Palavr@ção on-line 14
Civilidade
Expediente
PALAVRAÇÃO é uma publicação da IECLB – Secretaria de Formação
Postagem: Portal Luteranos – Abril de 2014
Colaboração: Secretaria de Ação Comunitária e Conselho Nacional da Juventude Evangélica CONAJE
Elaborador: P. Samuel Gausmann
Equipe de revisão: P. Jaime Jung, Diac. Simone Engel Voigt e Prof. Katilene Willms Labes
Revisão Ortográfica: Martha Regina Maas
Projeto Gráfico: Artur Sanfelice Nunes
Coordenação: P. Antonio Carlos Oliveira
Contato: secretariageral@ieclb.org.br
Palavr@ção é um material destinado às pessoas que orientam os trabalhos com grupos de jovens na IECLB. Cada estudo possui duas partes: uma teórica (PALAVRA) e outra prática (AÇÃO). Dessa forma, a reflexão sobre um assunto importante vem conectada a sugestões de atividades práticas para a juventude.
Palavra
Oferece uma reflexão a respeito do tema proposto. Dessa maneira, você terá acesso a um subsídio de auxílio para a preparação de estudos sobre determinada temática.
Ação
Apresenta sugestões de dinâmicas e atividades para o estudo. Você pode adaptá-las e complementá-las para melhor atender à realidade e às necessidades do grupo de jovens.
PALAVRA – parte teórica
Uma questão de civilidade
Civilidade vem do latim civilitate, que designava o habitante da cidade (civitate). De acordo com o dicionário Aurélio, civilidade significa conjunto de formalidades observadas pelos cidadãos entre si em sinal de respeito mútuo e consideração: é o respeito aos hábitos e costumes adotados por uma sociedade, objetivando o convívio respeitoso e solidário entre os seus membros. Deve-se ter cuidado para não confundir com a palavra “civismo” que tem a ver com o respeito pela sociedade organizada, pelas instituições e pelas leis.
O termo civilidade engloba desde os bons modos à mesa até as regras de conduta nas relações virtuais pela internet. Uma pergunta simples para aplicar o conceito de civilidade, em diferentes situações da vida cotidiana, é: O que posso fazer pelas outras pessoas para que busquemos harmonia?
Uma sociedade é o espelho dos seus cidadãos! Não há como apontar defeitos na sociedade em que vivo sem, ao mesmo tempo, fazer uma autocrítica. Quando Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX, dizia que as pessoas deveriam seguir o comportamento do porco-espinho – se fica muito perto de seus pares, morre espetado; se fica muito longe, morre de frio – não estava pensando no uso do telefone celular em público, mas bem que poderia, não é mesmo? Especialistas em ética e comportamento enfatizam a relevância de revitalizar o termo civilidade nas rodas de conversa. O stress é causado em grande parte por relacionamentos humanos mal resolvidos. Se melhorarmos a capacidade de nos relacionar, teremos menos brigas, menos stress e, consequentemente, menos processos e pessoas doentes, afirma Piero Massimo Forni, professor da Universidade Johns Hopkins e um dos maiores especialistas no estudo da civilidade.
Até umas três gerações atrás, grande parte da sustentação emocional e material das pessoas vinha dos familiares. Hoje, convivemos muito mais com amigos e desconhecidos e, nesse caso, ser afável é fundamental. As famosas palavras mágicas que ensinamos às crianças não devem desaparecer do vocabulário das pessoas adultas: bom dia, por favor, obrigado e com licença.
Somos luz para a nossa cidade
Jesus afirma que somos luz do mundo (Mt 5.14-16). Ele não afirma que devemos ou podemos ser, mas, de fato, que somos. Isso se deve não pelas nossas capacidades ou merecimentos, mas por aquilo que nos tornamos através de Cristo: filhos e filhas de Deus. Por causa disso, Ele nos concede a bênção e a responsabilidade de sermos luz do mundo. Quanto mais nos apegarmos à fé (a fonte de nossa iluminação), mais vamos brilhar diante do mundo e quanto mais nos afastarmos da fé, mais tênue e vacilante se tornará essa chama. A luz de Cristo é muito poderosa para ficar restrita à vida pessoal, ela deve irradiar na família e na sociedade. Por isso, a imagem da cidade edificada no monte e a candeia que não pode ficar debaixo da mesa, mas que deve ficar à vista de todas as pessoas para cumprir sua função, ou seja, iluminar o ambiente.
