Proclamar Libertação – Volume 36
Prédica: Tiago 5.13-20
Leituras: Números 11.4-6, 10-16, 24-29 e Marcos 9.38-50
Autora: Antonio Carlos Ribeiro
Data Litúrgica: 18º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 30/09/2012
1. Introdução
Se esta carta fosse enviada, em nossos dias, para comunidades cristãs
da América Latina, possivelmente seria interceptada pela Segurança
Nacional de alguns países. Seria taxada de documento subversivo
ao lerem-se os parágrafos que denunciam com veemência a exploração
dos fazendeiros e a vida regalada (farta) dos homens de negócios.
Elsa Tamez
Os pobres alegram-se na esperança. É o que nos ensina a Carta de Tiago, especialmente quando lida a partir do olhar latino-americano. Para compreendê-la, é necessário mais do que amor pelo evangelho, do que um desejo sincero de anunciar a salvação ou ainda do que uma disposição catequética frente à comunidade. Para ler a Carta de Tiago com certa contextualidade e, sobretudo, para envolver a comunidade de fé numa pastoral que alcance os grupos mais desprotegidos da sociedade, é necessário vê-la como um tratado religioso e moral, tendo a forma, mas somente a forma, de uma carta.
Ela traz conselhos e reflexões sobre diversos tópicos, articulando aspectos da vida comunitária que dão a dimensão prática de sua vivência. Se fizermos o percurso práxis – teoria – práxis, relacionando o caráter pessoal e a conduta correta, proposto pela teologia latino-americana, não teremos muita dificuldade para estabelecer contato com a realidade e ajudar a comunidade a interagir com os outros grupos que a integram.
A Carta de Tiago, ao invés de mostrar o evangelho a partir de suas grandes afirmações (fatos e compreensões fundamentais à salvação), desenvolve uma linguagem pastoral como resposta às dores das pessoas e da comunidade, ensinando a integridade espiritual, o trato com sinceridade e uma verdadeira piedade, visível em todos os parágrafos. Mais do que isso, ela reflete as condições de vida dos judeus na Palestina, apresenta ideias com raízes e assume fortes influências helenísticas.
Seu autor tem em mente as necessidades gerais dos cristãos. Seus conselhos partem da compreensão de seu modus vivendi e por isso falam à sua existência consciente. Não trata das preocupações de uma igreja particular, não pensa a fé a partir de uma instituição, como um intelectual orgânico, mas a partir de situações reais e comuns, provavelmente fruto de um impulso da expressão que surgiu da consciência dos conflitos da vida de fé e de ter algo a dizer frente a elas.
É uma prática de fé vivida num processo de opressão que suscita perguntas: Como crer dentro de um contexto que pede libertação? Como a correta fé cristã (ortodoxia) desenvolve seu potencial libertador a partir de uma prática correta (ortopráxis), frente às quais forjou a compreensão de que a “função libertadora não consiste nas respostas analíticas, nem em dar sentido a uma realidade existente e nem a uma fé ameaçada por ela, mas sim em transformar uma realidade para que chegue a ter sentido para a fé”, como ensinou Jon Sobrino?
O texto de Números 11.4-6, 10-16, 24-29 mostra Moisés sofrendo os conflitos da liderança de um povo que sofre a falta de alimentos no deserto, que assume seus sofrimentos e intercede. A resposta é a partilha do compromisso de liderar o povo – com sentimento, clareza de objetivo e liderança – e a divisão correspondente de responsabilidade na execução da tarefa.
O Evangelho de Marcos (9.38-50) mostra os conselhos de Jesus em relação aos que expulsam demônios em seu nome, passando a mostrar que, mais do que não estar apegado ao poder, partilha a responsabilidade, cobrando apenas dedicação à tarefa e fidelidade ao povo a quem vai ministrar.
2. Exegese
Conquanto muito conhecida, não posso deixar de mencionar a forma como Lutero se posicionou frente a essa epístola. Em seu prefácio à primeira edição do Novo Testamento, o reformador afirmou:
O evangelho de São João e sua primeira epístola, as epístolas de São Paulo, especialmente Romanos, Gálatas e Efésios, e a primeira epístola de São Pedro são livros que mostram a Cristo e ensinam a vocês tudo o que é necessário e próprio para a salvação que devem conhecer, embora nunca vejam ou escutem outro livro ou doutrina. Por isso, a epístola de Tiago é realmente uma epístola de palha comparada com esses outros, já que não tem nada da natureza do evangelho nela (Wittenberg, 1522).
