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Começamos a contar desde o primeiro
Nada pareceria verdade nem rotineiro
Era uma pandemia, um momento fatal
Como um aviso para evitar toda forma do mal.

Chegamos aos cem mil, quem imaginaria?
Nesta luta havia recursos, meios, como seria?
Vieram os duzentos, com indiferença e patifaria…
E nos trezentos, quem mais aguentaria?

Perplexos ficamos diante de tanta indignidade
Faltava oxigênio, máscaras, luvas e humanidade
Cessou o respeito pelas famílias enlutadas
Vieram mentiras e promessas de curas inventadas.

Nos quatrocentos, choramos e lamentamos
Nos quinhentos, publicamente, nos manifestamos
Hoje, passaram os seiscentos, o que mais esperamos?
Vacinas, respeito, pão, educação e misericórdia almejamos!

Não há palavras para descrever tanto descaso
Não há justiça que repare tantos danos e arraso.
Ficam os silêncios, as perguntas, as lutas e o sentimento,
E a certeza de que a Vida é nosso maior comprometimento.

Pa. Ma. Cristina Scherer, outubro de 2021.