Que mensagem nos transmite a imagem de uma cidade construída no monte? Na cidade, temos muitas construções altas (prédios, arranha-céus, shoppings, etc). Se as pessoas são capazes de construir coisas tão elevadas, por que a dificuldade de manter atitudes elevadas no contexto urbano? Por que as cidades se tornam, na maioria das vezes, sinônimo de violência, crime, solidão, medo, exclusão, miséria, depredação? As pessoas cristãs são desafiadas a serem luz na cidade. Que grande desafio! Pois cidade é onde tem mais luz, por vezes, luzes que nunca se apagam! Como trazer uma luz diferente, que chame a atenção? Como ser uma luz que orienta e não uma luz que ofusca?
Passando a Palavra
Civilidade, a partir da fé cristã, é refletir a luz de Cristo nas atitudes cotidianas, lembrando sempre de começar por mim. Assim como preciso cultivar a minha fé, preciso exercitar a minha cidadania. O simples fato de estar dentro de uma igreja não me torna cristão, assim como o simples fato de morar numa cidade não me torna cidadão. É preciso mais, é preciso atitude e comprometimento tanto na igreja como na cidade.
Bibliografia
– SERRÃO, Margarida e BALEEIRO, Maria Clarice. Aprendendo a ser e a conviver. Fundação Odebrecht, 2ª ed. – São Paulo : FTD, 1999.
Saiba Mais
Dicas de Músicas:
– Coração Civil: Milton Nascimento
– Que país é esse? Legião Urbana
– Há sinais de paz e de graça: Hinos do Povo de Deus vol. 1 nº 165
– Que estou fazendo? Hinos do Povo de Deus, vol. 2 nº 449
Dicas de Filme:
– A corrente do bem (Pay it forward). Ano: 2000; Gênero: Drama; Direção: Mimi Leder; Elenco: Kevin Spacey, Haley Joel Osment, Helen Hunt; Classificação: Livre; Duração: 123min. O professor Eugene desafia seus alunos e alunas a criarem algo que possa mudar o mundo. Trevor, um de seus alunos, resolve levar a tarefa a sério e inventa uma espécie de jogo chamado corrente do bem – quando uma pessoa recebe um favor, ela deve passar a diante a boa ação ajudando outras três pessoas.
Dicas de Vídeos:
– Aula Básica de Civilidade para brasileiros
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Pmhj9mHK7a0;
– Pequeno Manual de Civilidade
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=B_o0hHPnCMI
Dicas de Livro:
– LINDNER, Clovis H. Cidadania – faça a sua parte. São Leopoldo: Sinodal, 1999. Qual o papel da pessoa jovem na construção da sociedade? É preciso tornar-se um ser político e conhecer a sociedade na qual se vive. Neste livro, você encontrará desafios para exercer sua cidadania.
AÇÃO – parte prática
Demonstrando civilidade
Leitura Bíblica: Mateus 5.14-16
Cada um e cada uma de nós é desafiado e desafiada a ser luz que orienta em meio a tantos atalhos perigosos e becos sem saída, a ser luz que aquece em meio ao frio do concreto, a ser luz colorida que acolhe os diferentes num meio que exclui e rotula. A ser luz que reflete a luz de Cristo.
Impulsos para meditação: Prepare um pequeno altar com uma Bíblia aberta, uma vela acesa e uma cruz. Distribua para cada participante uma vela apagada. Após a leitura bíblica de Mt. 5.14-16 peça que cada pessoa, uma de cada vez, acenda sua vela a partir da chama da vela que está no altar. Depois de acesas as velas, você pode perguntar:
– O que significa, para vocês, ser uma luz na vida das outras pessoas?
– Como nosso grupo de jovens pode ser uma luz para a comunidade e cidade em que vivemos?
Dinâmica: A cidade dos meus sonhos.
