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Que a paz de Deus, o amor de Jesus Cristo e a sabedoria do Espírito Santo estejam com você! Amém.

Querida irmã e querido irmão:
Em diversas ocasiões na minha vida eu pude me dar conta de que Deus usa de maneiras bastante inusitadas para nos desacomodar e testar a nossa fé e a nossa capacidade de amar! Hoje eu quero dividir com vocês a mais recente dessas minhas experiências.

Há poucos dias atrás, intensas chuvas caíram sobre Belo Horizonte e o volume de água fez transbordar córregos, invadindo centenas de casas simples, próximas a uma grande avenida. Mais de 400 famílias tiveram que abandonar suas casas rapidamente e muitas não tiveram tempo de salvar mais do que familiares e saíram apenas com as roupas do corpo, em busca de qualquer abrigo.

Eu sei que tem gente que considera esse tipo de fatalidade como castigo de Deus! Já eu, lembrando de episódios narrados nos evangelhos, em que Jesus se defronta com pessoas fragilizadas pelas mais diferentes razões, prefiro olhar para tragédias desse tipo como boas oportunidades para manifestar o consolo, a presença e o cuidado amoroso de Deus.

Dessa vez, no entanto, tive uma experiência inédita: o pedido de socorro às pessoas que haviam perdido todos os seus bens materiais me chegou através de uma sacerdotisa de religião de matriz africana, conhecida minha há algum tempo. Ela estava mobilizando lideranças de todo tipo para conseguir ajuda para fornecer refeições prontas às pessoas que, ainda que recebessem cestas básicas, como haviam perdido fogão e geladeira, sequer tinham onde cozinhar.

Foi assim, que ouvi a voz de Jesus dizendo: “deem vocês mesmos comida a eles” (Mateus 14.16b). E essa voz não só era feminina, como vinha de uma pessoa de outra religião! Felizmente, outras pessoas acolheram o pedido reverberado através de mim e pudemos juntar alguma soma em dinheiro, suficiente para comprar ingredientes para umas 170 refeições. Essas compras eu mesma fiz e entreguei no endereço que me foi indicado: um terreiro, no qual havia uma pequena cozinha de uns sete ou oito metros quadrados, onde não mais que cinco mulheres preparavam em torno de 150 refeições por dia, que eram embaladas e levadas até uma igreja evangélica, para serem distribuídas às pessoas desabrigadas.

Embora haja pessoas que só vejam o mau e o anti-Deus nas religiões de matriz africana, no dia em que visitei aquele terreiro me lembrei de uma experiência do apóstolo Pedro, relatada no capítulo 10 do livro de Atos dos Apóstolos, quando ele ouviu uma voz que lhe disse: “Não chame de impuro aquilo que Deus purificou” (Atos 10.15). Assim, pela minha fé eu afirmo, com toda convicção: eu senti Jesus abençoando o trabalho feito naquele terreiro!
Que Deus nos permita sempre ouvir e atender ao seu chamado à prática do amor solidário! Que jamais esqueçamos estas palavras de Jesus: “quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que o fizeram” (Mateus 25.40b).

Oração: Querido Deus, permite que nunca nos falte a noção de urgência necessária para acudir a quem precisa. Que nos empenhemos, sempre, em fazer o bem sem olhar a quem, assumindo que teu filho Jesus, nosso irmão, encarna cada pessoa e situação de fragilidade que clama por nossa intervenção. Ajuda-nos a agir sempre inspirados pelo amor misericordioso e incondicional que recebemos de ti. Amém.

Bênção: Que Deus te abençoe e te guarde em seu amor, hoje e sempre. Amém.