Proclamar Libertação – Volume 33
Prédica: Romanos 3.19-28
Leituras: Jeremias 31.31-34; João 8.31-36
Autor: Olmiro Ribeiro Júnior
Data Litúrgica: Dia da Reforma
Data da Pregação: 31/10/2009
“Vão e contem o que vocês viram e ouviram.
Digam que os cegos vêem, os coxos andam,
os leprosos são curados, os surdos ouvem,
os mortos são ressuscitados, e os pobres recebem
o evangelho. E felizes são as pessoas que não duvidam de mim.”
Lucas 7.22-23
1. Introdução
Culto de 31 de outubro: comemoração da Reforma Protestante. Entrementes, será que o povo das comunidades da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) tem consciência, conhecimento das implicações de ser herdeiro da Reforma?
O movimento da Reforma proporcionou que a igreja cristã como instituição voltasse a orientar sua caminhada nas Sagradas Escrituras. Ou seja, voltasse a seguir os passos, os ensinamentos de Jesus Cristo, o libertador. Uma igreja disposta à constante reforma para ser fiel a Cristo e, assim, ser instrumento de libertação no mundo sofrido, explorado e oprimido. Uma igreja que supera as tradições humanas que, muitas vezes, querem impor-se sobre a boa-nova do evangelho.
Os textos previstos para o Dia da Reforma enfatizam a libertação concedida por Deus à humanidade mediante a fé em Jesus Cristo. O profeta Jeremias anuncia, em 31.31-34, a nova aliança que Deus firmará com seu povo. Essa não será inscrita em tábuas, mas em suas vidas. O povo terá prazer e convicção em viver essa aliança e viverá como povo de Deus liberto. O evangelista João narra, em 8.31-36, a fala de Jesus anunciando que ele é o libertador. Através da prática de seus ensinamentos, da fé em Deus, o povo viverá a nova aliança com Deus. Jesus Cristo revela que ele é a verdadeira libertação para a humanidade, ou seja, a verdade indiscutível de que Deus está na vida. Na epístola do apostolo Paulo à comunidade de Roma, em Romanos 3.19-28, encontramos a explanação sobre a justificação por fé e não pela lei, enfatizando o evangelho da graça, a lei que condena e a fé que transforma. Os textos destacam a libertação como aceitação, valorização, compromisso, convicção, paixão e não apenas como tradição e discurso eclesial.
Como herdeiros e herdeiras da Reforma Protestante, necessitamos viver e propagar a fé libertadora. Fé que apaixonou Martim Lutero pelo evangelho da graça, destacando-o como um dos principais reformadores justamente por se dedicar ao estudo da Epístola aos Romanos.
2. Labor exegético
2.1 – Epístola de Paulo aos Romanos
“Esta carta é verdadeiramente a mais importante peça do Novo Testamento. É o evangelho mais puro. É de grande valor para um cristão não somente para memorizar palavra por palavra, mas também para se ocupar com isso diariamente, como se fosse o pão diário da alma (da vida)”.1
A Epístola aos Romanos é a primeira carta que o apóstolo Paulo escreveu a uma comunidade que ele não fundara. A estrutura da carta é uma mescla de orientações teológicas (1-11) com exortações pastorais (12-16). A importância teológica da Epístola aos Romanos constata-se nos escritos de Santo Agostinho em sua discussão contra Pelágio, como texto central nos escritos reformatórios de Martim Lutero e Calvino e recentemente nos comentários de Karl Barth.
2.2 – Contexto histórico
A Epístola aos Romanos foi destinada a uma comunidade originária de peregrinos judeus, prosélitos que presenciaram o acontecimento de Pentecostes em Jerusalém no ano 30 d.C. e converteram-se com o sermão de Pedro (At 2.14-41). Não foi fundada pelos apóstolos, mas o fortalecimento da fé cristã em Roma foi obra de Pedro (ano 64) e Paulo (68).
