e possibilita a vivência de realidade consoladora e animadora, sobretudo quando as águas do mar estão agitadas e representam exposição a perigos. A experiência de mares agitados, com certeza, neste ano que passou, não foi só a minha!
Sublinho, é a Deus que cabe gratidão especial. Em Jesus Cristo, o Senhor da Igreja, Deus mostra o seu rosto profundamente humano e misericordioso. Por Ele somos chamados ao serviço na seara, dele recebemos a tarefa de anunciar e pelo mesmo Senhor somos acolhidos/as e carregados/as de um dia ao outro. O Deus do povo cristão não tem respostas para todas as nossas perguntas e dúvidas. De forma muito consoladora, motivo de esperança e ânimo, Jesus Cristo não afirma que Ele tem a resposta para tudo. Cristo anuncia que Ele é o Caminho. Jesus não é só o Caminho, mas Ele vai conosco a caminho. Desde que foi erguida a cruz, no morro de Gólgota, vale a pena viver. O Senhor da vida valoriza, por causa da cruz, a nossa humanidade e possibilita a convivência em comunidade, no Sínodo e na IECLB, ainda que marcados por limitações e falhas, próprias do nosso jeito humano de ser. Somos todos compelidos a ouvir o que o Espírito está dizendo às Igrejas. Porque ninguém tem o monopólio do discernimento e da verdade.
Deixo um agradecimento muito especial e muito cordial às pessoas que compõem e compuseram a diretoria, agora cessante, do Conselho Sinodal. Valioso e gratificante foi viver esse sentimento de apoio e de ânimo expresso em palavras e gestos, em especial, nos momentos quando caminhando juntos topamos, por vezes, com “pedras”. A todos os membros do Conselho Sinodal, às pessoas na coordenação dos Departamentos vai o abraço que expressa a minha gratidão. Repartindo os sentimentos de gratidão, penso igualmente nos obreiros e nas obreiras e nas lideranças de comunidade. Intercedo junto ao Senhor da Igreja, Jesus Cristo, que Ele conduza a sua Igreja na história, que juntos/as construímos, na esperança de que esta é também a história de Deus, por isto significativa.
Agradeço a atenção dada e concluo o relatório com a frase que identificou o nosso 1º Dia Sinodal da Igreja: “Unidos, sob a graça de Deus, fazemos história”. É verdade, somos comunidade de fé, que se alimenta e recebe força e dinamismo ao trabalho, tão somente a partir da inconfundível e imerecida graça de Deus!
Joinville, 05 de maio de 2006
P. Sinodal Manfredo Siegle