No prefácio à segunda edição, Lutero omitiu a expressão “epístola de palha”, mas não mudou em nada sua opinião sobre a carta, a partir da qual colocou, no final de sua tradução do Novo Testamento para o alemão, os livros de Tiago, Hebreus, Judas e Apocalipse, sem sequer enumerá-los na tabela de conteúdo.
A maneira como Lutero lidou com essa epístola não foi o primeiro descaso, que pela ausência de grandes afirmações dogmáticas, pela adoção de linguagem pastoral na carta e mesmo pelo público-alvo – as comunidades judaicas pobres do fim do primeiro século, que sequer igrejas particulares eram – relegaram-na à categoria de menor valor. Assim me ative à exegese e à análise hermenêutica de Elsa Tamez – mulher, latino-americana e biblista com olhar treinado para o pequeno, o fraco e o pobre entre nós.
O texto foi escrito entre o final do primeiro século e o início do segundo, mas isso não bastou para que fosse admitido no cânone. A discussão sobre a canonicidade durou até fins do séc. IV, sendo questionada em algumas igrejas até nos séculos seguintes. É importante observar que a patrística passou ao largo de seu reconhecimento. “Nenhum dos pais apostólicos do século II menciona Tiago como autor canônico. Nem Clemente de Roma, nem o Pastor de Hermas – embora ambos apresentem passagens bastante parecidas (…) Tampouco o mencionam Irineu, Tertuliano ou Clemente de Alexandria” (p. 14).
A exceção é Alexandria, no Egito, onde Orígenes citou a carta como parte do Novo Testamento e colocou Tiago entre os autores bíblicos já no fim do século II. Foi o primeiro passo. Depois a igreja siríaca incluiu a epístola na versão Peshitta, que surge no século II, porém, ainda assim, “várias pessoas das igrejas sírias de língua grega não reconheceram a Carta de Tiago como parte do NT, entre eles o antioqueno Theodoro de Mopsuestia, Lito de Bostra” e, mais tarde, no século VI (545), nessa mesma igreja, Pablo de Nisbis, professor de Constantinopla. “Esse aceitou a canonicidade de 1 Pedro e 1 João (outros livros em disputa), porém a Tiago classificou de antilegómena”, por serem contestados, contraditos ou disputados, mesmo tendo sido geralmente reconhecidos (p. 15).
Isso não impediu que nessa igreja, entre os séculos VIII e XIII, também tivesse havido objeções a essa e às demais epístolas pastorais. A igreja ocidental também demorou para aceitá-la: “Somente aparece em 350 A.D., no ocidente latino, no pseudo-augustiniam Speculum, na Vulgata e nos textos do Codex Corbeiensis, porém nesses últimos a tradução de Tiago é incluída numa coleção de tratados patrísticos”.
A postura dogmática chega à literatura. “O primeiro escritor latino (356-358) a citar a epístola, Hilario de Poitiers, refere-se à mesma uma só vez para alegar como suas passagens tinham sido mal entendidas pelos arianos para apoiar sua heresia.” Tamez indaga por que essa carta apresentou tantos “poréns” para ser reconhecida como parte da mensagem do evangelho. As respostas são várias e de índoles muito distintas. “A paternidade apostólica era um dos critérios mais fortes que tinha a igreja dos primeiros séculos para incluir um documento no cânone” (p. 17).
Apesar das muitas explicações do processo canônico, as limitações na comprobabilidade das origens interfere como seu pano de fundo. “Há uma comunidade de crentes que sofre. Há ricos que os oprimem e arrastam aos tribunais. Há camponeses que são explorados, cristãos e não cristãos.” A carta é resposta a essa comunidade de crentes que necessita de uma palavra de esperança, de ânimo, de segurança, quanto ao fim da injustiça, às quais a carta de Tiago responde desde o início.
O cuidado pastoral aparece na perícope desde a saudação, na insistência de declará-los felizes, de mostrar um Deus que cuida dos pobres, que emite o juízo contra o opressor e pelo fim da opressão. Mas o “ângulo mais denso dessa carta é a práxis”. Para Tiago, a denúncia de hoje e o anúncio da esperança não são suficientes. Da comunidade de fé se requer mais: uma práxis, segundo a qual os cristãos devem demonstrar uma paciência militante, integridade no falar, crer e fazer, ter oração com poder, sabedoria eficaz e amor incondicional. “Assim o evangelho é lido com os olhos do oprimido e crente” (p. 26).