Estando no berço, no centro do Império Romano, a comunidade sofreu duramente a perseguição do império aos cristãos. E assim viveu a opressão, a escravidão, a exploração e a desvalorização como realidade diária. O medo e o temor às leis e aos poderes do império e o clima hostil fomentaram ainda mais tensões na vida da comunidade em relação à fé e às reflexões teológicas. Assim, a carta de Paulo procura acalmar os ânimos, consolar a angústia e sobretudo clarear as ideias da comunidade em relação à vida de fé em Jesus Cristo.
2.3 – Contexto narrativo
Existe uma controvérsia sobre a delimitação da perícope prevista para este domingo. Não serão explanados a controvérsia e os pormenores devido ao fato de que, nos PL 20 e 25, a mesma foi abordada com profundidade.
O texto de Romanos 3.19-28 situa-se na parte teológica da carta, abrangendo dois blocos temáticos:
Depravação humana – Ira divina: a doutrina do pecado universal – 1.18-3.20
Pecado e condenação de toda a humanidade – 3.9-20
Libertação divina – Justiça de Deus: a doutrina da justificação particular – 3.21-5.1
Justificação mediante a fé em Cristo – 3.21-31.
Nesse contexto, Paulo destaca a pecaminosidade humana, a inutilidade de leis e de autojustificação. O ser humano não consegue ser justo, ter valor, ser aceito por Deus mediante suas obras. Em contrapartida, mediante a fé em Cristo Deus abraça o ser humano gratuitamente. O caminho para os braços amorosos de Deus não é a lei, mas a fé em Cristo.
2.4 – Epístola aos Romanos 3.19-28
V. 19 – Paulo afirma que as pessoas que se refugiam na lei não encontram consolo, mas condenação. A lei revela que toda a humanidade é culpada, que agride a presença, a face de Deus na vida humana. A alusão à lei refere-se à Torá, que é o centro, o coração do Antigo Testamento.
V. 20 – A libertação, o amor de Deus não é adquirido pela lei, pois ela revela a injustiça e a idolatria do ser humano quando está centrado em si.
V. 21 – Deus revela gratuitamente sua aceitação, justiça inscrita na lei e propagada pelos profetas.
V. 22 – Em Jesus, Deus acolhe a humanidade indistintamente. Não existem escolha e eleição, apenas convite para caminhar na fé com Cristo e redescobrir a face de Deus na vida.
V. 23 – Toda a humanidade é culpada, carente e perdida e assim indistintamente necessita de perdão, acolhimento e comunhão.
V. 24 – A justificação do pecador é oferecida gratuitamente por Jesus Cristo. A redenção da humanidade é um presente oferecido por Cristo em nome de Deus.
V. 25 – Deus acolhe o pecador não olhando para sua culpa, mas para a ação de Cristo, que libertou a humanidade do mal, do pecado. Mediante a fé em Cristo a pessoa pecadora é acolhida, aceita por Deus. Fé que não corresponde à aceitação racional de conceitos doutrinários, ao cumprimento de tradições religiosas. Fé que atira a pessoa nos braços de Deus, com disposição para viver a libertação no dia-a-dia, reconhecendo sua finitude e dependência da graça de Deus para viver.
V. 26 – A ação de Deus que justifica não é algo futuro ou destinado ao fim dos tempos. Deus perdoa e liberta a pessoa, proporcionando que ela viva como liberta. Lutando contra o mal, promovendo libertação mediante a fé e refugiando-se nos braços de Deus.
V. 27-28 – Não existem vanglória, autoglorificação, porque não conquistamos a libertação, seja por obras ou tradição. A fé em Jesus Cristo oferta-nos gratuitamente a redenção. O ser humano é justificado pela fé independentemente das obras da lei, pois as obras realizadas são frutos da fé.
O texto revela que a graça de Deus envolve o ser humano mediante a fé em Cristo, transformando a vida da pessoa, libertando-a e tornando-a agente de libertação no seu dia-a-dia.