Material Necessário: Pedaços grandes de papel pardo ou cartolinas; canetões e canetinhas coloridas; jornais e revistas usadas; fita crepe e adesiva; cola e tintas coloridas para papel; materiais recicláveis (caixas de leite ou suco, latinhas de refrigerante, caixas de papelão, etc).
Preparação: Dias antes do encontro, peça para a turma trazer até o local os materiais recicláveis que serão usados. Lembre que os materiais devem ser trazidos limpos, sem resíduos ou sujeira.
Sequência:
– Forme grupos com no máximo cinco pessoas.
– Distribua um grande papel pardo ou cartolina para cada grupo. Coloque os outros materiais em um lugar onde todos os grupos possam pegar na medida em que vão precisando. Os materiais que, por acaso, não estiverem sendo usados, devem voltar para esse lugar, permitindo, assim, que outras pessoas façam uso deles.
– Informe que cada grupo deve construir a cidade dos sonhos. Como primeiro passo, o grupo terá cinco minutos para que cada participante possa compartilhar suas ideias sobre: como é a cidade dos meus sonhos?
– Depois de dialogar, o grupo terá que decidir como representar artisticamente essa cidade utilizando os materiais que estão disponíveis.
– Hora da Ação! Veja quanto tempo você dispõe para esse momento (algo em torno de 30 a 45 minutos seria o ideal).
– Quando todos os grupos tiverem concluído, peça que apresentem suas criações.
Reflexão: Você pode conversar com a turma sobre como essa dinâmica se reflete em nossa vida e na forma como interagimos com a cidade e com o mundo que nos cerca. Algumas questões que podem ser levantadas: por que determinadas coisas (árvores, ruas, casas) aparecem no trabalho de um grupo e em outros não? E até que ponto esses itens são indispensáveis para todas as pessoas? Se for o caso, também questione:
– O que, de fato, precisamos em nossa cidade ou no lugar em que vivemos?
– Será que somos capazes de realizar o que sonhamos? O que precisamos para isso?
– Somos capazes de sonhar de forma coletiva a cidade dos sonhos? Que outras pessoas, entidades e organizações nós poderíamos chamar para sonhar com a gente?
Atividade Complementar: Conversando sobre civilidade
Verifique em sua cidade ou localidade se existe alguma associação não governamental (ONG), associação de moradores, sindicato, ou instituição ligada à prefeitura que vocês possam visitar. Escolham uma e verifique com a direção da entidade o dia e horário mais adequado para o encontro. Vocês podem convidar o ministro ou a ministra de sua comunidade ou alguém do presbitério para acompanhar vocês. A sugestão é que o grupo realize, antes da visita, um encontro de preparação para este momento. Na visita, procurem conversar a respeito de como se trata a questão da civilidade e da cidadania no trabalho dessa entidade. Alguém do grupo pode comentar que vocês estão estudando sobre esse tema e que seria importante ouvir também a opinião de outras pessoas. Se for possível, vocês podem perguntar para essas pessoas como seria a cidade dos sonhos delas. Anotem o que for dito e, posteriormente, num encontro do grupo de jovens, reflitam sobre o que ouviram e experimentaram nessa visita.
Tem a ver
10 Exemplos de civilidade
1) Ser íntegro, isto é, cumprir os compromissos assumidos;
2) Ter boas maneiras, ser educado e afável no trato com as pessoas;
3) Saber pedir desculpas quando cometer algum engano;
4) Ter autocontrole e calma diante de uma situação adversa;
5) Ser tolerante e respeitar a opinião das outras pessoas;
6) Não estacionar em vaga para pessoas com deficiência ou idosa;
7) Não criar perfil fake na internet para praticar bullying e bisbilhotar conteúdo pessoal alheio;
8) Não furar fila enquanto aguarda a sua vez;
9) Obedecer às leis de trânsito (quer você seja pedestre, ciclista ou motorista);
10) Não jogar lixo em vias públicas (ruas, calçadas, praças) ou na natureza (rios, terrenos baldios, matas).
Sobre o autor:
Samuel Gausmann é pastor da IECLB, cursou Teologia na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS. Exerce o ministério na Paróquia de Três de Maio/RS – Sínodo Noroeste Riograndense.