As afirmações da carta mostram sua ênfase pastoral: estar rodeado de todo tipo de provas; irmão de origem humilde gloria-se na exaltação e o rico em sua humilhação; feliz quem suporta a prova; órfãos e viúvas na opressão; os ricos levam os pobres aos tribunais; alguém carece de alimento e roupa; inveja, espírito de contenda, mentira, guerra, paixões, soberba; aquele que sabe fazer o bem e não faz peca; o grito dos salários e dos trabalhadores chega aos ouvidos do Senhor; condenastes e matastes o justo; fortalecei os corações porque a vinda do Senhor está próxima. O anúncio da salvação está no cotidiano.
A boa-nova da promessa de libertação é ouvida pelos pobres e humildes. A esperança é o miolo dessa experiência, a tal ponto que a alegria se antecipa ao cumprimento (p. 47). A teologia pastoral surgida do sofrimento não teme afirmar: isso é ter fé, isso é crer de verdade. Opressão, sofrimento, perseguição não são definitivas para as pessoas e as comunidades que leem a Carta de Tiago. Só é possível se mover na esperança. Ela ajuda diante da opressão e fortalece em seu enfrentamento (p. 48).
A carta dirige-se a gente oprimida. As comunidades de Tiago sofrem marginalização e desprezo na sociedade. A maioria de seus membros é pobre ou muito pobre; por isso o autor se solidariza (p. 49). As provas pelas quais passam referem-se à variedade de opressões que produzem sofrimento. Mas Tiago insiste em injetar ânimo em seus destinatários, fazendo-os refletir sobre sua própria experiência amarga.
A alegria não é escatológica, e nem ele sugere gozo no sofrimento, mas, ao usar a expressão “sabendo que”, propõe que se tome consciência do processo e do resultado dessa experiência. Essa atitude fortalece o espírito, produz uma paciência militante, e é dessa que resultam obras perfeitas, porque essa reflexão existencial-espiritual-intelectual concede integridade à pessoa e à comunidade. “Ao contrário, o que considera atentamente a lei perfeita da liberdade e se mantém firme, não como ouvinte que facilmente se esquece, mas sim como cumpridor e praticante da mesma, esse será feliz” (1.25).
A anamnesis, o trazer à memória, com a comunidade reunida em torno da Palavra, aponta para uma práxis orante e militante. “Tomai, irmãos, como modelo de sofrimento e de paciência os profetas, que falaram em nome do Senhor. Vede como proclamamos felizes os que sofreram com paciência” (5.10). Ao afirmar que Deus é compassivo e misericordioso, o texto introduz mais um elemento na alegria que se experimenta na práxis: a participação de “Deus como doador da alegria! A alegria no sofrimento é também, paradoxalmente, produto da prática e da graça de Deus. Quanto mais se afirma que Deus é compassivo e misericordioso, nutre-se bastante a esperança” (p. 52).
3. Meditação
“A prova não tem a ver com uma certeza escatológica, mas com a pobreza-opressão” (p. 53), ensinou a teóloga metodista. A certeza de que Deus nos espera no futuro e sua relação com os vínculos pessoais e comunitárias tocam em nossas utopias assumidas no cotidiano. Esse é o teste limítrofe de nossa espiritualidade e o ponto em que se encontram nossa pregação e nosso caminhar ético.
Sempre temos a impressão de que o sofrimento abala e determina o fim de nossos sonhos. Depois de muito ver o sofrimento alheio, de lidar com nosso próprio sofrimento, de sentir a sensação de impotência no cotidiano, de chorar nossa fragilidade e perdas, construímos um novo fundamento, o que chamamos de sabedoria. Seus ingredientes são os saberes adquiridos, a experiência comunitária e o amálgama produzido pelo sofrimento.
As palavras do texto deste domingo resumem magnificamente a pregação de Tiago num diálogo curto, construído de perguntas e respostas. É a síntese feita por nossas comunidades. O texto revela uma mística que indaga a dor sofrida e apresenta a fé construída na história. A militância e a mística são duas faces de uma mesma moeda, também vista como pessoal e comunitária, presente e futuro em construção, não negar a dor e ancorar as certezas num Deus que tem que ser bom, para lembrar Lutero.
