PALAVR@ÇÃO on-line 13
VÍNCULO
Expediente
PALAVRAÇÃO é uma publicação da IECLB – Secretaria de Formação
Postagem: Portal Luteranos – Abril de 2014
Colaboração: Secretaria de Ação Comunitária e Conselho Nacional da Juventude Evangélica CONAJE
Elaborador: P. Roni Roberto Balz
Equipe de revisão: P. Jaime Jung, Diac. Simone Engel Voigt e Prof. Katilene Willms Labes
Revisão Ortográfica: Martha Regina Maas
Projeto Gráfico: Artur Sanfelice Nunes
Coordenação: P. Antonio Carlos Oliveira
Contato: secretariageral@ieclb.org.br
PALAVR@ÇÃO é um material destinado às pessoas que orientam os trabalhos com grupos de jovens na IECLB. Cada estudo possui duas partes: uma teórica (PALAVRA) e outra prática (AÇÃO). Dessa forma, a reflexão sobre um assunto importante vem conectada a sugestões de atividades práticas para a juventude.
Palavra
Oferece uma reflexão a respeito do tema proposto. Dessa maneira, você terá acesso a um subsídio de auxílio para a preparação de estudos sobre determinada temática.
Ação
Apresenta sugestões de dinâmicas e atividades para o estudo. Você pode adaptá-las e complementá-las para melhor atender à realidade e às necessidades do grupo de jovens.
PALAVRA – A importância dos vínculos
O termo vínculo tem origem em vinculum, que significa união – uma atadura de características duradouras. A função dos vínculos consiste em ser elo emocional e relacional que une duas ou mais pessoas ou duas ou mais partes dentro de uma mesma pessoa. Alguns vínculos são: vínculo de amizade, vínculo familiar, vínculo hipotecário, vínculo legal, vínculo empregatício.
O tema da IECLB, “ViDas em Comunhão”, indica a existência de vínculos, pois comunhão é consequência da formação de vínculos. Logo, não há como ter comunhão sem ter vínculos. Através dos vínculos são formados os grupos, que contribuem no desenvolvimento pessoal e social do ser humano.
O vínculo tem papel essencial em toda e qualquer ação que quer trazer mudanças e transformações, funcionando como o elo de uma corrente que liga os indivíduos. Quando uma pessoa está ligada à outra, é mais fácil ela sentir e perceber a si mesma e as outras pessoas. Os vínculos surgem na convivência, fortalecendo e aprofundando as relações.
No mundo moderno, caracterizado pelo uso frequente das tecnologias de informação e comunicação, os vínculos vão tomando novas formas. Há cada vez menos contato físico e mais virtualidade. A questão é: diante da possibilidade de vínculos físicos, os vínculos virtuais realmente satisfazem? Tiram do isolamento? Curam? Promovem comunhão? Contribuem no fortalecimento da fé, da esperança e do amor?
No texto bíblico de Marcos 2.1-12, cinco amigos, dentre eles um paralítico, buscam a ajuda de Jesus. Nesse caso, o vínculo da amizade foi mais forte do que os obstáculos. Jesus, ao ver a perseverança dos amigos e como eram fortes os vínculos que os uniam em confiança e persistência, afirmou que, devido à grande fé, o paralítico estava curado.
Outro texto bíblico que fala sobre este tema está em Filipenses 2.1-4. Nele, Paulo fala que a união, o vínculo com Cristo, nos fortalece e que seu amor nos anima. Paulo nos convida a viver em união na comunidade, com responsabilidade, compromisso e gratidão. E fazemos isso por causa do exemplo de Cristo, do vínculo que temos com ele e, a partir dele, com as pessoas que são próximas a nós.
O grande perigo que vivemos hoje é o rompimento das relações sociais para viver de forma isolada, livre. Muitas pessoas buscam vínculos virtuais, que podem ser rompidos com um toque no teclado, sem maiores compromissos, apenas para satisfazer necessidades individuais, muitas vezes egoístas. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman fala que a sociedade moderna é a “sociedade líquida” – isso porque os líquidos, diferentemente dos sólidos, facilmente perdem sua forma, movem-se com facilidade, não ficam presos a formas preestabelecidas. Pelo contrário, estão sempre mudando. Ele usa essa comparação para falar da crise que estão sofrendo as sociedades e comunidades cristãs, as quais só existem quando pessoas se unem numa missão, num propósito, num compromisso. É a crise dos vínculos.