3. Mensagem pastoral
A Reforma foi um marco decisivo na transformação das relações humanas (entre si e com Deus) em todas as áreas: econômica, política, cultural e religiosa. Os poderes e as tradições foram questionados e alterados porque não promoviam a vida e não revelavam a presença, a graça de Deus contida no evangelho. Foi a libertação da vida, em que o povo redescobriu seu valor como povo de Deus, amado e aceito mediante a vivência da fé em Jesus Cristo
3.1 – O que o texto bíblico traz como lei (libertar do quê?)
Os textos bíblicos libertam das tradições e legislações humanas, que procuram dar valor, justificar o ser humano diante de Deus. Jeremias revela a nova aliança gravada no coração; o evangelista João destaca a verdadeira libertação oferecida na fé em Jesus Cristo. O apóstolo Paulo desmascara todas as pretensões humanas de autojustificação.
# Libertar da ânsia antropocêntrica de se autojustificar, de demonstrar a suposta bondade, ou seja, a fé vivida na aparência, no cumprimento de papéis, tradições que não defendem a vida, não promovem justiça e, muito menos, revelam a justificação de Deus para o povo sofrido.
# Libertar do poder do pecado, o valor em si, a compra e venda de aceitação, que aliena e acomoda as pessoas, revelando que as injustiças, opressões e idolatrias são realidades normais da vida.
# Libertar da acomodação eclesial, do marasmo, da manutenção da igreja como instituição ou, ainda pior, como associação, clube, onde as comunidades estão mais preocupadas em manter o que têm (bens, pessoas, respeito, status) do que ser agentes de libertação, de reformar estruturas que não geram vida.
3.2 – O que o texto traz como evangelho (libertar baseado em quê?)
# Na ação amorosa de Deus, que acolhe o pecador, convidando-o a viver a justiça mediante a fé em Cristo. Convite gratuito e transformador.
# Na presença de Cristo, na comunhão dos pecadores, dos excluídos, dos sofridos, que necessitam perdão, consolo e valorização. O remédio, a cura aos doentes. Presença que se faz na comunhão de duas ou três pessoas, na vivência do Batismo, na Ceia do Senhor, na Palavra, nas organizações sociais que lutam por justiça.
# No perdão oferecido gratuitamente como força transformadora e reformadora, mudando vidas, estruturas e relações, para desfrutar e promover libertação na vida das pessoas.
# Na graça que é oferecida mediante o estudo, a meditação da Escritura Sagrada como fonte do evangelho, conscientizando as pessoas da ação libertadora de Deus na vida do povo e, assim, em suas vidas.
3.3 – O que o texto traz como imperativo (libertar para quê?)
# Para vivermos a libertação, a graça de Deus, como realidade vivencial. Incluindo os excluídos e as excluídas, consolando as cansadas e os sobrecarregados, valorizando os rejeitados e as rejeitadas, perdoando as pecadoras e os pecadores arrependidos e transformando estruturas e poderes que não promovem a vida e a presença de Deus na vida.
# Para vivermos a comunhão do corpo de Cristo, cientes de que o valor máximo do encontro é a presença de Deus entre nós mediante a fé em Jesus Cristo. Vivência que nos acolhe e transforma para a construção do Corpo de Cristo onde estamos e que nossas particularidades são aceitas, mas não se sobressaem em destaque sobre as de outros. Não importam a cor, a sexualidade, a classe social; o que importa é a disposição para o encontro na fé e o envolvimento na libertação. Tudo o que for percalço para a presença de Deus na comunhão necessita ser reformado.
# Para vivermos a comunhão plena de todos os santos, que, agraciados pelo amor de Deus, lutam por justiça, pelo reconhecimento da presença de Deus entre nós e em nós, por comunidades e uma IECLB que pulsa, vibra e compromete-se com a libertação.
# Para constantemente reformarmos nossos ministérios, as estruturas das comunidades, paróquias e a IECLB quando elas não promovem o evangelho, mas, pelo contrário, defendem interesses que oprimem, excluem e dominam. Coragem de sempre avaliarmos se estamos andando com Cristo.