Diante do sofrimento da doença, manda orar. Em meio à alegria, manda entoar cânticos (v. 13). Se alguém permanece doente, orienta a comunhão dos anciãos e a unção com óleo (v. 14). E, lex orandi, lex credendi, enuncia a fé orada e crida pela comunidade: a oração da fé salva; o Senhor restabelece e perdoa pecados (v. 15). A comunhão da grei supõe confissão de pecados e intercessão, com o componente moral: a integridade do justo (v. 16). E apontou para a mística histórica: Elias era ser humano, mas tinha fervor religioso para pedir a estiagem – e ser atendido – e para pedir chuva – e ser ouvido de novo – para mostrar a mística e a autoridade do profeta.
A comunidade de Tiago não é apenas mística. A memória da mística e dos feitos de poder supõe uma teologia que o texto também articula muito bem. Tamez enfatiza que “o Deus de Jesus Cristo é o mesmo que se conhecia através dos atos libertadores em favor de Israel e dos pobres de Israel e continua sendo o mesmo porque ‘nele não há mudança nem sombra de variação’” (p. 56).
Defende a espiritualidade comunitária na expressão cúltica da comunhão. “Se a comunidade está padecendo, Deus não é causador; ‘pois Deus não pro¬va a ninguém’ (1.13).” E enfatiza que “dEle vêm ‘toda boa dádiva e todo dom perfeito’. São os próprios homens que provocam essa situação de injustiça, sua concupiscência leva-os a pecar e se tornam assassinos (1.15), daí que uns matam e outros morrem, uns sofrem a pobreza e outros vivem regaladamente às custas de suas vítimas” (p. 57). Não mistifica – no sentido de usar o sentimento para encobrir e tergiversar –, mas mostra como espiritualidade autêntica e crítica clara não se excluem.
Nesse ponto, a mística consolida o “paralelo entre ‘a coroa da vida prometida aos que o amam’ e o ‘reino prometido aos que o amam’. Ter esperança de conquistar a coroa da vida não significa entrar em competição e ser ganhador, excluindo o outro. Antes significa conquistar a vida em si, boa, duradoura, eterna, diferente da que tem vivido; por isso estão lutando pela vida, resistindo, suportando a opressão. Nisso consiste seu heroísmo e por isso recebem a coroa ‘da vida’, ou seja, a própria vida. Precisamente o fato de ter esperança nessa nova vida produz alegria, uma vez que a certeza é tal, e a opressão é tão real que, ao sentir que está se suportando com valentia, consideram-se proprietários dessa coroa (…) assim: ‘Feliz o que ama ao Senhor, pois receberá a coroa da vida que ele prometeu àqueles que o amam’, que seria melhor lido: ‘Feliz o que suporta a prova e ama ao Senhor, porque receberá a coroa da vida’” (p. 54).
Práxis significa assumir três interpelações: a paciência militante, a integridade e a oração eficaz, tendo como pano de fundo o amor incondicional e sincero entre os membros da comunidade:
1 – Paciência militante – É a paciência heroica, que sabe aguardar os momentos propícios. As palavras em grego são termos militares usados como metáforas em conexão com as batalhas da vida e significam perseverar, resistir, ser constante, inquebrantável, imutável. Ela surge na opressão, por isso é ativa, trabalhadora, corajosa e heroica. Como Jó, que resistiu à morte, e Deus o restabeleceu.
2 – Integridade – As igrejas devem ser sinais do Reino, modelo diferente dos valores do mundo. Se a igreja se guardar a si mesma diante dessa ordem, corre o risco de repetir seus valores. Se tiver inveja, ciúme e disputa entre eles, sucumbiram à lógica do mundo. Se o cristão for íntegro, sincero, transparente, coerente e consequente no que faz, ficará seguro, resoluto, decidido. E sua prática espiritual também será pura, irrepreensível, justa. Ela resulta da experiência dolorosa, baseia-se no próprio Deus, e seu contrário é a ambiguidade.
3 – Oração poderosa – Está no interior da práxis, e essa não se esgota na prática da justiça, mas vem seguida de vida espiritual. Não é dualista. Faz justiça e ora, integrando as duas dimensões. Na justiça e na verdade, vê a presença de Deus e o mistério de sua graça aos pequeninos. A oração que restaura o enfermo é, dentro da práxis, uma experiência transcendental e de sentido, que distingue o cristão. Na vida comunitária, é um desnudar-se diante do outro no chamado à libertação mútua. Por isso é poderosa como a de Elias (p. 86).