Temos um grande desafio: ser igreja, edificar comunidade onde as pessoas não querem mais compromisso com grupos sociais, onde elas querem emancipar-se, sentirem-se livres. Vencer este mal do individualismo só é possível pela fé, oração, amor ao próximo, perdão, vivência em comunidade e estudo da Palavra de Deus, como consequência de estarmos unidos a Jesus Cristo. As pessoas precisam de comunidades para desenvolver e praticar os frutos da fé. As pessoas precisam de um porto seguro diante das ondas do mar da vida. Deus é quem dá o primeiro passo, estabelecendo vínculo com as pessoas, através do batismo, onde gratuitamente, as acolhe e as abraça. No abraço de Deus, somos incluídos na Igreja, onde novos vínculos surgem. E pertencer a uma comunidade cristã significa compromisso com ela. Servir, doar, participar, envolver-se concretamente na vida da comunidade, assim como Cristo se entregou por nós na cruz para que tivéssemos salvação. Ele não deu só um dedo ou uma mão, mas deu sua vida, morreu para que permanecêssemos unidos aqui na terra e também no céu.
Passando a palavra
Como grupo de jovens, confiamos que Deus pode nos ajudar a criar vínculos seguros e duradouros em nossa comunidade, com compromisso, unidade e amor entre todas as pessoas. Pedimos que Deus nos livre de nosso egoísmo e que nos ajude a acolher as outras pessoas como Cristo nos acolheu. Queremos agir para que a tecnologia, que é um importante instrumento de comunicação e trabalho, capaz de criar vínculos, possa ser utilizada com sabedoria em favor da criação e fortalecimento de vínculos afetivos sustentáveis. Que ela sirva para se experimentar comunhão, para ajudar as pessoas a serem curadas de seus medos, solidões, doenças e escravidões. Pedimos que Cristo venha nos socorrer e nos fortalecer na unidade e no amor, por meio da pregação da Palavra e da Santa Ceia. Que assim, unidos e unidas a ele, sejamos protagonistas e testemunhas do seu projeto de vida, onde há amor e paz, justiça e solidariedade, dignidade e pão para todas as pessoas.
Bibliografia:
– SERRÃO, Margarida e BALEEIRO, Maria Clarice. Aprendendo a ser e a conviver. Fundação Odebrecht, 2ª ed. – São Paulo : FTD, 1999.
– http://psicossomatica-rs.org.br/wp-content/uploads/2011/01/ANAISPSICOSSOMATICA.pdf. Os quatro vínculos: amor, ódio, conhecimento e reconhecimento – na psicanálise e em nossas vidas. David E. Zimerman. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Saiba Mais:
Dica de leitura:
– WEBER, Eloir E. Vínculos Comunitários na Atualidade (arquivo Word). Procure por: “vínculos IECLB”. Disponível em: http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&sou
Dicas de filmes:
– Filomena (Philomena). Ano: 2013; Gênero: Drama; Elenco: Judi Dench, Steve Coogan, Sophie K. Clark; EUA, Nacionalidade: França, Reino Unido; Classificação: 12 anos; Duração: 100min. Philomena é uma jovem que tem um bebê, mas é mandada para um convento e não pode levar a criança consigo. A criança então é adotada por um casal norte americano. Após sair do convento, Philomena começa a procurar pelo seu filho. Ela recebe a ajuda de um jornalista chamado Martin. Numa viajem para os Estados Unidos eles descobrem informações importantes sobre a vida do filho de Philomena e desenvolvem um forte vínculo de afinidade.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=deGqt5Mszv4
– Mary e Max – uma amizade diferente. Ano 2009; Gênero: Animação e drama. Nacionalidade: Austrália; Classificação: 12 anos; Duração: 90min.; É uma história de amizade entre duas pessoas muito diferentes: Mary, uma menina solitária, de oito anos, que vive nos subúrbios de Melbourne, e Max, um homem de 44 anos, que mora em Nova York e convive com Síndrome de Asperger. A amizade de Mary e Max sobrevive aos altos e baixos da vida. Este filme aborda questões como a amizade, o autismo, o alcoolismo, a obesidade, a cleptomania, a diferença sexual, a confiança, diferenças religiosas.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=KPULUwu0Wm8
AÇÃO – Fortalecendo nossos vínculos
Leitura Bíblica: Marcos 2.1-12
Neste relato, vemos que o vínculo dos cinco amigos promoveu a superação do sofrimento, da solidão e do isolamento causados pela paralisia e trouxe vida nova e alegria para todos. Converse com o grupo:
– Quais são os tipos de vínculos (físicos/virtuais) que nos unem a outras pessoas?
– Quais são os elementos indispensáveis para o fortalecimento de vínculos afetivos?
– Como os nossos vínculos podem contribuir para a superação da solidão, da dor, do sofrimento?
Dinâmica de integração
– Convide a turma para formar dois círculos, um dentro do outro. Cada pessoa do círculo interno fará par com outra do círculo externo.