3.4 – Tópicos para a prédica
a – Refletir sobre a valorização das relações, das pessoas na comunhão nas comunidades. Comunhão plena no culto, mas a comunhão nos grupos. Quem tem espaço, quem tem direito a voz e vez?
b – Refletir sobre as estruturas, poderes e grupos que são criados na comunhão; eles defendem e propagam o evangelho? O critério de acolhimento de capacitação é a graça de Deus, vivida na fé, na caminhada batismal?
c – Analisar como estamos vivendo o acolhimento das pessoas na comunidade e sociedade. Como é trabalhado o sistema sociocultural e econômico imposto pela mídia e a espiritualidade do mercado que infunde a necessidade de autojustificação, de méritos na fé, de boas obras como meio de adquirir as bênçãos de Deus. Há espaço para o evangelho da graça, para perdão e arrependimento, para justiça aos explorados e oprimidos, para libertação dos sistemas que deturpam e manipulam o evangelho, para a reforma em nossas comunidades?
d – Averiguar quais são os sinais de libertação em nossas comunidades, onde está a presença de Deus em nossas vidas, relações, propostas de trabalho, organizações e estrutura eclesial? A comunidade tem compromisso, coragem de defender o evangelho da graça nos dias de hoje?
e – Como afirma Jeremias, a nova aliança está inscrita em nossas vidas? Segundo João, seguimos Jesus Cristo e vivemos como libertos?
4. Contextualizações possíveis
4.1 – Dinâmica
Trabalhar a graça de Deus, a libertação, como o valor que a pessoa tem. O que valoriza a nossa existência hoje, como indivíduos, famílias, trabalhadores e trabalhadoras, como cristãos, como membros de comunidades?
Objetivo: Promover a reflexão da comunidade em relação ao valor que a pessoa tem. Valor que não está em si, mas é oferecido mediante a fé e descoberto na comunhão. Vivemos a Reforma como movimento, como estímulo para seguir Jesus Cristo ou como uma tradição que necessita ser celebrada?
Material: Ampliar a rosa de Lutero (1m x 1m). Colar a mesma sobre isopor ou papel grosso. Recortar as partes, vazá-la, de maneira que as partes se encaixem: cruz entra no coração, o coração entra na flor, flor no céu e o céu na aliança, formando a rosa completa.
Desenvolver da dinâmica: Inicialmente pegar o coração, deixar as outras partes no chão, dentro de um saco ou caixa.
Coração – Representa a vida humana. Como ele está vazado, a vida humana necessita algo que lhe dê valor. Nossa existência não está completa em si, ou seja, não vivemos para nós. Fomentar a reflexão de onde o ser humano consegue valor, aceitação. Colocar dentro do coração fotos de bens e perguntar se os bens nos dão valor. Colocar dinheiro e perguntar se o acúmulo e o poder econômico nos dão valor. Colocar uma foto de Lutero com o símbolo da IECLB e perguntar se, dizendo que somos luteranos, isso nos dá valor. Colocar outros exemplos possíveis. Consecutivamente colocar a cruz.
Cruz – Ela revela que nosso valor está no fato de termos sido batizados, marcados por Cristo. A vivência da fé em Cristo, que revela o valor que temos como filhos e filhas amados por Deus. Encaixar o coração com a cruz na rosa.
Rosa – A vivência de fé comprometida com a libertação, fundamentada na graça de Deus, gera transformação. Reforma estruturas, poderes, relações e conceitos, trazendo paz para a vida das pessoas. Uma paz que não foge dos conflitos, mas que gera vida digna e valorizada. Assim podemos questionar se não é justamente porque não se vive a fé com compromisso que a realidade social está em caos, atolada em violência e desumanidade. Mesmo com o surgimento de tantas igrejas, movimentos espiritualistas, a vida não está em paz. Encaixar no céu.
