O que tens – para quem será?
Pastora Sinodal Mariane Beyer Ehrat
sinodovi.mariane@terra.com.br
Se a cada manhã há 10 milhões de estômagos “enganados”, por causa da fome aqui no Brasil, então isso também diz respeito à economia. “Economia e Vida” foi tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica.
A palavra economia tem sua raiz no grego e literalmente significa “administração da casa” (oikos = casa); “oikonomos” é o administrador, o mordomo. E, “oikumene” é a palavra usada para o mundo habitado, a terra habitada.
A pergunta é: hoje não é dada à economia a grande tarefa de ser a “administradora” do mundo? Não é ela que já construiu e até derrubou “muros” políticos? Bem, mas a economia não está entregue ao “léo do destino”, ela não segue seu caminho por si, ela é dirigida por grêmios decisórios quer empresariais, quer políticos.
A Igreja não é expert na economia para determinar o que deve ser feito, mas há cristãos na política, há cristãos a frente de empresas, há cristãos nos foros decisórios no país e no mundo. E, é justamente nas suas decisões que os cristãos devem se perguntar “pela vontade de Deus”.
Homens e mulheres de fé envolvidos na economia precisam estar conscientes que não é mais o lucro o objetivo último, mas é a vida do mundo que está em jogo, é a sustentabilidade e a preservação da vida humana e da criação como um todo que está ameaçada. Uma frase muito bonita de um expoente do Greenpeace diz: “Quando todas as árvores tiverem sido derrubadas, quando todos os peixes estiverem envenenados, quando todos os rios estiverem secos, o homem não terá mais o que comprar com o seu dinheiro”.
A economia administra o “oikos”, a casa nos dada por Deus. Então, se o pão chega à mesa dos filhos de Deus ou não, tem a haver com a administração dos mordomos da casa, com a economia e a vida.
A quem muito foi dado, muito será exigido, diz o Evangelho. Uma nova ordem na economia passa por homens e mulheres que pensam de forma renovada, que priorizam a vida. Empresários cristãos sabem que o dinheiro lhes é apenas um servo, não mais um deus. Não podeis servir a dois senhores diz Jesus.
O 1º Seminário Ecumênico de Empresários, que aconteceu em março em Blumenau, refletiu sobre uma nova proposta chamada Economia de Comunhão. Empresários cristãos experimentam como competitividade e lucro podem estar a serviço da vida. E, que mesmo sendo “donos e chefes”, cristãos podem fomentar e viver um ambiente de comunhão fraterna junto aos funcionários. Não se trata de um novo modelo econômico, antes, um novo modelo de pessoa que pode “ter”, mas está centrada no “ser” e, sobretudo está motivada a “servir”.
Em meio a esta loucura consumista e sede por riqueza, cabe-nos a séria pergunta: O que tens, para quem será? Que uma profunda reflexão nos auxilie a entender que a economia deve estar a serviço da vida, senão estamos sob o signo da morte.