– Com os pares frente a frente, faça a primeira pergunta. Diga que cada pessoa tem um minuto para responder; caso termine antes, deve ficar em silêncio e aguardar passar o restante do tempo.
– Depois, peça ao círculo que está no centro que gire para a direita, de maneira que se formem novos pares. Faça a segunda pergunta com o mesmo tempo para as respostas.
– Troque os pares novamente, agora movimentando o círculo externo também para a direita. Faça a terceira pergunta.
– Repita o procedimento para todas as outras perguntas.
1) O que você mais gosta de fazer em seu tempo livre? Por quê?
2) Qual a qualidade que mais aprecia em você mesmo? Por quê?
3) O que você mudaria em si? Por quê?
4) O que, em você, mais atrai as outras pessoas? Por quê?
5) O que mais te atrai nas outras pessoas? Por quê?
6) O que mais te incomoda no comportamento das outras pessoas? Por quê?
– Ao final, formem um grande círculo e conversem sobre como foi essa experiência. Reflitam se ela ajudou a criar e cultivar nossos vínculos. Dialoguem também sobre formas de demonstrar interesse e atenção pelas pessoas em ambientes como a família, a escola, o trabalho.
Dinâmica: Qualidades positivas
Material: canetas, folha de papel (A4 dividida ao meio), fita crepe ou grampos de roupa, som de uma música suave.
Sequência:
– Convide a turma para ler o texto bíblico de Filipenses 2.1-4.
– Depois da leitura, distribua, para cada participante, uma folha de papel e um pedaço de fita crepe ou um grampo de roupa. O papel deve ser colado ou preso nas costas das pessoas. Peça que o grupo se auxilie, formando duplas. Tenha atenção, o papel deve estar bem preso.
– Distribua uma caneta para cada participante e peça para que caminhem lentamente pela sala ou local do encontro. Enquanto caminham (ao som de uma música suave), as pessoas escrevem nas folhas uma característica positiva de cada pessoa. Por exemplo: no papel que a Eliane tem nas costas, eu vou escrever bondosa, porque eu considero que a Eliane é uma pessoa bondosa. Para o Paulo, vou escrever dedicado porque penso que ele é dedicado. Certifique-se de que toda a turma entendeu e dê o sinal para começar.
– Quando todas as pessoas tiverem escrito em todos os papéis, formem um grande círculo. Diga que ainda permaneçam com as folhas presas nas costas. Pergunte: O que vocês acham que as outras pessoas pensam sobre vocês?
– Peça que ajudem uns aos outros para retirar as folhas das costas e compartilhem o que foi escrito. Na sequência, conversem sobre a dinâmica: como foi escrever qualidades das outras pessoas? Como cada um e cada uma se sentiu a respeito das qualidades que lhe foram dadas?
Reflexão: Se julgar adequado, durante ou após a dinâmica, você pode comentar que: Através do texto de Filipenses 2.1-4, podemos entender que o amor de Cristo nos anima a vencermos as dificuldades (Fp 2.1). Este vínculo com Deus, através de Jesus Cristo, se mostra também na forma como nós nos relacionamos com as outras pessoas, na comunidade, na sociedade e no mundo como um todo. Nesse sentido, é importante cultivarmos nossas relações com vínculos de bondade, simpatia, cuidado mútuo, humildade, tolerância, paciência.
Atividade Complementar: Entrevista Comunitária
Converse com o ministro ou a ministra e o presbitério de sua comunidade sobre a possibilidade do grupo de jovens desenvolver e aplicar uma pesquisa junto às pessoas que são membros da comunidade para verificar quais são os vínculos que unem estas pessoas à Comunidade. O grupo pode elaborar um pequeno questionário e aplicá-lo na saída dos cultos e em outras atividades comunitárias. Diante das respostas, o grupo de jovens pode refletir junto com o presbitério o que pode ser feito para manter ou melhorar os vínculos e as relações entre as pessoas da comunidade.
Sugestão de algumas perguntas que podem ser usadas:
– Dados pessoais (opcional): nome, idade, ocupação.
– Como foi sua integração à comunidade (batismo, profissão de fé, transferência, casamento).
– O que faz você se sentir bem na comunidade?
– De quais atividades você participa frequentemente?
– De que forma você acha que a nossa comunidade contribui para a criação de vínculos afetivos e fraternais entre as pessoas?
– Quais são as dificuldades que impedem as pessoas de terem um vínculo mais forte entre si e também com a comunidade? E como superá-las?
– Você tem alguma sugestão para fortalecer os vínculos entre as pessoas na comunidade?
Sobre o autor:
Roni Roberto Balz é pastor da IECLB, cursou Teologia na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS. Graduou-se também em Serviço Social. Reside em Blumenau/SC e atua na Paróquia Bom Pastor – Fidélis.