Céu – A pessoa marcada por Cristo no Batismo compromete-se e empenha-se para que o novo céu esteja na nova terra. Que possamos aperitivar o banquete do reino em nossas refeições e relações. A Reforma revelou isso: a presença de Deus começa no Batismo e acompanha-nos na caminhada de fé até o encontro com Cristo na ressurreição. Encaixar na aliança.
Aliança – A presença de Deus, a aceitação e a justificação nos são garantidas por Jesus Cristo, a nova e definitiva aliança que Deus fez com a humanidade. Assim não depende de tradições, falsa piedade, teologia do pavor e da retribuição. Deus aceita-nos e acolhe mediante a fé em Jesus Cristo, iniciada no Batismo e completa na ressurreição.
4.2 – Música
Eu só peço a Deus (Letra: Leon Giecco – Tradução: Daniel Torres)
Eu só peço a Deus que a dor não me seja indiferente,
Que a morte não me encontre um dia, solitário, sem ter feito o que eu devia.
Eu só peço a Deus que a injustiça não me seja indiferente,
Pois não posso dar a outra face, se já fui machucado brutalmente.
Eu só peço a Deus que a guerra não me seja indiferente,
É um monstro grande e pisa forte toda a pobre inocência dessa gente.
Eu só peço a Deus que a mentira não me seja indiferente,
Se um traidor tem mais poder que um povo, que esse povo não esqueça facilmente.
Eu só peço a Deus que o futuro não me seja indiferente,
Sem ter que fugir desenganado, pra viver uma cultura diferente.
Solo le pido a Diós que la guerra não me sea indiferente.
Es um monstro grande y pisa fuerte, toda la pobre inocencia de la gente.
4.3 – Poema
Imagine se a igreja estivesse verdadeiramente disposta a assumir seu envio de anunciar aos pobres a boa-nova e vivesse as consequências de seu compromisso histórico de levantar os caídos, servir aos pequenos, defender a vida.
Imagine se a igreja fizesse o mesmo itinerário do Mestre e fosse correndo ao encontro da humanidade toda, carente de afeto e de pão, para anunciar-lhe a boa-nova da dignidade humana: a libertação.
Imagine se a igreja investisse na formação mais séria e comprometida de seus membros, de seus obreiros e obreiras, levando em conta a realidade socioeconômica, a diversificação das culturas, a influência das ciências humanas na história do pensamento e da prática vivencial do povo de Deus.
Imagine se a igreja tivesse a sensibilidade de acompanhar o desenvolvimento da humanidade, do mundo e das culturas e tratasse com o mesmo carinho de mãe aquelas pessoas que estão à margem das rodas sociais, dos bancos de nossos templos, mas que continuam suas jornadas, seu caminho em busca de dignidade, felicidade.
Imagine se a igreja mudasse seus critérios para constituir as “fileiras de comando” e só tivesse como critério a defesa da vida, o compromisso com a libertação, gente capacitada, aberta, equilibrada, resolvida humana e afetivamente, capaz de entregar a própria vida por amor ao reino.
A arte de imaginar põe já o sonho em andamento e vislumbra a possibilidade de realizá-lo na prática. Oxalá tenhamos os corações abertos para transformar a nossa imaginação em realidade que mude o rosto desfigurado e enrugado de todas as comunidades, para que ela se apresente de cara nova e cumpra, com fidelidade e zelo apostólicos, sua missão de servir na construção de um novo céu e uma nova terra, livres de todas as prisões e exclusões (Adaptado de Fato e Razão, 44, novembro 2000, p. 54-55).
5. Subsídios litúrgicos
Confissão de pecados:
O apóstolo Paulo ensina em 1 Coríntios 3.11: “Ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo”. Somos justificados por Deus, ou seja, aceitos, perdoados, incluídos mediante a fé. Não temos méritos. Temos, sim, culpa a confessar. Confessemos nossos pecados. Oremos: Deus Criador e misericordioso! Em tua presença, diante da cruz de Cristo, damo-nos conta das palavras, dos pensamentos e das atitudes que tivemos e que causaram sofrimento a nós mesmos e a outras pessoas. Diante de ti somos culpados, culpadas. Nada merecemos senão o teu castigo. Isso pesa e nos faz infelizes. Então te pedimos: Tenha misericórdia de nós. Perdoa os nossos pecados e pela força do teu Santo Espírito modifica-nos, ó Deus! Por Jesus Cristo, juntos cantamos: Ouve, Senhor, eu estou clamando. Tem piedade de mim e me responde.
