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Olhar…

Nesse tempo de pandemia e isolamento social, respeitando os devidos cuidados, tenho realizado muitas visitas pastorais à idosos, “visita de porta”como se diz! Sempre tenho sido bem recebido e as pessoas manifestam muita gratidão. Mas observo que a maioria manifesta um olhar de abatimento e preocupação. A rotina foi radicalmente alterada com o distanciamento social e as marcas estão estampadas nos rostos. Isso é gerado por uma série de sentimentos: medo, saudades, solidão, ansiedade, inquietação e preocupação.

De fato são tempos difíceis, que surpreenderam a todos nós; mas eles também vem carregados de oportunidades. Oportunidades de reflexão, avaliação, arrependimento e de reorganização da vida a partir da fé; que o Espírito Santo planta em nós pelo Evangelho de Cristo. O que forja em nós o dom da superação, não por nossa força, mas pela graça de Cristo. Como é bem colocado na estrofe do conhecido hino Castelo Forte: “A minha força nada faz, sozinho estou perdido. Um homem a vitória traz, por Deus foi escolhido. Quem trouxe esta luz? Foi Cristo Jesus, o eterno Senhor, outro não tem vigor; triunfará na luta.” E é exatamente esse o segredo, que dá condições e espaço para tantas pessoas, com confiança e coragem, superarem esse tempo com suas circunstâncias turbulentas. Mesmo em meio às lágrimas!

Graças à Deus que tem socorrido seu povo e tem sido a fonte de paz para sarar tantos corações inquietos. Como Jesus fez com Pedro, quando este estava submergindo nas águas turbulentas do mar da Galiléia: “E, prontamente, Jesus, estendendo a mão, o segurou e disse: – Homem de pequena fé, por que você duvidou?

De fato essa experiência de superação se dá somente pela fé em Cristo, o Salvador. E esse é o apelo das Sagradas Escrituras: “Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro ? O meu socorro vem do SENHOR, que fez os céu e a terra.”Sl 121.1-2. O que também está expresso no profeta Miquéias 7.7: “Eu, porém, olharei para o SENHOR e esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá.” E no livro de Hebreus 12.2: “Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus…”

Obviamente que a fé, em sua singularidade não é somente passiva, mas também ativa no amor. Pois quem aprende a olhar para o Senhor, também aprenderá com ele a olhar para os mais fracos e necessitados. Como registrado em Mateus 9.36: “Ao ver as multidões, Jesus se compadeceu delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor.”

Quem é alcançado com o amor de Cristo, aprenderá, pois, a servir os necessitados com a mesmo amor com que foi servido. O reformador Martin Lutero escreveu: “a fé recebe, o amor dá.

Esse exercício faz a gente tirar o foco de nossos próprios interesses egoistas e de nossos medos, e nos liberta para enxergar a amplitude da missão do Reino de Deus. Quanta oportunidade para praticar o bem incondicionalmente! Podemos contribuir com os diversos dons para devolver o sorriso e a esperança à uma criança carente, à um idoso solitário, à um desempregado inquieto, à um jovem desorientado… Eis a nossa oportunidade para fazer a diferença: manter o foco no Senhor Jesus, sendo discípulos fiéis; e com isso focar nas oportunidades de servir ao próximo. Seremos mais gratos e aprenderemos ou reaprenderemos a louvar a Deus.

Com isso, mesmo em tempos de inquietude, nossos olhos se encherão de esperança e de alegria. Andaremos menos cabisbaixos e de cabeça erguida vislumbraremos as oportunidades para fazer a diferença no tempo em que vivemos, com o amor de Cristo, que Ele plantou em nossas vidas. E assim nossa vida se encherá de satisfação. Amém!

Glória a Deus!
P. Mauro Nilo Schneider