4. Imagens para a prédica
Essa construção comunitária ganha uma dimensão de mística. Antes de ser designado para meu primeiro pastorado, acompanhei o pastor Werner Fuchs ao acampamento dos sem-terra em Capela, na área pastoral da Paróquia de Portão, onde atuava. Enquanto pedíamos informações e datilografávamos um projeto para uma agência financiadora, pedindo alimentos e sementes para agricultores acampados e à espera de assentamento, gravei uma entrevista com Demenciano (Reforma Agrária é mais do que repartir terra. Jornal Evangélico, São Leopoldo, v. 18, p. 16, 01 dez. 1991). Ali, na porta da barraca, aquele agricultor – com a mulher e os filhos à volta, sob a lona preta – falava com uma certeza mística do lado equilibrista de sua esperança, para lembrar a música de Elis Regina.
A escatologia que estudamos personificava-se naquele trabalhador. As muitas faltas, as desilusões das promessas e o desencantamento das privações eram enfrentados com a identidade clara (o saber quem é), a justeza da luta pelo espaço para trabalhar (a consciência do direito) e a necessidade de ocupar, plantar e distribuir alimentos (a convicção da luta). Não era individual, mas “fruto do trabalho de homens, mulheres e crianças que trabalham, sonham e pensam para construir o reino de Deus neste continente subdesenvolvido e maravilhoso”, escreveu Gutiérrez.
Eram necessários alimento, sementes, máquinas para preparar o solo e sustentar os trabalhadores no plantio, mas o mais necessário era a mística escatológica para acompanhar os que se integravam ao grupo, especialmente nos problemas de doença. Na mística dos cristãos, no compromisso com os princípios e na comunidade reunida na luta pela vida, não bastavam objetivos e princípios; era preciso integridade.
5. Subsídios litúrgicos
Saudação:
Amada comunidade: na tradição cristã, estamos celebrando o tempo de Pentecostes, em que ela descobre que não vive apenas de sua força, mas da que vem do Espírito, que a todos congrega em torno de Cristo. É o Espírito que nos faz conhecer a verdade e nos envolver nos diversos movimentos que Ele provoca à nossa volta. É o Espírito que fortalece em nós a paciência militante, a oração poderosa e a integridade, necessárias ao nosso testemunho. Na alegria desse compromisso, saudemo-nos uns aos outros. Amém.
Confissão e lamento pelos pecados:
Neste momento em que a comunidade de fé também busca justiça ecológica, lembremos as palavras da Missa da Terra Sem Males:
Eu era a Terra livre,
eu era a Água limpa,
eu era o Vento puro,
fecundos de abundância,
repletos de cantigas.
E nós te dividimos
em regras e em fronteiras.
A golpes de ganância
retalhamos a Terra,
invadimos as roças,
invadimos as tabas,
invadimos o homem.
Eu fazia um caminho a cada vez que passava.
Era a Terra o caminho,
o caminho era o homem.
Ajuda-nos a, confiados em teu amor e graça,
viver na esperança e sob teus cuidados.
Tem piedade de nós, Senhor!
Oração do dia:
Deus, que na força do Espírito nos chamas a ser remanescente que não trai a aliança, não nega a comunhão e vive da leitura orante da Palavra, nós te pedimos: ajuda-nos a aprender da mística da comunidade de Tiago e a vivê-la neste mundo. Amém!
Bibliografia
DIBELIUS, Martin. James – a commentary on the Epistle of James. Philadelphia: Fortress Press, 1975.
ROPES, James Hardy. A critical and exegetical commentary on the Epistle of St. James. Edinburgh: T. & T. Clarck, 1991.
TAMEZ, Elsa. A carta de Tiago – numa leitura latino-americana. São Bernardo do Campo: Metodista, 1985.
Proclamar libertação é uma coleção que existe desde 1976 como fruto do testemunho e da colaboração ecumênica. Cada volume traz estudos e reflexões sobre passagens bíblicas. O trabalho exegético, a meditação e os subsídios litúrgicos são auxílios para a preparação do culto, de estudos bíblicos e de outras celebrações. Publicado pela Editora Sinodal, com apoio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).