Kyrie:
Em Miquéias 6.8 está escrito: “Ele te declarou, ó ser humano, o que ébom e o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça e ames a misericórdia e andes humildemente com o Teu Deus”. Nós somos povo de Deus. Estamos neste mundo para fazer o que Ele pede de nós. Mas nem sempre o caminho é fácil. A teimosia, o orgulho, a confiança e a segurança nas coisas criadas pelas mãos humanas afastam-nos de Deus. Pessoas machucam pessoas; nações brigam com outras nações; também, em nome da fé, uns se sobrepõem aos outros. Vamos trazer as dores do mundo diante de Deus, cantando: Pelas dores deste mundo (Coleção Miriã 1 – 12).
Glória:
Lutero disse: “Deus se identifica com os que têm precisão: quem se afasta de seu semelhante, afasta-se do próprio Deus. Olha bem, para não passares por cima de mim; eu estarei perto de ti em cada pessoa pobre que necessita de teu auxílio e conselho; eu estou bem dentro dela”.
L: Ó Deus, Pai e Mãe misericordiosa!
C: Nós te louvamos. Nós te damos graças.
L: Ó Jesus, cordeiro de Deus.
C: Tu que tiras o pecado do mundo, acolhe as nossas súplicas.
L: Ó Espírito de Deus. Tu és a fonte de todo o amor, do perdão, da reconciliação.
C: Age entre nós e por nós. Nós te glorificamos, cantando:
Glória, glória, glória a Deus nas alturas. Glória, glória, paz entre nós, paz entre nós. (Hinos do Povo de Deus n. 346)
Oração do dia:
“Caros amigos de Cristo, estamos reunidos aqui em nome do Senhor para receber seu Sagrado Testamento, a fim de fortificar a fé, a esperança e o amor. Assim eu peço: elevem seus corações e mentes a Deus, a fim de receber o entendimento da Santa Palavra, que é confortadora promessa de bênçãos para nossa vida. Que Deus olhe misericordiosamente para nós, seus filhos e filhas, e conceda-nos a graça de que seu santo nome seja santificado entre nós em todo o mundo por ensinamento e vivência pura e correta de sua Palavra. Afasta-nos do mal e de doutrinas falsas e enganosas e da vida má e desordenada. A uma só voz dizemos: Amém.” (Adaptado de Martim Lutero)
Hinos:
Amanhecer (Coleção Miriã 1 – 40), Nosso encontro vai ser abençoado (Hinos do Povo de Deus n. 123), Palavra não foi feita (Hinos do Povo de Deus n. 415), Cristãos, alegres jubilai (Hinos do Povo de Deus n. 155), Resistência (Hinos do Povo de Deus n. 443), Castelo Forte (Hinos do Povo de Deus n. 97).
Bibliografia
CULLMANN, Oscar. A formação do Novo Testamento. Trad. de Bertholdo Weber. 6. ed. São Leopoldo: Editora Sinodal, 1996.
BÍBLIA DE ESTUDO ALMEIDA. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. http://www.monergismo.com/textos/comentarios/prefacio_lutero.htm. Retirado dia 12/06/2008.
Nota:
1 Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos por Martim Lutero.
Proclamar libertação é uma coleção que existe desde 1976 como fruto do testemunho e da colaboração ecumênica. Cada volume traz estudos e reflexões sobre passagens bíblicas. O trabalho exegético, a meditação e os subsídios litúrgicos são auxílios para a preparação do culto, de estudos bíblicos e de outras celebrações. Publicado pela Editora Sinodal, com apoio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).